histmus blog

26/01/2012

Música da Grécia Antiga

Filed under: artigo, Grécia Antiga, períodos / estilos, textos — Tags: — histmus @ 13:10

. artigo extraído da wikipedia em português

. . no original você verá figuras e ligações para outras informações

Música da Grécia Antiga

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A cultura da Grécia antiga (c. séculos VII a I a.C.) contribuiu em larga medida para a origem da presente civilização ocidental. Mas, ao contrário da arquitetura e da escultura, por exemplo, que preservam grande número de exemplares em estado de conservação suficiente para serem bem estudados e compreendidos, a música da Grécia Antiga não pôde manter uma continuidade direta até os dias de hoje, mas não deixou de exercer influência significativa na cultura romana subseqüente, dali se transmitindo à Idade Média através da teoria, com suas escalas, modos e noções de harmonia.

O que hoje subsiste da música daquela época são uma multiplicidade de referências literárias, inúmeras representações visuais de músicos em ação com seus instrumentos, e um sistema teórico, mas das obras propriamente ditas resta apenas um punhado de fragmentos com notação, cujo deciframento exato ainda é objeto de controvérsia.

Origens e uso

A música entre os antigos gregos era um fenômeno de origem divina, e estava ligada à magia e à mitologia, havendo várias histórias míticas relacionadas à origem da música e suas capacidades e funções. Alguns instrumentos e modos era associados especificamente a certas divindades, como o aulos a Dionísio, e a kithara a Apolo. Além disso registros diversos indicam que a música era parte integral da percepção grega de como o seu povo teria vindo à existência e de que continuava a ser regido pelos deuses. Por exemplo, Anfião teria aprendido música com Hermes e teria construído Tebas através do poder do som; Orfeu podia tocar com tamanha doçura que até as feras quedavam absortas; Hermes teria inventado a lira, dada a Apolo em troca do gado que havia dele roubado. O próprio Apolo, depois assumindo o papel de Deus da Música e líder das Musas (das quais Euterpe tutelava a Música), é mencionado em competição com Mársias e Pã. Assim, estando presente em alguns de seus principais mitos, a música invariavelmente era usada nos ritos religiosos, nos Jogos Olímpicos e Pítios, nas festas cívicas, nas atividades de lazer e subsidiando outras formas de arte.

Sistematização

O elemento básico da música grega era o tetracorde, que consistia numa escala de quatro notas descendentes inclusas no intervalo de uma quarta justa, e os intervalos entre as quatro notas, sendo variáveis, definiam as modalidades diatônica, cromática ou enarmônica da peça musical.

O tetracorde cromático era formado por um intervalo de terça menor e dois intervalos de semitom; o tetracorde enarmônico tinha um intervalo de terça maior e dois de quarto-de-tom. O tetracorde diatônico variava de acordo com a posição do semitom, formando os subtipos dórico (semitom na base, de origem grega), frígio (semitom no centro, de origem asiática), e lídio (semitom no alto). A justaposição de dois tetracordes, ao que consta concebida por Terpandro de Lesbos, formava uma harmonia – não no sentido atual de sons simultâneos. Os tetracordes podiam, assim, ser conjuntos ou disjuntos. Se em uma harmonia disjunta se acrescentavam um tetracorde conjunto no topo, um outro também conjunto abaixo, e sob este uma outra nota (proslambanòmenos), criava-se o sistema téleion, ou perfeito, abrangendo duas oitavas inteiras. Com a mudança de oitava dos tetracordes anexos para baixo ou para cima do tetracorde fundamental criavam-se os hipomodos (hipodórico, hipofrígio e hipolídio) ou os hipermodos (hiperdórico, hiperfrígio e hiperlídio).

O grande teórico da música grega antiga foi Pitágoras, considerado o fundador de nosso conhecimento de harmonia musical – a relação física entre as diferentes freqüências sonoras (notas) e o efeito de suas combinações. Também foi ele o sistematizador da associação de cada modo com determinado estado de alma, imbuindo-os de uma ética especial. Por exemplo, o modo dórico era considerado capaz de induzir um estado (ethos) pacífico e positivo, ao passo que o modo frígio era considerado subjetivo e passional, uma sensibilidade hoje em grande parte perdida, mas que pode ser vagamente comparada ao efeito das modernas escalas maior, convencionalmente usada para produzir uma impressão animada e alegre, e menor, usada para descrever estados melancólicos ou introspectivos. Também a ele se deve a análise da música sob a ótica de uma matemática transcendental, relacionando-a à constituição íntima do universo, concebido como uma estrutura criada e sustentada através de relações numéricas perfeitas que produziam a chamada música das esferas, a qual, entretanto, só poderia ser inteligível através do pensamento superior. Daí a ligação da música com a filosofia e a conseqüente codificação de uma série de regras éticas para composição e execução musical, a fim de que a música humana ecoasse a ordem perfeita do cosmo.

O sistema de Pitágoras deve ter sido dominante por algum tempo, a julgar pelo ataque de Platão ao estado de coisas em sua época, que já considerava privado de ordem e sujeito ao juízo de aventureiros que ou desconheciam ou intencionalmente quebravam as regras estabelecidas. Entre estes revolucionários deveria estar Aristóxeno de Taranto, teórico prolífico que defendia o julgamento das consonâncias pelo ouvido e não por razões matemáticas, filosofia que levou modernamente ao sistema de temperamento de escalas. Mas a execução daquilo que soava bem ao ouvido, um ponto de vista considerado mundano e inferior que satisfazia somente aos sentidos físicos, profanava a ética musical estabelecida anteriormente, pois a música era vista não apenas como uma arte inconseqüente, ainda que investida de uma moral, mas era considerada também um poder efetivo por não apenas descrever os vários estados de espírito mas também por ser capaz de produzí-los concretamente nos ouvintes, e assim a violação de suas regras poderia desencadear desordens na sociedade como um todo. Não obstante os protestos dos idealistas, esta época foi marcada pela evolução da arte em direção a um subjetivismo, à forma livre, à elaboração maior da melodia e do ritmo, e ao uso de cromatismos.

Aristóteles continuaria nesta linha mais aberta de apreciação, estabelecendo uma justificativa antropológica para o fenômeno musical baseada no conceito da catarse. Para ele não havia nada de eticamente nocivo na música, pois ela não deveria pretender ser uma realidade, mas sim um modo de purificação das paixões pela sua indução imitativa, homeopática e por fim liberadora, dizendo que Platão confundia a realidade com a imitação da realidade. Na visão de Aristóteles a música era uma espécie de ócio e uma arte liberal e nobre, sendo ao mesmo tempo medicinal e educativa por oferecer às pessoas a oportunidade do confronto com sentimentos específicos, para conhecê-los e posteriormente, na vida real, poderem ser capazes de escolher os que fossem adequados.

Prática

A música grega mais antiga não deixou qualquer registro. As primeiras menções se encontram na era Homérica, quando já havia uma considerável cultura musical nacional em pleno florescimento, baseada principalmente na récita de poesia acompanhada com instrumentos, do qual o mais comum era a Fórminx, uma espécie de lira.

As descrições sugerem que a música grega era basicamente monódica, e no máximo heterofônica. É uma asserção geralmente aceita a de que a harmonia, como hoje é entendida – uma organização do tecido sonoro em camadas com várias notas soando simultâneas em acordes – é invenção mais recente, datando da Idade Média. Mesmo assim, alguns registros fazem crer que pelo menos em algumas ocasiões havia música realmente harmônica, ainda que isso fosse considerado uma técnica avançada e nem sempre adequada.

No século VI a.C. o coro passou a ter importante papel em eventos públicos, religiosos ou laicos, e a lírica coral se tornou um gênero autônomo, elaborando tipos definidos de composição para cada ocasião. Assim, eram entoados ditirambos em honra a Dionísio, peãs para Apolo, epitalâmios nos casamentos, trenodias nos funerais, partênios como canto de jovens, hinos em louvações variadas, e epínicos para os vencedores dos Jogos. Todas estas formas dependiam diretamente da estrutura e ritmo da poesia, e a origem do teatro grego está na evolução dos ditirambos cantados.

O ritmo

A teoria do ritmo recebeu grande atenção dos gregos antigos, comparável ao interesse contemporâneo por este aspecto da música, estando intimamente ligado à composição poética. O primeiro tempo, base do sistema, era definido pela nota breve (U), que duplicada formava a longa (-). A combinação de breves e longas gerava ritmos básicos, chamados de pés, análogos aos tempos modernos. Havia assim o iambo (U-), o troqueu (-U), o tríbraco (UUU), o dáctilo (-UU), o anapesto (UU-), e diversos outros.

A justaposição de pés diversos formava os metros, e vários metros compunham uma frase ou kôlon. Por sua vez as frases de agrupavam em períodos e os períodos em estrofes, ordinariamente seguidas de uma reprise (antístrofe) e de um final (epodo), havendo grande minúcia na regulação das normas para uso adequado de cada espécie de composição.

Notação e obras

A notação musical grega foi elaborada apenas no século IV a.C., e servia principalmente para auxílio mnemônico privado dos músicos profissionais. Havia dois tipos de notação: a vocal, que utilizava letras do alfabeto grego maiúsculo, e a instrumental, empregando sinais do alfabeto fenício em posições variáveis. Além disso outros sinais como pontos e traços eram adicionados para significar modificações.

Atualmente sobrevivem apenas poucos fragmentos de obras musicais da antigüidade, e apenas uma peça é completa, o breve Epitáfio de Seikilos. A maior parte dos fragmentos data dos séculos II e III a.C. O mais antigo é do século V a.C., com só poucas notas inscritas em uma cópia da tragédia Orestes, de Eurípides. Apesar de sua aparente simplicidade, o sistema notacional grego ainda não foi plenamente decifrado, e tudo o que se pode hoje reconstituir para execução prática é em base conjetural.

Instrumental

Alguns instrumentos se tornaram tradicionais:

▪ A lira, um instrumento de cordas tangidas afinadas segundo as notas de um dos modos, e fixadas em um arcabouço formado com o casco de tartaruga. Era usada como acompanhamento para recitativos e canções.

▪ A kithara, também um instrumento de cordas, mais complexo que a lira, possuindo uma caixa de ressonância. As cordas era tocadas com um plectro e podiam ser afinadas em diferentes alturas.

▪ O aulos, usualmente duplo (Diaulos), sendo uma espécie de flauta com palheta, possivelmente produzindo uma sonoridade similar à do oboé ou clarinete.

▪ A flauta de Pã, também conhecida como Syrinx, constituída de uma série de tubos fixos juntos, de comprimentos diferentes, através dos quais o ar era soprado pela extremidade superior.

▪ O hidraulos, um instrumento de teclado, precursor do órgão moderno. Empregava água sob pressão para produzir som através de movimento do ar nos tubos.

Há ainda registro de muitos outros instrumentos, como a concha marinha perfurada, um tipo de trompete (Salpinx), uma flauta transversal chamada Photinx, címbalos, sistros e tambores, e diversos mais.

Ver também

Epitáfio de Seikilos

Rapsodo

Aedo

Ritmo no poema

Métrica

Ligações externas

Descrição de instrumentos e outras informações

Ancient Greek music Academia de Ciências da Áustria. Gravações de fragmentos musicais e instrumentos antigos.

11/03/2011

Beethoven : biografia em português

. neste blog você poderá encontrar a referência de um bom livro sobre Beethoven em português: basta ir à página bibliografia em português

. . o artigo abaixo foi extraído da Wikipedia, the free encyclopedia em português

. . . este artigo está mais completo em inglês também publicado neste blog

 

* * *

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Beethoven (AFI? [ˈluːt.vɪç fan ˈbeːt.hoːfən]Bonn, batizado em 17 de dezembro de 1770[1] — Viena26 de março de 1827) foi um compositor alemão, do período de transição entre o Classicismo (século XVIII) e oRomantismo (século XIX). É considerado um dos pilares da música ocidental, pelo incontestável desenvolvimento, tanto da linguagem, como do conteúdo musical demonstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compositores mais respeitados e mais influentes de todos os tempos. “O resumo de sua obra é a liberdade,” observou o crítico alemão Paul Bekker (1882-1937), “a liberdade política, a liberdade artística do indivíduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida”.

Biografia

Família

Beethoven foi batizado em 17 de Dezembro de 1770, tendo nascido presumivelmente no dia anterior, na Renânia do Norte (Alemanha). Sua família era de origem flamenga, cujo sobrenome significava horta de beterrabas e no qual a partícula van não indicava nobreza alguma.[2] Seu avô, Lodewijk van Beethoven – também chamado Luís na tradução -, de quem herdou o nome, nasceu na Antuérpia, em 1712, e emigrou para Bonn, onde foi maestro de capela do príncipe eleitor. Descendia de artistas, pintores e escultores, era músico e foi nomeado regente da Capela Arquiepiscopal na corte da cidade de Colónia. Na mesma capela, seu filho, o pai de Ludwig, era tenor e também leccionava. Foi dele que Beethoven recebeu as suas primeiras lições de música, o qual o pretendeu afirmar como menino prodígio ao piano, tal seria a facilidade demonstrada desde muito cedo para tal. Por isso o obrigava a estudar música todos os dias, durante muitas horas, desde os cinco anos de idade. No entanto, seu pai terminou consumido pelo álcool, pelo que a sua infância se manifestou como infeliz, por isso.

Sua mãe, Maria Magdalena Kewerich (17461787), era filha do chefe de cozinha do príncipe da RenâniaJohann Heinrich Keverich. Casou-se duas vezes. O primeiro marido foi Johann Leym (17331765). Tiveram apenas um filho,Johann Peter Anton, que nasceu e morreu em 1764. Depois da morte do marido, Magdalena, viúva, casou-se comJohann van Beethoven (17401792). Tiveram sete filhos: o primeiro, Ludwig Maria, que nasceu e morreu no ano de1769; o segundo Ludwig van Beethoven (17701827), o compositor, que morreu com 57 anos; o terceiro, Kaspar Anton Carl van Beethoven (17741815) que também tinha dotes para a música e que morreu com 41 anos; o quarto,Nicolaus Johann van Beethoven (17761848), que se tornou muito rico, graças à indústria farmacêutica, e que morreu com 72 anos; a quinta, Anna Maria, que nasceu e morreu em 1779; o sexto, Franz Georg (17811783), que morreu com dois anos de idade e a sétima, Maria Magdalena (17861787), que morreu com apenas um ano de idade. Portanto, Beethoven – que foi o terceiro filho da sua mãe e o segundo do seu pai – teve seis irmãos, quatro dos quais morreram na infância. Quanto aos irmãos vivos, Beethoven foi o primeiro, Kaspar foi o segundo e Nicolaus o terceiro.

Início de carreira

Ludwig nunca teve estudos muito aprofundados, mas sempre revelou um talento excepcional para a música. Com apenas oito anos de idade, foi confiado a Christian Gottlob Neefe (17481798), o melhor mestre de cravo da cidade,[3] que lhe deu uma formação musical sistemática, e lhe deu a conhecer os grandes mestres alemães da música. Numa carta publicada em 1780, pela mão de seu mestre, afirmava que seu discípulo, de dez anos, dominava todo o repertório de Johann Sebastian Bach, e que o apresentava como um segundo Mozart. Compôs as suas primeiras peças aos onze anos de idade, iniciando a sua carreira de compositor, de onde se destacam alguns Lieder. Os seus progressos foram de tal forma notáveis que, em 1784, já era organista-assistente da Capela Eleitoral, e pouco tempo depois, foi violoncelista na orquestra da corte e professor, assumindo já a chefia da família, devido à doença do pai – alcoolismo. Foi neste ano que conheceu um jovem Conde de Waldstein, a quem mais tarde dedicou algumas das suas obras, pela sua amizade. Este, percebendo o seu grande talento, enviou-o, em 1787, para Viena, a fim de ir estudar comJoseph Haydn. O Arquiduque de Áustria, Maximiliano, subsidiou então os seus estudos. No entanto, teve que regressar pouco tempo depois, assistindo à morte de sua mãe. A partir daí, Ludwig, com apenas dezessete anos de idade, teve que lutar contra dificuldades financeiras, já que seu pai tinha perdido o emprego, devido ao seu já elevado grau de alcoolismo.

Foi o regresso de Viena que o motivou a um curso de literatura. Foi aí que teve o seu primeiro contacto com Ideais da Revolução Francesa, com o Iluminismo e com um movimento literário românticoSturm und Drang – Tempestade e Ímpeto/Paixão;[4] dos quais, um dos seus melhores amigos, Friedrich Schiller, foi, juntamente com Johann Wolfgang von Goethe, dos líderes mais proeminentes deste movimento, que teria uma enorme influência em todos os setores culturais na Alemanha.

Viena

Em 1792, já com 21 anos de idade, muda-se para Viena onde, afora algumas viagens, permanecerá para o resto da vida. Foi imediatamente aceito como aluno por Joseph Haydn, o qual manteve o contacto à primeira estadia de Ludwig na cidade. Procura então complementar mais os seus estudos, o que o leva a ter aulas com Antonio Salieri, com Foerster e Albrechtsberger, que era maestro de capela na Catedral de Santo Estêvão. Tornou-se então um pianista virtuoso, cultivando admiradores, os quais muitos da aristocracia. Começou então a publicar as suas obras (17931795). O seu Opus 1 é uma colecção de 3 Trios para PianoViolino eVioloncelo. Afirmando uma sólida reputação como pianista, compôs suas primeiras obras-primas: as Três Sonatas para Piano Op.2 (17941795). Estas mostravam já a sua forte personalidade.

Surdez em Viena

Foi em Viena que lhe surgiram os primeiros sintomas da sua grande tragédia. Foi-lhe diagnosticado, por volta de 1796, tinha Ludwig os seus 26 anos de idade, a congestão dos centros auditivos internos, o que lhe transtornou bastante o espírito, levando-o a isolar-se e a grandes depressões.

Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.

— Ludwig van Beethoven, inTestamento de Heilingenstadt, a6 de Outubro de1802

Consultou vários médicos, inclusive o médico da corte de Viena. Fez curativos, realizou balneoterapia, usou cornetas acústicas, mudou de ares; mas os seus ouvidos permaneciam arrolhados. Desesperado, entrou em profunda crise depressiva e pensou em suicidar-se.

Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou!

— Ludwig van Beethoven, inTestamento de Heilingenstadt, a 6 de Outubro de1802

Embora tenha feito muitas tentativas para se tratar, durante os anos seguintes, a doença continuou a progredir e, aos 46 anos de idade (1816), estava praticamente surdo. Porém, ao contrário do que muitos pensam, Ludwig jamais perdeu a audição por completo, muito embora nos seus últimos anos de vida a tivesse perdido, condições que não o impediram de acompanhar uma apresentação musical ou de perceber nuances timbrísticas.

O génio

No entanto, o seu verdadeiro génio só foi realmente revisado com a publicação das suas Op. 7 e Op. 10, entre 1796 e1798: a sua Quarta Sonata para Piano em Mi Maior, e as suas Quinta em Dó MenorSexta em Fá MaiorSétima em Ré Maior Sonatas para Piano.

Em 2 de Abril de 1800, a sua Sinfonia nº1 em Dó maior, Op. 21 faz a sua estreia em Viena. Porém, no ano seguinte, confessa aos amigos que não está satisfeito com o que tinha composto até então, e que tinha decidido seguir um novo caminho. Em 1802, escreve o seu testamento, mais tarde revisto como Testamento de Heilingenstadt, por ter sido escrito na localidade austríaca de Heilingenstadt, então subúrbio de Viena, dirigido aos seus dois irmãos vivos: Kaspar Anton Carl van Beethoven (17741815) e Nicolaus Johann van Beethoven (17761848).

Finalmente, entre 18021804, começa a trilhar aquele novo caminho que ambiciona, com a apresentação de Sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, Op.55, intitulada de Eróica. Uma obra sem precedentes na história da música sinfônica, considerada o início do período Romântico, na Música Erudita. Os anos seguintes à Eroica foram de extraordinária fertilidade criativa, e viram surgir numerosas obras-primas: a Sonata para Piano nº 21 em Dó maior, Op.53, intitulada de Waldstein, entre 18031804); a Sonata para Piano nº 23 em Fá menor, Op.57, intitulada de Appassionata, entre 18041805; oConcerto para Piano nº 4 em Sol Maior, Op.58, em 1806; os Três Quartetos de Cordas, Op.59, intitulados de Razumovsky, em 1806; a Sinfonia nº 4 em Si bemol Maior, Op.60, também em 1806; o Concerto para Violino em Ré Maior, Op.61, entre 18061807; a Sinfonia nº 5 em Dó Menor, Op.67, entre 1807 e1808; a Sinfonia nº 6 em Fá maior, Op.68, intitulada de Pastoral, também entre 18071808; a Ópera Fidelio, Op.72, cuja versão definitiva data de 1814; e oConcerto para Piano nº 5 em Mi bemol Maior, Op.73, intitulado de Imperador, em 1809.

Ludwig escreveu ainda uma Abertura, música destinada a ilustrar uma peça teatral, uma tragédia em cinco actos de GoetheEgmont. E muito se conta do encontro entre Johann Wolfgang von Goethe e Ludwig van Beethoven.

“Uma criatura completamente indomável.”

— ”’Johann Wolfgang von Goethe, sobre Ludwig van Beethoven’

Crise criativa

Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimoniais e problemas com a custódia do sobrinho levaram-no a uma crise criativa, que faria com que durante esses anos ele escrevesse poucas obras importantes.

Neste espaço de tempo, escreve a Sinfonia nº 7 em Lá Maior, Op.92, entre 18111812, a Sinfonia nº 8 em Fá Maior, Op.93, em 1812, e o Quarteto em Fá Menor, Op.95, intitulado de Serioso, em 1810.

A partir de 1818, Ludwig, aparentemente recuperado, passou a compor mais lentamente, mas com um vigor renovado. Surgem então algumas de suas maiores obras: a Sonata nº 29 em Si bemol Maior, Op.106, intitulada de Hammerklavier, entre 18171818; a Sonata nº 30 em Mi Maior, Op.109 (1820); a Sonata nº 31 em Lá bemol Maior, Op.110 (18201821); a Sonata nº 32 em Dó Menor, Op.111(18201822); as Variações Diabelli, Op.120 (1819.1823), a Missa Solemnis, Op.123 (18181822).

Derradeiros anos

A culminância destes anos foi a Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125 (18221824), para muitos a sua maior obra-prima. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia. O texto é uma adaptação do poema de Friedrich Schiller, “Ode à Alegria”, feita pelo próprio Ludwig van Beethoven.

Alegria bebem todos os seres
No seio da Natureza:
Todos os bons, todos os maus,
Seguem seu rastro de rosas.
Ela nos deu beijos e vinho e
Um amigo leal até à morte;
Deu força para a vida aos mais humildes
E ao querubim que se ergue diante de Deus!

— parte do verso da Ode à Alegria, de Friedrich Schiller, utilizado por Ludwig van Beethoven.

A obra de Beethoven refletiu em um avivamento cultural. Conforme o historiador Paul Johnson, “Existia uma nova fé e Beethoven era o seu profeta. Não foi por acidente que, aproximadamente na mesma época, as novas casas de espetáculo recebiam fachadas parecidas com as dos templos, exaltando assim o status moral e cultural da sinfonia e da música de câmara.”

Os anos finais de Ludwig foram dedicados quase exclusivamente à composição de Quartetos para Cordas. Foi nesse meio que ele produziu algumas de suas mais profundas e visionárias obras, como o Quarteto em Mi bemol Maior, Op.127 (18221825); o Quarteto em Si bemol Maior, Op.130 (18251826); oQuarteto em Dó sustenido Menor, Op.131 (1826); o Quarteto em Lá Menor, Op.132 (1825); a Grande Fuga, Op.133 (1825), que na época criou bastante indignação, pela sua realidade praticamente abstrata; e o Quarteto em Fá Maior, Op.135 (1826).

De 1816 até 1827, ano da sua morte, ainda conseguiu compor cerca de 44 obras musicais. Sua influência na história da música foi imensa. Ao morrer, a 26 de Março de 1827, estava a trabalhar numa nova sinfonia, assim como projectava escrever um Requiem. Ao contrário de Mozart, que foi enterrado anonimamente em uma vala comum (o que era o costume na época), 20.000 cidadãos vienenses enfileiraram-se nas ruas para o funeral de Beethoven, em 29 de março de 1827. Franz Schubert, que morreu no ano seguinte e foi enterrado ao lado de Beethoven, foi um dos portadores da tocha. Depois de uma missa de réquiem na igreja da Santíssima Trindade (Dreifaltigkeitskirche), Beethoven foi enterrado no cemitério Währing, a noroeste de Viena. Seus restos mortais foram exumados para estudo, em 1862, sendo transferidos em 1888 para o Cemitério Central de Viena.[5]

Há controvérsias sobre a causa da morte de Beethoven, sendo citados cirrose alcoólicasífilishepatite infecciosaenvenenamentosarcoidosedoença de Whipple.[6] [7] Amigos e visitantes, antes e após a sua morte haviam cortado cachos de seus cabelos, alguns dos quais foram preservadas e submetidos a análises adicionais, assim como fragmentos do crânio removido durante a exumação em 1862.[8] Algumas dessas análises têm levado a afirmações controversas de que Beethoven foi acidentalmente levado à morte por envenenamento devido a doses excessivas de chumbo à base de tratamentos administrados sob as instruções do seu médico.[9][10][11]

Vida artística, síntese

A sua vida artística poderá ser dividida – o que é tradicionalmente aceitado desde o estudo, publicado em 1854, de Wilhelm von Lenz – em três fases: a mudança para Viena, em 1792, quando alcança a fama de brilhantíssimo improvisador ao piano; por volta de 1794, se inicia a redução da sua acuidade auditiva, fato que o leva a pensar em suicídio; os últimos dez anos de sua vida, quando fica praticamente surdo, e passa a escrever obras de carácter maisabstrato.

Em 1801, Beethoven afirma não estar satisfeito com o que compôs até então, decidindo tomar um “novo caminho”. Dois anos depois, em 1803, surge o grande fruto desse “novo caminho”: a sinfonia nº3 em Mi bemol Maior, apelidada de “Eroica“, cuja dedicatória a Napoleão Bonaparte foi retirada com alguma polémica. A sinfonia Eroica era duas vezes mais longa que qualquer sinfonia escrita até então.

Em 1808, surge a Sinfonia nº5 em Dó menor (sua tonalidade preferida), cujo famoso tema da abertura foi considerado por muitos como uma evidência da sua loucura.

Em 1814, na segunda fase, Beethoven já era reconhecido como o maior compositor do século.[carece de fontes]

Em 1824, surge a Sinfonia nº9 em Ré Menor. Pela primeira vez na história da música, é inserido um coral numa sinfonia, inserida a voz humana como exaltação dionisíaca da fraternidade universal, com o apelo à aliança entre as artes irmãs: a poesia e a música.

Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de Beethoven a música nunca mais foi a mesma[carece de fontes]. As suas composições eram criadas sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela liberdade de expressão. Foi sempre condicionado pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários[carece de fontes]. Inaugura, portanto, a tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem estar vinculado a um príncipe ou a um nobre. Hoje em dia muitos críticos o consideram como o maior compositor do século XIX, a quem se deve a inauguração do período Romântico, enquanto que outros o distinguem como um dos poucos homens que merecem a adjetivação de “génio”.

Curiosidades

Seções de curiosidades são desencorajadas pelas políticas da Wikipédia.
Este artigo pode ser melhorado, integrando ao texto os itens relevantes e removendo os supérfluos ou impróprios.
  • Ludwig era canhoto[12] e devido à sua tez morena e cabelos muito negros, tratavam-no de “o espanhol”.
  • Dentre seus problemas de saúde, ficou com o rosto marcado pela varíola.
  • Otto Maria Carpeaux, na sua obra Uma Nova História da Música, afirma que Ludwig assistiu à primeira apresentação pública da sua 9ª Sinfonia, ao lado de Umlauf, que a regeu – como ficou registrado por Schindler e mais tarde por Grove -, mas abstraído na leitura da partitura, não pôde perceber que estava sendo ovacionado até que Umlauf, tocando no seu braço, voltou a sua atenção à sala, e então Beethoven inclinou-se diante do público que o aplaudia.
  • Hans von Bülow refere-se a Beethoven como um dos “três Bs da música” (os outros dois seriam BachBrahms), considerando as suas 32 sonatas para piano como o Novo Testamento da música.
  • Existem especulações históricas sobre um provável encontro entre Beethoven e Wolfgang Amadeus Mozart, mas não existe nenhum facto histórico que possa comprovar esta hipótese.

 

• • • • •

 

10/03/2011

Beethoven : biografia em inglês

. textos e links sobre Beethoven

. . neste blog você poderá encontrar a referência de um bom livro sobre Beethoven em português: basta ir à página bibliografia em português

. . . o artigo abaixo foi extraído da Wikipedia, the free encyclopedia em inglês

. . . . para quem não lê inglês, acesse a tradução pelo google

. . . . . este artigo em inglês está mais completo do que a versão em português também publicada neste blog


* * *

Ludwig van Beethoven
From Wikipedia, the free encyclopedia
Ludwig van Beethoven[1] (baptized 17 December 1770[2]–26 March 1827) was a German[3] composer and pianist. The crucial figure in the transition between the Classical and Romantic eras in Western art music, he remains one of the most famous and influential composers of all time.

Born in Bonn, then the capital of the Electorate of Cologne and part of the Holy Roman Empire of the German Nation in present-day Germany, Beethoven moved to Vienna in his early 20s, studying with Joseph Haydn and quickly gaining a reputation as a virtuoso pianist. His hearing began to deteriorate in the late 1790s, yet he continued to compose, conduct, and perform, even after becoming completely deaf.


Biography

Background and early life

Beethoven was the grandson of a musician of Flemish origin named Lodewijk van Beethoven (1712–73).[3] Beethoven was named after his grandfather, as Lodewijk is theDutch cognate of Ludwig. Beethoven’s grandfather was employed as a bass singer at the court of the Elector of Cologne, rising to become Kapellmeister (music director). He had one son, Johann van Beethoven (1740–1792), who worked as a tenor in the same musical establishment, also giving lessons on piano and violin to supplement his income.[3] Johann married Maria Magdalena Keverich in 1767; she was the daughter of Johann Heinrich Keverich, who had been the head chef at the court of the Archbishopric of Trier.[4]

Beethoven was born of this marriage in Bonn. There is no authentic record of his birthday; however, the registry of his baptism, in a Roman Catholic service at the Parish of St. Regius on 17 December, 1770, survives.[5] As children of that era were traditionally baptised the day after birth in the Catholic Rhine country, and it is known that Beethoven’s family and his teacherJohann Albrechtsberger celebrated his birthday on 16 December, most scholars accept 16 December, 1770 as Beethoven’s date of birth.[6][7] Of the seven children born to Johann van Beethoven, only the second-born, Ludwig, and two younger brothers survived infancy. Caspar Anton Carl was born on 8 April 1774, and Nikolaus Johann, the youngest, was born on 2 October 1776.[8]

Beethoven’s first music teacher was his father. Tradition has it that Johann van Beethoven was a harsh instructor, and that the child Beethoven, “made to stand at the keyboard, was often in tears.”[3] However, the Grove Dictionary of Music and Musiciansclaimed that no solid documentation supported this, and asserted that “speculation and myth-making have both been productive.”[3] Beethoven had other local teachers: the court organist Gilles van den Eeden (d. 1782), Tobias Friedrich Pfeiffer (a family friend, who taught Beethoven piano), and a relative, Franz Rovantini (violin and viola).[3] His musical talent manifested itself early. Johann, aware of Leopold Mozart‘s successes in this area (with son Wolfgang and daughter Nannerl), attempted to exploit his son as a child prodigy, claiming that Beethoven was six (he was seven) on the posters for Beethoven’s first public performance in March 1778.[9]

Some time after 1779, Beethoven began his studies with his most important teacher in Bonn, Christian Gottlob Neefe, who was appointed the Court’s Organist in that year.[10] Neefe taught Beethoven composition, and byMarch 1783 had helped him write his first published composition: a set of keyboard variations (WoO 63).[8] Beethoven soon began working with Neefe as assistant organist, first on an unpaid basis (1781), and then as paid employee (1784) of the court chapel conducted by the Kapellmeister Andrea Luchesi. His first three piano sonatas, named “Kurfürst” (“Elector”) for their dedication to the Elector Maximilian Frederick, were published in 1783. Maximilian Frederick, who died in 1784, not long after Beethoven’s appointment as assistant organist, had noticed Beethoven’s talent early, and had subsidised and encouraged the young man’s musical studies.[11]

Maximilian Frederick’s successor as the Elector of Bonn was Maximilian Franz, the youngest son of Empress Maria Theresa of Austria, and he brought notable changes to Bonn. Echoing changes made in Vienna by his brother Joseph, he introduced reforms based on Enlightenment philosophy, with increased support for education and the arts. The teenage Beethoven was almost certainly influenced by these changes. He may also have been influenced at this time by ideas prominent infreemasonry, as Neefe and others around Beethoven were members of the local chapter of the Order of the Illuminati.[12]

In March 1787 Beethoven traveled to Vienna (possibly at another’s expense) for the first time, apparently in the hope of studying with Mozart. The details of their relationship are uncertain, including whether or not they actually met.[13] After just two weeks there Beethoven learned that his mother was severely ill, and returned home. His mother died shortly thereafter, and the father lapsed deeper into alcoholism. As a result, Beethoven became responsible for the care of his two younger brothers, and he spent the next five years in Bonn.[14]

Beethoven was introduced to several people who became important in his life in these years. Franz Wegeler, a young medical student, introduced him to the von Breuning family (one of whose daughters Wegeler eventually married). Beethoven was often at the von Breuning household, where he was exposed to German and classical literature, and where he also taught piano to some of the children. The von Breuning family environment was also less stressful than his own, which was increasingly dominated by his father’s decline.[15] Beethoven came to the attention of Count Ferdinand von Waldstein, who became a lifelong friend and financial supporter.[16]

In 1789 Beethoven obtained a legal order by which half of his father’s salary was paid directly to him for support of the family.[17] He also contributed further to the family’s income by playing viola in the court orchestra. This familiarised Beethoven with a variety of operas, including three of Mozart‘s operas performed at court in this period. He also befriended Anton Reicha, a flautist and violinist of about his own age who was the conductor’s nephew.[18]

Establishing his career in Vienna

With the Elector’s help, Beethoven moved to Vienna in 1792.[19] He was probably first introduced to Joseph Haydn in late 1790, when the latter was traveling to London and stopped in Bonn around Christmas time.[20] They met in Bonn on Haydn’s return trip from London to Vienna in July 1792, and it is likely that arrangements were made at that time for Beethoven to study with the old master.[21] In the intervening years, Beethoven composed a significant number of works (none were published at the time, and most are now listed as works without opus) that demonstrated his growing range and maturity. Musicologistsidentified a theme similar to those of his third symphony in a set of variations written in 1791.[22] Beethoven left Bonn for Vienna in November 1792, amid rumors of war spilling out of France, and learned shortly after his arrival that his father had died.[23][24] Count Waldstein in his farewell note to Beethoven wrote: “Through uninterrupted diligence you will receive Mozart’s spirit through Haydn’s hands.”[24] Beethoven responded to the widespread feeling that he was a successor to the recently deceased Mozart over the next few years by studying that master’s work and writing works with a distinctly Mozartean flavor.[25]

Beethoven did not immediately set out to establish himself as a composer, but rather devoted himself to study and performance. Working under Haydn’s direction,[26] he sought to master counterpoint. He also studied violin under Ignaz Schuppanzigh.[27] Early in this period, he also began receiving occasional instruction from Antonio Salieri, primarily in Italian vocal composition style; this relationship persisted until at least 1802, and possibly 1809.[28] With Haydn’s departure for England in 1794, Beethoven was expected by the Elector to return home. He chose instead to remain in Vienna, continuing his instruction in counterpoint with Johann Albrechtsberger and other teachers. Although his stipend from the Elector expired, a number of Viennese noblemen had already recognised his ability and offered him financial support, among them Prince Joseph Franz LobkowitzPrince Karl Lichnowsky, and Baron Gottfried van Swieten.[29]

By 1793, Beethoven established a reputation as an improviser in the salons of the nobility, often playing the preludes andfugues of J. S. Bach‘s Well-Tempered Clavier.[30] His friend Nikolaus Simrock had begun publishing his compositions; the first are believed to be a set of variations (WoO 66).[31] By 1793, he had established a reputation in Vienna as a piano virtuoso, but he apparently withheld works from publication so that their publication in 1795 would have greater impact.[29] Beethoven’s first public performance in Vienna was in March 1795, a concert in which he debuted a piano concerto. It is uncertain whether this was the First or Second. Documentary evidence is unclear, and both concertos were in a similar state of near-completion (neither was completed or published for several years).[32][33] Shortly after this performance, he arranged for the publication of the first of his compositions to which he assigned an opus number, the piano trios of Opus 1. These works were dedicated to his patron Prince Lichnowsky,[32] and were a financial success; Beethoven’s profits were nearly sufficient to cover his living expenses for a year.[34]

Musical maturity

Between 1798 and 1802 Beethoven tackled what he considered the pinnacles of composition: the string quartet and the symphony. With the composition of hisfirst six string quartets (Op. 18) between 1798 and 1800 (written on commission for, and dedicated to, Prince Lobkowitz), and their publication in 1801, along with premieres of the First and Second Symphonies in 1800 and 1802, Beethoven was justifiably considered one of the most important of a generation of young composers following Haydn and Mozart. He continued to write in other forms, turning out widely known piano sonatas like the “Pathétique” sonata (Op. 13), which Cooper describes as “surpass[ing] any of his previous compositions, in strength of character, depth of emotion, level of originality, and ingenuity of motivic and tonal manipulation.”[35] He also completed his Septet (Op. 20) in 1799, which was one of his most popular works during his lifetime.

For the premiere of his First Symphony, Beethoven hired the Burgtheater on 2 April 1800, and staged an extensive program of music, including works by Haydn and Mozart, as well as the Septet, the First Symphony, and one of his piano concertos (the latter three works all then unpublished). The concert, which the Allgemeine musikalische Zeitung described as “the most interesting concert in a long time,” was not without difficulties; among other criticisms was that “the players did not bother to pay any attention to the soloist.”[36]

While Mozart and Haydn were undeniable influences (for example, Beethoven’s quintet for piano and winds is said to bear a strong resemblance to Mozart’s work for the same configuration, albeit with his own distinctive touches),[37] other composers like Muzio Clementi were also stylistic influences[citation needed]. Beethoven’s melodies, musical development, use of modulation and texture, and characterization of emotion all set him apart from his influences, and heightened the impact some of his early works made when they were first published.[38] By the end of 1800 Beethoven and his music were already much in demand from patrons and publishers.[39]

In May of 1799, Beethoven taught piano to the daughters of Hungarian Countess Anna Brunsvik. While this round of lessons lasted less than one month, Beethoven formed a relationship with the older daughter Josephine that has been the subject of speculation ever since. Shortly after these lessons, she married Count Josef Deym. Beethoven was a regular visitor at their house, teaching and playing at parties. While her marriage was by all accounts unhappy, the couple had four children, and her relationship with Beethoven did not intensify until after Deym died in 1804.[40]

Beethoven had few other students. From 1801 to 1805, he tutored Ferdinand Ries, who went on to become a composer and later wrote Beethoven remembered, a book about their encounters. The young Carl Czerny studied with Beethoven from 1801 to 1803. Czerny went on to become a renowned music teacher himself, instructing Franz Liszt, and gave the Vienna premiere of Beethoven’s fifth piano concerto (the “Emperor”) in 1812.[citation needed]}

Beethoven’s compositions between 1800 and 1802 were dominated by two works, although he continued to produce smaller works, including the Moonlight Sonata. In the spring of 1801 he completed The Creatures of Prometheus, a ballet. The work received numerous performances in 1801 and 1802, and Beethoven rushed to publish a piano arrangement to capitalise on its early popularity.[41] In the spring of 1802 he completed the Second Symphony, intended for performance at a concert that was ultimately canceled. The symphony received its premiere at a subscription concert in April 1803 at the Theater an der Wien, where Beethoven had been appointed composer in residence. In addition to the Second Symphony, the concert also featured the First Symphony, the Third Piano Concerto, and the oratorio Christ on the Mount of Olives. While reviews were mixed, the concert was a financial success; Beethoven was able to charge three times the cost of a typical concert ticket.[42]

Beethoven’s business dealings with publishers also began to improve in 1802 when his brother Carl, who had previously assisted him more casually, began to assume a larger role in the management of his affairs. In addition to negotiating higher prices for recently composed works, Carl also began selling some of Beethoven’s earlier unpublished works, and encouraged Beethoven (against the latter’s preference) to also make arrangements and transcriptions of his more popular works for other instrument combinations. Beethoven acceded to these requests, as he could not prevent publishers from hiring others to do similar arrangements of his works.[43]

Loss of hearing

Around 1796, Beethoven began to lose his hearing.[44] He suffered a severe form of tinnitus, a “ringing” in his ears that made it hard for him to perceive and appreciate music; he also avoided conversation. The cause of Beethoven’s deafness is unknown, but it has variously been attributed to syphilislead poisoning,typhusauto-immune disorder (such as systemic lupus erythematosus), and even his habit of immersing his head in cold water to stay awake. The explanation, from the autopsy of the time, is that he had a “distended inner ear” which developed lesions over time. Because of the high levels of lead found in samples of Beethoven’s hair, that hypothesis has been extensively analyzed. While the likelihood of lead poisoning is very high, the deafness associated with it seldom takes the form that Beethoven exhibited.[citation needed]

As early as 1801, Beethoven wrote to friends describing his symptoms and the difficulties they caused in both professional and social settings (although it is likely some of his close friends were already aware of the problems).[45] Beethoven, on the advice of his doctor, lived in the small Austrian town of Heiligenstadt, just outside Vienna, from April to October 1802 in an attempt to come to terms with his condition. There he wrote his Heiligenstadt Testament, a letter to his brothers which records his thoughts of suicide due to his growing deafness and records his resolution to continue living for and through his art.[46] Over time, his hearing loss became profound: there is a well-attested story that, at the end of the premiere of his Ninth Symphony, he had to be turned around to see the tumultuous applause of the audience; hearing nothing, he wept.[47] Beethoven’s hearing loss did not prevent his composing music, but it made playing at concerts—a lucrative source of income—increasingly difficult. After a failed attempt in 1811 to perform his own Piano Concerto No. 5 (the “Emperor”), which was premiered by his student Carl Czerny, he never performed in public again.

A large collection of Beethoven’s hearing aids such as a special ear horn can be viewed at the Beethoven House Museum in Bonn, Germany. Despite his obvious distress, Carl Czerny remarked that Beethoven could still hear speech and music normally until 1812.[48] By 1814 however, Beethoven was almost totally deaf, and when a group of visitors saw him play a loud arpeggio of thundering bass notes at his piano remarking, “Ist es nicht schön?” (Is it not beautiful?), they felt deep sympathy considering his courage and sense of humor (he lost the ability to hear higher frequencies first).[49]

As a result of Beethoven’s hearing loss, a unique historical record has been preserved: his conversation books. Used primarily in the last ten or so years of his life, his friends wrote in these books so that he could know what they were saying, and he then responded either orally or in the book. The books contain discussions about music and other matters, and give insights into his thinking; they are a source for investigation into how he felt his music should be performed, and also his perception of his relationship to art. 264 out of a total of 400 conversation books were destroyed (and others were altered) after Beethoven’s death by Anton Schindler, in an attempt to paint an idealised picture of the composer.[50]

Patronage

While Beethoven earned income from publication of his works and from public performances, he also depended on the generosity of patrons for income, for whom he gave private performances and copies of works they commissioned for an exclusive period prior to their publication. Some of his early patrons, including Prince Lobkowitz and Prince Lichnowsky, gave him annual stipends in addition to commissioning works and purchasing published works.[citation needed]

Perhaps Beethoven’s most important aristocratic patron was Archduke Rudolph, the youngest son of Emperor Leopold II, who in 1803 or 1804 began to study piano and composition with Beethoven. The cleric (Cardinal-Priest) and the composer became friends, and their meetings continued until 1824. Beethoven dedicated 14 compositions to Rudolph, including the Archduke Trio(1811) and his great Missa Solemnis (1823). Rudolph, in turn, dedicated one of his own compositions to Beethoven. The letters Beethoven wrote to Rudolph are today kept at the Gesellschaft der Musikfreunde in Vienna.[citation needed]

In the Autumn of 1808, after having been rejected for a position at the royal theatre, Beethoven received an offer fromNapoleon‘s brother Jérôme Bonaparte, then king of Westphalia, for a well-paid position as Kapellmeister at the court in Cassel. To persuade him to stay in Vienna, the Archduke Rudolph, Prince Kinsky and Prince Lobkowitz, after receiving representations from the composer’s friends, pledged to pay Beethoven a pension of 4000 florins a year. Only Archduke Rudolph paid his share of the pension on the agreed date. Kinsky, immediately called to duty as an officer, did not contribute and soon died after falling from his horse. Lobkowitz stopped paying in September 1811. No successors came forward to continue the patronage, and Beethoven relied mostly on selling composition rights and a small pension after 1815. The effects of these financial arrangements were undermined to some extent by war with France, which caused significant inflation when the government printed money to fund its war efforts.[citation needed]

The Middle period

Beethoven’s return to Vienna from Heiligenstadt was marked by a change in musical style, now recognised as the start of his “Middle” or “Heroic” period. According to Carl Czerny, Beethoven said, “I am not satisfied with the work I have done so far. From now on I intend to take a new way.”[51] This “Heroic” phase was characterised by a large number of original works composed on a grand scale.[52] The first major work employing this new style was the Third Symphony in E flat, known as the “Eroica.” While other composers had written symphonies with implied programs, or stories, this work was longer and larger in scope than any previous symphony. When it premiered in early 1805 it received a mixed reception. Some listeners objected to its length or misunderstood its structure, while others viewed it as a masterpiece.[53]

Beethoven composed ambitious works throughout the Middle period, often heroic in tone, extending the musical language Beethoven had inherited from Haydn and Mozart. The Middle period work includes the Third through Eighth Symphonies, the string quartets 7–11, the “Waldstein” and “Appassionata” piano sonatas, Christ on the Mount of Olives, the opera Fidelio, theViolin Concerto and many other compositions. During this time Beethoven earned his living from publishing and performances of his work, and from his patrons. His position at the Theater an der Wien was terminated when the theater changed management in early 1804, and he was forced to move temporarily to the suburbs of Vienna with his friend Stephan von Breuning. This slowed work on Fidelio, his largest work to date, for a time. It was delayed again by the Austrian censor, and finally premiered in November 1805 to houses that were nearly empty because of the French occupation of the city. In addition to being a financial failure, this version of Fidelio was also a critical failure, and Beethoven began revising it.[54]

The Middle period string quartets are Op. 59 no 1Op 59 no 2Op 59 no 3 (The Razumowski quartets), Op. 74 (the Harp) andOp 95. Beethoven’s publisher said that the world was not ready for them. The slow movement of Op. 59 no 2 has been described as the closest Beethoven got to heaven. Beethoven said that the Op. 95 quartet was not suitable for public performance.

The work of the Middle period established Beethoven’s reputation as a master. In a review from 1810, he was enshrined by E. T. A. Hoffmann as one of the three great “Romantic” composers; Hoffman called Beethoven’s Fifth Symphony “one of the most important works of the age.” A particular trauma for Beethoven occurred during this period in May 1809, when the attacking forces of Napoleon bombarded Vienna. According to Ferdinand Ries, Beethoven, very worried that the noise would destroy what remained of his hearing, hid in the basement of his brother’s house, covering his ears with pillows.[55] He was composing the “Emperor” Concerto at the time.

Personal and family difficulties

Beethoven met Giulietta Guicciardi in about 1800 through the Brunsvik family. He mentions his love for her in a November 1801 letter to his boyhood friend, Franz Wegeler. Beethoven dedicated to Giulietta his Sonata No. 14, popularly known as the “Moonlight” Sonata. Marriage plans were thwarted by Giulietta’s father and perhaps Beethoven’s common lineage. In 1803 she married Count Wenzel Robert von Gallenberg (1783–1839), another amateur composer.[citation needed]

Beethoven’s relationship with Josephine Deym notably deepened after the death of her first husband in 1804. There is some evidence that Beethoven may have proposed to her, at least informally. While his feelings were apparently reciprocated, she turned him down, and their relationship effectively ended in 1807. She cited her “duty,” an apparent reference to the fact that she was born of nobility and he was a commoner.[56] It is also likely that he considered proposing (whether he actually did or not is unknown) to Therese Malfatti, the dedicatee of “Für Elise” in 1810; his common status may also have interfered with those plans.

In the spring of 1811 Beethoven became seriously ill, suffering headaches and high fever. On the advice of his doctor, he spent six weeks in the Bohemian spa town of Teplitz. The following winter, which was dominated by work on the Seventh symphony, he was again ill, and decided to spend the summer of 1812 at Teplitz. It is likely that he was at Teplitz when he wrote three love letters to an “Immortal Beloved.”[57] While the identity of the intended recipient is subject to ongoing debate, the most likely candidate, according to what is known about people’s movements and the contents of the letters, is Antonie Brentano, a married woman with whom he had begun a friendship in 1810.[58][59] Beethoven traveled to Karlsbad in late July, where he stayed in the same guesthouse as the Brentanos. After traveling with them for a time, he returned to Teplitz, where after another bout of gastric illness, he left for Linz to visit his brother Johann.[60]

Beethoven’s visit to his brother was an attempt to end the latter’s cohabitation with Therese Obermayer, a woman who already had an illegitimate child. He was unable to convince Johann to end the relationship, so he appealed to the local civic and religious authorities. The end result of Beethoven’s meddling was that Johann and Therese married on 9 November.[60]

In early 1813 Beethoven apparently went through a difficult emotional period, and his compositional output dropped. Historians have suggested a variety of causes, including his lack of romantic success. His personal appearance, which had generally been neat, degraded, as did his manners in public, especially when dining. Some of his (married) desired romantic partners had children (leading to assertions among historians of Beethoven’s possible paternity), and his brother Carl was seriously ill. Beethoven took care of his brother and his family, an expense that he claimed left him penniless. He was unable to obtain a date for a concert in the spring of 1813, which, if successful, would have provided him with significant funds.[citation needed]

Beethoven was finally motivated to begin significant composition again in June 1813, when news arrived of the defeat of one of Napoleon’s armies at Vitoria, Spain, by a coalition of forces under the Duke of Wellington. This news stimulated him to write the battle symphony known as Wellington’s Victory. It premiered on 8 December at a charity concert for victims of the war along with his Seventh Symphony. The work was a popular hit, likely because of its programmatic style that was entertaining and easy to understand. It received repeat performances at concerts Beethoven staged in January and February 1814. Beethoven’s renewed popularity led to demands for a revival of Fidelio, which, in its third revised version, was also well-received at its July opening. That summer he composed a piano sonata for the first time in five years (No. 27, Opus 90). This work was in a markedly more Romantic style than his earlier sonatas. He was also one of many composers who produced music in a patriotic vein to entertain the many heads of state and diplomats that came to the Congress of Vienna that began in November 1814. His output of songs included his only song cycle, “An die ferne Geliebte,” and the extraordinarily expressive, but almost incoherent, “An die Hoffnung” (Opus 94).[citation needed]

Custody struggle and illness

Between 1815 and 1817 Beethoven’s output dropped again. Beethoven attributed part of this to a lengthy illness (he called it an “inflammatory fever”) that afflicted him for more than a year, starting in October 1816.[61] Biographers have speculated on a variety of other reasons that also contributed to the decline, including the difficulties in the personal lives of his would-be paramours and the harsh censorship policies of the Austrian government. The illness and death of his brother Carl from consumption likely also played a role.

Carl had been ill for some time, and Beethoven spent a small fortune in 1815 on his care. When he finally died on 15 November 1815, Beethoven immediately became embroiled in a protracted legal dispute with Carl’s wife Johanna over custody of their son Karl, then nine years old. Beethoven, who considered Johanna an unfit parent because of her morals (she had an illegitimate child by a different father before marrying Carl, and had been convicted of theft) and financial management, had successfully applied to Carl to have himself named sole guardian of the boy. A late codicil to Carl’s will gave him and Johanna joint guardianship. While Beethoven was successful at having his nephew removed from her custody in February 1816, the case was not fully resolved until 1820, and he was frequently preoccupied by the demands of the litigation and seeing to Karl’s welfare, whom he first placed in a private school. The custody fight brought out the worst aspects of Beethoven’s character; in the lengthy court cases Beethoven stopped at nothing to ensure that he achieved this goal, interrupting his work for long periods.[citation needed]

The Austrian court system had one court for the nobility, the R&I Landrechte, and another for commoners, the Civil Court of the Magistrate. Beethoven disguised the fact that the Dutch “van” in his name did not denote nobility as does the German “von,”[62]and his case was tried in the Landrechte. Owing to his influence with the court, Beethoven felt assured of the favorable outcome of being awarded sole guardianship. While giving evidence to the Landrechte, however, Beethoven inadvertently[62] admitted that he was not nobly born. The case was transferred to the Magistracy on 18 December 1818, where he lost sole guardianship.

Beethoven appealed, and regained custody. Johanna’s appeal to the Emperor was not successful: the Emperor “washed his hands of the matter.” Beethoven stopped at nothing to blacken her name, as can be read in surviving court papers. During the years of custody that followed, Beethoven attempted to ensure that Karl lived to the highest moral standards. His overbearing manner and frequent interference in his nephew’s life apparently drove Karl to attempt suicide on 31 July 1826 by shooting himself in the head. He survived, and was brought to his mother’s house, where he recuperated. He and Beethoven reconciled, but Karl insisted on joining the army, and last saw Beethoven in early 1827.[citation needed]

The only major works Beethoven produced during this time were two cello sonatas, a piano sonata, and collections of folk song settings. He began sketches for the Ninth Symphony in 1817.[citation needed]

Late works

Beethoven began a renewed study of older music, including works by J. S. Bach and Handel, that were then being published in the first attempts at complete editions. He composed the Consecration of the House Overture, which was the first work to attempt to incorporate his new influences. A new style, now called his “late period,” emerged when he returned to the keyboard to compose his first piano sonatas in almost a decade. The works of the late period are commonly held to include the last five piano sonatas and the Diabelli Variations, the last two sonatas for cello and piano, the late quartets (see below), and two works for very large forces: the Missa Solemnis and the Ninth Symphony.[citation needed]

By early 1818 Beethoven’s health had improved, and his nephew moved in with him in January. On the downside, his hearing had deteriorated to the point that conversation became difficult, necessitating the use of conversation books. His household management had also improved somewhat; Nanette Streicher, who had assisted in his care during his illness, continued to provide some support, and he finally found a skilled cook.[63] His musical output in 1818 was still somewhat reduced, but included song collections and the Hammerklavier Sonata, as well as sketches for two symphonies that eventually coalesced into the epic Ninth. In 1819 he was again preoccupied by the legal processes around Karl, and began work on the Diabelli Variationsand the Missa Solemnis.[citation needed]

For the next few years he continued to work on the Missa, composing piano sonatas and bagatelles to satisfy the demands of publishers and the need for income, and completing the Diabelli Variations. He was ill again for an extended time in 1821, and completed the Missa in 1823, three years after its original due date. He also opened discussions with his publishers over the possibility of producing a complete edition of his work, an idea that was arguably not fully realised until 1971. Beethoven’s brother Johann began to take a hand in his business affairs around this time, much in the way Carl had earlier, locating older unpublished works to offer for publication and offering the Missa to multiple publishers with the goal of getting a higher price for it.[citation needed]

Two commissions in 1822 improved Beethoven’s financial prospects. The Philharmonic Society of London offered a commission for a symphony, and Prince Nikolay Golitsin of St. Petersburg offered to pay Beethoven’s price for three string quartets. The first of these spurred Beethoven to finish the Ninth Symphony, which premiered, along with the Missa Solemnis, on 7 May 1824, to great acclaim at the Kärntnertortheater. The Allgemeine musikalische Zeitung gushed, “inexhaustible genius had shown us a new world,” and Carl Czerny wrote that his symphony “breathes such a fresh, lively, indeed youthful spirit […] so much power, innovation, and beauty as ever [came] from the head of this original man, although he certainly sometimes led the old wigs to shake their heads.”[64] Unlike his earlier concerts, Beethoven made little money on this one, as the expenses of mounting it were significantly higher.[64]A second concert on 24 May, in which the producer guaranteed Beethoven a minimum fee, was poorly attended; nephew Karl noted that “many people have already gone into the country.”[65] It was Beethoven’s last public concert.[65]

Beethoven then turned to writing the string quartets for Golitsin. This series of quartets, known as the “Late Quartets,” went far beyond what either musicians or audiences were ready for at that time. One musician commented that “we know there is something there, but we do not know what it is.” Composer Louis Spohr called them “indecipherable, uncorrected horrors,” though that opinion has changed considerably from the time of their first bewildered reception. They continued (and continue) to inspire musicians and composers, from Richard Wagner to Béla Bartók, for their unique forms and ideas. Of the late quartets, Beethoven’s favorite was the Fourteenth Quartet, op. 131 in C# minor[citation needed], upon hearing which Schubert is said to have remarked, “After this, what is left for us to write?”[citation needed]

Beethoven wrote the last quartets amidst failing health. In April 1825 he was bedridden, and remained ill for about a month. The illness—or more precisely, his recovery from it—is remembered for having given rise to the deeply felt slow movement of the Fifteenth Quartet, which Beethoven called “Holy song of thanks (‘Heiliger dankgesang’) to the divinity, from one made well.” He went on to complete the (misnumbered) ThirteenthFourteenth, and Sixteenth Quartets. The last work completed by Beethoven was the substitute final movement of the Thirteenth Quartet, deemed necessary to replace the difficult Große Fuge. Shortly thereafter, in December 1826, illness struck again, with episodes of vomiting and diarrhea that nearly ended his life.[citation needed]

Illness and death

Main article: Death of Beethoven

Beethoven was bedridden for most of his remaining months, and many friends came to visit. He died on Monday, 26 March 1827, during a thunderstorm. His friend Anselm Hüttenbrenner, who was present at the time, claimed that there was a peal of thunder at the moment of death. Anautopsy revealed significant liver damage, which may have been due to heavy alcohol consumption.[66]

Beethoven’s funeral procession on 29 March 1827 was attended by an estimated 20,000 Viennese citizens. Franz Schubert, who died the following year and was buried next to Beethoven, was one of the torchbearers. Unlike Mozart, who was buried anonymously in a communal grave (the custom at the time), Beethoven was buried in a dedicated grave in theWähring cemetery, north-west of Vienna, after a requiem mass at the church of the Holy Trinity (Dreifaltigkeitskirche). His remains were exhumed for study in 1862, and moved in 1888 to Vienna’s Zentralfriedhof.[66]

There is dispute about the cause of Beethoven’s death; alcoholic cirrhosissyphilisinfectious hepatitislead poisoningsarcoidosis and Whipple’s disease have all been proposed.[67] Friends and visitors before and after his death clipped locks of his hair, some of which have been preserved and subjected to additional analysis, as have skull fragments removed during the 1862 exhumation.[68] Some of these analyses have led to controversial assertions that Beethoven was accidentally poisoned to death by excessive doses of lead-based treatments administered under instruction from his doctor.[69][70][71]

Character

Beethoven’s personal life was troubled by his encroaching deafness and irritability brought on by chronic abdominal pain (beginning in his twenties) which led him to contemplate suicide (documented in his Heiligenstadt Testament). Beethoven was often irascible and may have suffered from bipolar disorder.[72][73]Nevertheless, he had a close and devoted circle of friends all his life, thought to have been attracted by his strength of personality. Toward the end of his life, Beethoven’s friends competed in their efforts to help him cope with his incapacities.[74]

Sources show Beethoven’s disdain for authority, and for social rank. He stopped performing at the piano if the audience chatted amongst themselves, or afforded him less than their full attention. At soirées, he refused to perform if suddenly called upon to do so. Eventually, after many confrontations, the Archduke Rudolph decreed that the usual rules of court etiquette did not apply to Beethoven.[74]

Religious views

Beethoven was attracted to the ideals of the Enlightenment. In 1804, when Napoleon’s imperial ambitions became clear, Beethoven took hold of the title-page of his Third Symphony and scratched the name Bonaparte out so violently that he made a hole in the paper. He later changed the work’s title to “Sinfonia Eroica, composta per festeggiare il sovvenire d’un grand’uom” (“Heroic Symphony, composed to celebrate the memory of a great man”), and he rededicated it to his patron, Prince Joseph Franz von Lobkowitz, at whose palace it was first performed.[citation needed]

The fourth movement of his Ninth Symphony features an elaborate choral setting of Schiller’s Ode An die Freude (“Ode to Joy”), an optimistic hymn championing the brotherhood of humanity.[citation needed]

Scholars disagree about Beethoven’s religious beliefs, and about the role they played in his work. It has been asserted, but not proven, that Beethoven was aFreemason.[75]

Music

Beethoven is acknowledged as one of the giants of classical music; occasionally he is referred to as one of the “three Bs” (along with Bach and Brahms) who epitomise that tradition. He was also a pivotal figure in the transition from the 18th century musicalclassicism to 19th century romanticism, and his influence on subsequent generations of composers was profound.[74]

Overview

Beethoven composed in several musical genres, and for a variety of instrument combinations. His works for symphony orchestra include nine symphonies (the Ninth Symphony includes a chorus), and about a dozen pieces of “occasional” music. He wrote seven concerti for one or more soloists and orchestra, as well as four shorter works that include soloists accompanied by orchestra. His only opera is Fidelio; other vocal works with orchestral accompaniment include two masses and a number of shorter works.[citation needed]

His large body of compositions for piano includes 32 piano sonatas and numerous shorter pieces, including arrangements of some of his other works. Works with piano accompaniment include 10 violin sonatas, 5 cello sonatas, and a sonata for French horn, as well as numerous lieder.[citation needed]

Beethoven also wrote a significant quantity of chamber music. In addition to 16 string quartets, he wrote five works for string quintet, seven for piano trio, five for string trio, and more than a dozen works for various combinations of wind instruments.[citation needed]

The three periods

Beethoven’s compositional career is usually divided into Early, Middle, and Late periods.[74] In this scheme, his early period is taken to last until about 1802, the middle period from about 1803 to about 1814, and the late period from about 1815.[citation needed]

In his Early period, Beethoven’s work was strongly influenced by his predecessors Haydn and Mozart. He also explored new directions and gradually expanded the scope and ambition of his work. Some important pieces from the Early period are the first and second symphonies, the set of six string quartets Opus 18, the first two piano concertos, and the first dozen or so piano sonatas, including the famous Pathétique sonata, Op. 13.[citation needed]

His Middle (Heroic) period began shortly after Beethoven’s personal crisis brought on by his recognition of encroaching deafness. It includes large-scale works that express heroism and struggle. Middle-period works include six symphonies (Nos. 3–8), the last three piano concertos, the Triple Concerto and violin concerto, five string quartets (Nos. 7–11), several piano sonatas (including the MoonlightWaldstein and Appassionata sonatas), the Kreutzer violin sonata and Beethoven’s only operaFidelio.[citation needed]

Beethoven’s Late period began around 1815. Works from this period are characterised by their intellectual depth, their formal innovations, and their intense, highly personal expression. The String Quartet, Op. 131 has seven linked movements, and the Ninth Symphony adds choral forces to the orchestra in the last movement.[74] Other compositions from this period include the Missa Solemnis, the last five string quartets (including the massive Große Fuge) and the last five piano sonatas.[citation needed]

Beethoven on screen

Eroica is a 1949 Austrian film depicting life and works of Beethoven (Ewald Balser), which also entered into the 1949 Cannes Film Festival.[76] The film is directed by Walter Kolm-Veltée, produced by Guido Bagier with Walter Kolm-Veltée and written by Walter Kolm-Veltée with Franz Tassié.[77]

In 1962, Walt Disney produced a made-for-television and extremely fictionalised life of Beethoven titled The Magnificent Rebel. The film was given a two-part premiere on the Walt Disney anthology television series and released to theatres in Europe. It starred Karlheinz Böhm as Beethoven.[citation needed]

In 1994film about Beethoven (Gary Oldman) titled Immortal Beloved was written and directed by Bernard Rose. The story follows Beethoven’s secretary and first biographerAnton Schindler (portrayed by Jeroen Krabbé), as he attempts to ascertain the true identity of the Unsterbliche Geliebte (Immortal Beloved) addressed in three letters found in the late composer’s private papers. Schindler journeys throughout the Austrian Empire, interviewing women who might be potential candidates, as well as through Beethoven’s own tumultuous life. Filming took place in the Czech cities of Prague and Kromeriz and the Zentralfriedhofin Vienna, Austria, between 23 May and 29 July 1994.[citation needed]

In 2003 a made-for-television BBC/Opus Arte film Eroica was released, with Ian Hart as Beethoven and the Orchestre Révolutionnaire et Romantiqueconducted by Sir John Eliot Gardiner performing the Eroica Symphony in its entirety. The subject of the film is the first performance of the Eroica Symphony in 1804 at the palace of Prince Lobkowitz (played by Jack Davenport).[78] In a 2005 three-part BBC miniseries, Beethoven was played by Paul Rhys.[79]

A movie titled Copying Beethoven was released in 2006, starring Ed Harris as Beethoven. This film was a fictionalised account of Beethoven’s last days, and his struggle to produce his Ninth Symphony before he died.[citation needed]

Memorials

The Beethoven Monument, Bonn was unveiled in August 1845, in honour of his 75th anniversary. It was the first statue of a composer created in Germany, and the music festival that accompanied the unveiling was the impetus for the very hasty construction of the original Beethovenhalle in Bonn (it was designed and built within less than a month, on the urging of Franz Liszt). A statue to Mozart had been unveiled in SalzburgAustria in 1842. Vienna did not honour Beethoven with a statue until 1880.[80]

See also

Book: Ludwig van Beethoven
Wikipedia Books are collections of articles that can be downloaded or ordered in print.

References

  1. ^ German pronunciation: [ˈluːtvɪç fan ˈbeːt.hoːfən]listen)English: /ˈlʊdvɪɡ væn ˈbeɪt.hoʊvən/
  2. ^ Beethoven was baptised on 17 December. His date of birth was often, in the past, given as 16 December, however this is not known with certainty; his family celebrated his birthday on that date, but there is no documentary evidence that his birth was actually on 16 December.
  3. a b c d e f Grove Online, section 1
  4. ^ Thayer, Vol 1, p. 49
  5. ^ Thorne, J. O. & Collocott, T.C., ed (1986). Chambers Biographical DictionaryEdinburgh: W & R Chambers Ltd. p. 114.ISBN 0550180222.
  6. ^ Thayer, Vol 1, p. 53
  7. ^ This is discussed in depth inSolomon, chapter 1.
  8. a b Stanley, p. 7
  9. ^ Thayer, Vol 1, p. 59
  10. ^ Thayer, Vol 1, p. 67
  11. ^ Thayer, Vol 1, pp. 71–74
  12. ^ Cooper (2008), p. 15
  13. ^ Cooper (2008), p. 23
  14. ^ Cooper (2008), p. 24
  15. ^ Cooper (2008), p. 16
  16. ^ Thayer, Vol 1, p. 102
  17. ^ Thayer, Vol 1, p. 104
  18. ^ Thayer, Vol 1, pp. 105–109
  19. ^ Thayer, Vol 1, p. 124
  20. ^ Cooper (2008), p. 35
  21. ^ Cooper (2008), p. 41
  22. ^ Cooper (2008), pp. 35–41
  23. ^ Thayer, Vol 1, p. 148
  24. a b Cooper (2008), p. 42
  25. ^ Cooper (2008), p. 43
  26. ^ Grove Online, section 3
  27. ^ Cooper (2008), pp. 47,54
  28. ^ Thayer, Vol 1, p. 161
  29. a b Cooper (2008), p. 53
  30. ^ Cross (1953), p. 59
  31. ^ Cooper (2008), p. 46
  32. a b Cooper (2008), p. 59
  33. ^ Lockwood (2005), p. 144
  34. ^ Cooper (2008), p. 56
  35. ^ Cooper (2008), p. 82
  36. ^ Cooper (2008), p. 90
  37. ^ Cooper (2008), p. 66
  38. ^ Cooper (2008), p. 58
  39. ^ Cooper (2008), p. 97
  40. ^ Cooper (2008), p. 80
  41. ^ Cooper (2008), pp. 98–103
  42. ^ Cooper (2008), pp. 112–127
  43. ^ Cooper (2008), pp. 112–115
  44. ^ Grove Online, section 5
  45. ^ Cooper (2008), p. 108
  46. ^ Cooper (2008), p. 120
  47. ^ White, Felix (1 April 1927). “Some Tributes to Beethoven in English Verse”. The Musical Times 68 (1010).
  48. ^ Ealy, George Thomas (Spring 1994). “Of Ear Trumpets and a Resonance Plate: Early Hearing Aids and Beethoven’s Hearing Perception”19th-Century Music 17(3): 262–273.doi:10.1525/ncm.1994.17.3.02a00050.
  49. ^ Solomon (2001)[page needed]
  50. ^ Clive, p. 239
  51. ^ Cooper (2008), p. 131
  52. ^ ‘Beethoven’s Heroic Phase’, The Musical Times, CX (1969), pp. 139-41
  53. ^ Cooper (2008), p. 148
  54. ^ Cooper (2008), p. 150
  55. ^ Cooper (2008), p. 185
  56. ^ Cooper (2008), pp. 146,168
  57. ^ Beethoven’s Immortal Beloved Letters
  58. ^ Oakley Beahrs, Virginia: The Immortal Beloved Riddle Reconsidered, Musical Times, Vol. 129, No. 1740 (Feb., 1988), pp. 64-70
  59. ^ Cooper (2008), pp. 194, 208–210. Cooper cites Solomon among other sources, and provides compelling evidence that it was neither Josephine Deym nor Marie Erdödy.
  60. a b Cooper (2008), p. 212
  61. ^ Cooper (2008), p. 254
  62. a b On 18 December 1818, The Landrechte, the Austrian court for the nobility, handed over the whole matter of guardianship to the Stadtmagistrat, the court for commoners ” It …. appears from the statement of Ludwig van Beethoven, as the accompanying copy of the court minutes of 11 December of this year shows, that he is unable to prove nobility: hence the matter of guardianship is transferred to an honorable magistrate” Landrechte of the Magisterial tribunal.
  63. ^ Cooper (2008), p 260
  64. a b Cooper (2008), p. 317
  65. a b Cooper (2008), p. 318
  66. a b Cooper (2008), p. 349
  67. ^ Mai, F.M. (1 October 2006). “Beethoven’s terminal illness and death”. J R Coll Physicians Edinb. 36(3): 258–263. PMID 17214130.
  68. ^ Meredith, William (Spring & Summer 2005). “The History of Beethoven’s Skull Fragments”.The Beethoven Journal 20 (1 & 2): 2–3. Retrieved 27 March 2009.[dead link]
  69. ^ Jahn, George (28 August 2007).“Pathologist: Doctor Killed Beethoven”. The Washington Post. Retrieved 29 December 2008.
  70. ^ Eisinger, Josef (1 January 2008). “The lead in Beethoven’s hair”.Toxicological & Environmental Chemistry 90: 1–5.
  71. ^ Lorenz, Michael (Winter 2007). “Commentary on Wawruch’s Report: Biographies of Andreas Wawruch and Johann Seibert, Schindler’s Responses to Wawruch’s Report, and Beethoven’s Medical Condition and Alcohol Consumption”. The Beethoven Journal (San Jose: The Ira Brilliant Center for Beethoven Studies) 22 (2): 92–100.
  72. ^ Beethoven bipolar?http://www.gazette.uottawa.ca/article_e_1529.html
  73. ^ Cold Case in Vienna: Who Killed Beethoven? — CBS News
  74. a b c d e Grove Online
  75. ^ Ludwig van Beethoven — Grand Lodge of British Columbia and Yukon
  76. ^ “Festival de Cannes: Eroica”.festival-cannes.com. Retrieved 9 January 2009.
  77. ^ Eroica at the Internet Movie Database
  78. ^ Eroica at the Internet Movie Database
  79. ^ Beethoven at the Internet Movie Database
  80. ^ Alessandra Comini, The Changing Image of Beethoven: A Study in Mythmaking

Sources

Further reading

  • Albrecht, Theodore, and Elaine Schwensen, “More Than Just Peanuts: Evidence for December 16 as Beethoven’s birthday.” The Beethoven Newsletter 3 (1988): 49, 60–63.
  • Bohle, Bruce, and Robert Sabin. The International Cyclopedia of Music and Musicians.London: J.M.Dent & Sons LTD, 1975. ISBN 0-460-04235-1.
  • Davies, Peter J. The Character of a Genius: Beethoven in Perspective. Westport, Conn.: Greenwood Press, 2002. ISBN 0-313-31913-8.
  • Davies, Peter J. Beethoven in Person: His Deafness, Illnesses, and Death. Westport, Conn.: Greenwood Press, 2001. ISBN 0-313-31587-6.
  • DeNora, Tia. “Beethoven and the Construction of Genius: Musical Politics in Vienna, 1792–1803.” Berkeley, California: University of California Press, 1995. ISBN 0-520-21158-8.
  • Geck, Martin. Beethoven. Translated by Anthea Bell. London: Haus, 2003. ISBN 1-904341-03-9 (h), ISBN 1-904341-00-4 (p).
  • Hatten, Robert S (1994). Musical Meaning in Beethoven. Bloomington, IN: Indiana University Press. ISBN 0-253-32742-3.
  • Kornyei, Alexius. Beethoven in Martonvasar. Verlag, 1960. OCLC Number: 27056305
  • Kropfinger, Klaus. Beethoven. Verlage Bärenreiter/Metzler, 2001. ISBN 3-7618-1621-9.
  • Martin, Russell. Beethoven’s Hair. New York: Broadway Books, 2000. ISBN 978-0-7679-0350-9
  • Meredith, William (2005). “The History of Beethoven’s Skull Fragments”. The Beethoven Journal 20: 3–46.
  • Morris, EdmundBeethoven: The Universal Composer. New York: Atlas Books / HarperCollins, 2005. ISBN 0-06-075974-7.
  • Rosen, CharlesThe Classical Style: Haydn, Mozart, Beethoven. (Expanded ed.) New York: W. W. Norton, 1998. ISBN 0-393-04020-8 (hc); ISBN 0-393-31712-9 (pb).
  • Solomon, Maynard. Late Beethoven: Music, Thought, Imagination. Berkeley: University of California Press, 2003. ISBN 0-520-23746-3.
  • Thayer, A. W., rev and ed. Elliot Forbes. Thayer’s Life of Beethoven. (2 vols.) Princeton: Princeton University Press. ISBN 0-691-09103-X
  • Sullivan, J. W. N.Beethoven: His Spiritual Development New York: Alfred A. Knopf, 1927

External links

  • Beethoven-Haus Bonn. Official website of Beethoven-Haus in Bonn, Germany. Links to extensive studio and digital archive, library holdings, the Beethoven-Haus Museum (including “internet exhibitions” and “virtual visits”), theBeethoven-Archiv research center, and information on Beethoven publications of interest to the specialist and general reader. Extensive collection of Beethoven’s compositions and written documents, with sound samples and a digital reconstruction of his last house in Vienna.
  • The Ira F. Brilliant Center for Beethoven StudiesThe Beethoven Gateway (San José State University)

Digitised, scanned material (books, sheetmusic)

Sheetmusic (scores)

Historical recordings

General reference

Specific topics

 

• • • • •

28/01/2011

Chopin provavelmente tinha epilepsia, dizem pesquisadores

. artigo publicado em 25.01.2011

. . fonte : BBC Brasil

 

Um estudo realizado por pesquisadores espanhóis indica que o compositor erudito Frédéric Chopin (1810-1849), que sofreu de alucinações visuais durante toda a sua vida, provavelmente tinha epilepsia.

De acordo com a pesquisa, divulgada pela publicação especializada Medical Humanities, o tipo e a frequência de alucinações que o compositor apresentava é comum em pacientes com epilepsia do lobo temporal.

Outros pesquisadores atribuíram seus surtos de melancolia a transtorno bipolar e depressão.

Chopin ficou conhecido como um artista frágil e sensível e se tornou um dos maiores símbolos do romantismo na arte.

`Fantasmas e terrores´

Visões aterrorizantes são descritas pelo próprio Chopin e por pessoas próximas em cartas e memórias sobre o compositor.

Em seus relatos, a amante de Chopin, George Sand, se recorda de diversos momentos em que ele se mostrou assustado com as visões.

Entre estes momentos, está uma viagem para um monastério na Espanha que teria sido “cheio de terrores e fantasmas” para o músico.

Em uma carta escrita para a filha de George Sand, Chopin descreveu o momento, durante a performance de Sua Sonata em Si bemol menor na Inglaterra em 1848, em que ele se retirou abruptamente do salão.

O pianista diz que havia visto criaturas saindo de seu piano e precisou sair para se recompor.

Os cientistas espanhóis dizem que alucinações ocorrem em diversos distúrbios médicos e psiquiátricos, incluindo a esquizofrenia.

No entanto, elas geralmente tomam a forma de vozes, e não de visões. Por isso, a explicação mais provável para as visões de Chopin é um tipo de epilepsia que ocorre lobo temporal do cérebro.

Ela costuma produzir alucinações visuais complexas e fragmentadas como as relatadas por Chopin.

Ópio

O compositor também tomava láudano, uma solução alcoólica com ópio, para diminuir seus sintomas. No entanto, os médicos descartaram a ideia de que a bebida tenha sido responsável pelas alucinações, já que elas começaram antes que Chopin começasse a usar a solução como tratamento.

O médico Manuel Varquez Caruncho, que liderou o estudo, diz que sem a ajuda dos testes modernos é difícil fazer um diagnóstico definitivo do pintor.

No entanto, ele acredita que a doença de Chopin pode facilmente ter sido ignorada por seus médicos, porque o conhecimento sobre a epilepsia naquela época era limitado.

“Duvidamos que outro diagnóstico para a lista nos ajude a entender o mundo artístico de Frédéric Chopin, mas saber que ele tinha essa doença pode ajudar a separar a lenda da realidade e a compreender melhor o homem e sua vida”, disse Caruncho.

• • • • •

14/01/2011

Ópera em Hamburgo atrai jovens com montagens curtas e figurino moderno

Filed under: artigo, ópera, gênero / forma, textos — Tags: — histmus @ 9:46

. artigo publicado em 13.01.2011

. . fonte : Deutsche Welle

* * *

Tornar a ópera atraente para o público jovem é o desafio dos responsáveis pelo espaço Opernloft, de Hamburgo. Para isso, eles optam por versões mais curtas e adaptadas aos novos tempos de clássicos do gênero.

A princípio, o terceiro andar de uma velha fábrica no centro de Hamburgo não parece em nada com uma ópera. O antigo depósito deu lugar a um espaçoso teatro com confortáveis assentos, um bistrô e uma decoração em cores quentes, chamado Opernloft. Aqui óperas são encenadas de maneira não convencional para atrair a atenção de jovens e idosos.

Ópera é algo antiquado, prolixo e incompreensível – é para acabar com esse tipo de preconceito que o trio que coordena o Opernloft trabalha há três anos. Ao lado das dramaturgas Yvone Bernborn e Susann Oberacker, a cantora de ópera Inken Rahardt é responsável pelo bem-sucedido projeto que criou a casa de ópera alternativa.

Com o conceito Operabreve, no qual as produções têm 90 minutos e um figurino moderno, e óperas para crianças com cenários cheios de fantasia, as três artistas da cidade hanseática estabeleceram uma forma única de teatro musical. “Existem muitas pessoas que gostam de ir ao teatro ou a uma casa de ópera, mas uma produção com três horas de duração é muito longa para elas”, diz Rahardt. A solução foi optar por encenações mais curtas.

“Apresentamos a obra de uma forma mais contemporânea. Recitativos e coros que não estão diretamente ligados à trama são deixados de fora, e nos concentramos nos pontos altos. Além disso, nossas óperas sempre focam o aqui e o agora, em vez da época original da obra. Contamos uma história pela qual as pessoas de hoje se interessam”, ressalta a artista.

Versões atuais

Uma orquestra grande e cenários luxuosos não existem no Opernloft. Cantores jovens apresentam as mais famosas obras da ópera de forma curta, atual e compreensiva. Por exemplo, ao adaptar as tramas para a realidade atual: La Traviata, de Verdi, se passa no bairro boêmio de uma grande cidade. Já a protagonista de Carmen vira uma graciosa estudante que tenta seduzir um jovem professor. Além disso, há também a sessão Electr’Opera, onde os jovens cantam e encenam junto com profissionais.

“Hoje as pessoas têm outra dimensão sensorial, com DVD’s, playstation, cinema e efeitos especiais”, diz Rahardt. Por isso, para tornar uma ópera atraente é necessário dar a ela uma nova roupagem, como por exemplo reunir as principais melodias numa canção pop, argumenta.

Teatro musical para crianças a partir dos 3 anos é uma das principais ocupações de Rahardt e equipe. “Para nós, ópera infantil não é um subproduto da grande ópera, mas um produto de qualidade. Queremos apresentar conteúdo e não apenas oferecer entretenimento”, ressalta.

Para as crianças são criadas versões cheias de humor e de figurino divertido, com atenção aos detalhes. Para esse público é expressamente permitido cantar e dançar durante a apresentação, e quando a trama é retomada, um narrador surge para contar a história. Obras como A Flauta MágicaO Pequeno AnelHänsel e Gretelacabam se tornando as encenações preferidas de toda a família.

Duplo desafio

Há quase dez anos o Junges Musiktheater Hamburg apresenta produções de óperas para crianças, jovens e iniciantes. Foi só em 2007 que o teatro pôde se mudar para o centro da cidade – foi então que surgiu o Opernloft.

Desde então, as coordenadoras do teatro enfrentam um duplo desafio. Como “ópera para principiantes”, elas oferecem teatro musical para crianças, jovens e adultos. Ao mesmo tempo, servem de trampolim na carreira de jovens cantores. Um conceito que já ganhou bastante reconhecimento e alguns prêmios teatrais.

Para Rahardt, porém, existe uma motivação adicional. “Gostaríamos que a ópera fosse preservada e que as pessoas tenham acesso a ela, porque acreditamos que a ópera pode tornar a vida muito mais bela.”

Autora: Gudrun Stegen (df)
Revisão: Alexandre Schossler

* * * *

11/01/2011

artigo : Toda a liberdade de Bernstein

. artigo publicado em 10.01.2011

. . autor : João Marcos Coelho

. . . fonte : jornal O Estado de São Paulo

* * *

Sai no Brasil o histórico concerto em que o maestro troca verso de Schiller, usado por Beethoven

O belo mas traiçoeiro manto sublime que envolve as artes costuma esconder o fato de que, como todos os demais seres humanos, os artistas também são políticos, como dizia Picasso em seu linguajar direto como um gancho de esquerda: “O que você pensa que um artista é? Um imbecil que só tem olhos se é pintor, ou ouvidos se é músico, ou uma lira em algum canto de seu coração se é poeta, ou até, se é um boxeador, tem apenas músculos? Ao contrário, ele é ao mesmo tempo um ser político (…) A pintura não é feita para decorar apartamentos. É um instrumento de guerra para ataque e defesa contra o inimigo.”

Ele talvez tenha esquecido que os pintores levam vantagem em relação aos compositores, por exemplo, porque ninguém pode mexer em suas obras. Guernica, por exemplo. Ela lá está, íntegra até hoje, no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madri. Pode-se gostar ou não da mensagem política que ela pronuncia visualmente, mas não se pode desfigurá-la. A música já não desfruta esse privilégio, como demonstra o DVD que agora sai no Brasil pela Opus Arte por R$ 39, com uma execução muito especial da Nona Sinfonia de Beethoven, regida pelo maestro norte-americano Leonard Bernstein na noite de Natal de 1989, poucos dias depois da queda do Muro de Berlim.

O concerto possuía um significado histórico importantíssimo: marcou a unificação de Berlim e das Alemanhas. Instrumentistas norte-americanos (da Filarmônica de Nova York), franceses (da Orquestra de Paris), russos (da Orquestra do Kirov de Leningrado) e ingleses (da Orquestra Sinfônica de Londres) juntaram-se à Orquestra Sinfônica e Coro da Rádio Bávara, enxertados com coral de crianças da Filarmônica de Dresden.

A Nona é uma das obras mais intensa e ideologicamente manipuladas da história da música. Nos últimos 186 anos, como narra em detalhes o pesquisador Esteban Buch em Música e Política – A Nona de Beethoven, livro de 2001, ela serviu aos poderosos de plantão e foi usada para todos os fins. Um processo que alcançou um de seus clímax naquele 1989. Bernstein “operou cirurgicamente” uma palavra dos famosos versos cantados no movimento final, a célebre “Ode à Alegria”: em vez de “Freude”, alegria, mandou as centenas de coristas cantarem “freiheit”, ou seja, liberdade. Isso tudo debaixo das barbas da estátua imponente do autor dos versos, o poeta e filósofo Schiller, na entrada do teatro berlinense que recebeu aquele concerto histórico.

Evidentemente, ninguém poderia discordar de uma mudança dessas. Falar de liberdade só pode soar positivo. E Bernstein, convenhamos, possuía uma legitimidade acima de qualquer suspeita para assumir a troca de palavras. Afinal, desde os tempos de estudante em Harvard, nos anos 30 do século passado, jamais escondeu de alguém sua postura política de esquerda.

O conteúdo de sua suculenta pasta confeccionada pelo FBI por meio século só foi divulgada há dois anos. A direita norte-americana não se conformava com o intenso ativismo político do maior músico de seu país, que recebeu, nos anos 60, panteras negras para jantar em seu elegantíssimo apartamento da Park Avenue, em Nova York, e propiciou ao então jornalista Tom Wolfe a criação da expressão “radical chic”.

A questão básica, entretanto, é outra. Ao alterar a letra de uma obra como esta, Bernstein e todos os participantes do evento equipararam-se aos musicólogos, músicos e compositores nazistas que substituíram as letras dos corais de Haendel para introduzir louvores ao Reich dos Mil Anos. Teoricamente, as mudanças são de igual natureza.

Por isso, e mesmo que me chamem de ranzinza e ingênuo como xingaram, no passado, figuras como George Orwell e Arthur Koestler, sinto que a atitude mais adequada teria sido respeitar os versos tal como foram utilizados por Beethoven em sua sinfonia coral.

No curto texto no folheto interno do DVD, Klaus Geitel chega a aventar a hipótese de que “sempre se especulou que Schiller tenha feito um jogo verbal de esconde-esconde e que seu poema na verdade referia-se a liberdade, e não simplesmente a alegria”; e diz que Schiller fez isso para fugir da censura daqueles “tempos despóticos”. Parece mais uma forçada de barra. Melhor sair do muro e assumir uma posição contra ou a favor. Em todo caso, bons tempos aqueles em que os músicos mudavam de lado por convicções ideológicas, e não por meras motivações individuais, como hoje em dia.

Quanto à performance – há, claro, uma enorme eletricidade no ar. As imagens prévias ao concerto de milhares de pessoas demolindo com picaretas o muro de Berlim impactam qualquer um. Mas a qualidade musical é mediana. Foi um “happening” beethoveniano. O máximo que se pode dizer é que a festa estava boa. E serviu para ilustrar um momento histórico, que marcou para muitos o verdadeiro fim do século 20.

• • • •

26/12/2010

Toque de classe na música brasileira

. artigo publicado em 25.12.2010

. . autor : Gilberto Mendes

. . . fonte : jornal O Estado de São Paulo

* * *

GILBERTO MENDES – O Estado de S.Paulo

Já escrevi sobre a surpresa que tive ao ouvir no cinema a bela inglesinha, que é Keira Knightly, numa cena no metrô de Londres, sob pesado bombardeio alemão durante a guerra, cantando deliciosamente o tema musical de Ódio no Coração, composto por Alfred Newman. Uma das músicas de minha vida! E agora minha querida amiga Tereza Vasquez me traz de presente um DVD com exatamente essa paradisíaca história dos mares do sul, comoção de minha juventude.

Oceânica, devoradora, uma história que me seduziu de maneira incomum: fiquei literalmente apaixonado pela Gene Tierney naquele papel de uma adorável nativa de olhos claros, cor do céu. Coisas que só pode entender gente ligada ao mar, a Conrad, Somerset Maughan, como somos eu, a amiga Tereza e um inesquecível companheiro de andanças musicais que já partiu para sua derradeira viagem. Sim, estou falando do compositor José Antonio Almeida Prado, nascido em Santos, “porto mítico, cidade de forte vanguardismo cosmopolita, que iria definir seu futuro universalismo estético”, conforme bem explica o escritor Flávio Amoreira. Onde ele viveu por um largo tempo, no feérico, trepidante Gonzaga, do saudoso Parque Balneário Hotel, e também do aristocrático solar da sua família, “paulistas de 400 anos”, renomados exportadores de café.

E um dia, quem me pergunta se poderia levar à minha casa certo jovem compositor que gostaria muito de conversar comigo? Sempre Tereza, no seu eterno elan de costurar ligações culturais. Já o conhecia de vista, e de nome, como um dos mais promissores alunos de Camargo Guarnieri. Nossa intimidade foi imediata, o que acontece com velhos marinheiros, apesar de eu ser vinte anos mais velho. Como ainda bem observa Flávio Amoreira, “unía-nos o sentimento atlântico do mundo, que nos torna brasileiros da costa, abertos a experimentos que nos chegam como exotismos flutuantes.”

Mar, belo mar selvagem de nossas praias solitárias, escreveu Vicente de Carvalho em uma de suas canções praieiras. Era o que nos irmanava, desde o começo de nossa amizade. Mas havia uma pedra em nosso caminho, diria outro poeta. Almeida Prado queria apresentar uma obra sua no Festival Música Nova. Expliquei pacientemente que teríamos o maior prazer, mas ele precisaria mudar a linha estética que vinha seguindo. A ansiedade sua era tal que ele mudou, rapidamente, compondo uma peça para violino e piano já dentro da linguagem musical que caracterizava nosso festival. Uma ruptura fatal que iria mudar fundamentalmente o que ele iria compor dali para a frente.

Muito gentilmente, Almeida Prado gostava de dizer que estudou comigo. Não é verdade, ele não precisava disso. Eu é que deveria ter estudado com ele, já que, na verdade, estudei pouco música, comecei tarde. Ainda componho de ouvido, muitas vezes. O que eu fiz foi colocar todos os meus livros, revistas e partituras à disposição dele. Além de conversarmos muito sobre música, o que muitas vezes funciona como verdadeiras aulas. E neste caso, eu também aprendi muito com ele.

Grande conversador, era delicioso seu humor, suas provocações, a finura com que compreendia a natureza musical de seus amigos. Tanto ele como eu tínhamos muita atração pelas citações, pelo kitsch musical cinematográfico. Uma vez ele me deu de presente um LP com as músicas do filme Rapsódia, grande sucesso de público, insistindo para que eu fizesse uma sonata para piano e violino citando, como temas, as obras tocadas no filme pelos dois intérpretes que disputavam o amor de Elizabeth Taylor, um deles Vitório Gassman. Achava que fazia o meu gênero. Fiquei devendo.

Como colegas, iríamos nos encontrar algumas vezes em festivais de música no exterior. Não me esqueço daquela viagem muito louca de Madri a Toledo, num velho carro encrencado do saudoso compositor português Jorge Peixinho. Depois eu ainda me encontraria com Almeida Prado em Paris, só para algumas caminhadas pelo Boulevard Saint-Germain des Près e un café crème avec croissant no Les deux magots. Num restaurante em Colônia, Alemanha, lembro-me bem da sua ansiedade, recém casado, para conseguir falar pelo telefone com sua admirável esposa, a mãe futura de suas igualmente admiráveis filhas.

Só nos resta agora olhar para cima, como experientes comandantes, e através das “Cartas Celestes” de nosso saudoso amigo, descobrir por sobre quais ondas sonoras ele vai navegando, vai temperando, à espera dos amigos …

GILBERTO MENDES É COMPOSITOR, CRIADOR DO FESTIVAL MÚSICA NOVA E AUTOR DE, ENTRE OUTRAS OBRAS, UMA ODISSEIA MUSICAL (EDUSP)

25/12/2010

Romance em ré bemol

. publicado em 25.12.2010

. . autor : João Marcos Coelho

. . . fonte : jornal O Estado de São Paulo

* * *

Por que ré bemol? Foi o próprio Chopin quem definiu assim sua estranha relação com a condessa Delfina Potocka. Um documentário inglês revê esta história

25 de dezembro de 2010 | 0h 00
João Marcos Coelho – O Estado de S.Paulo

Nenhum outro compositor preenche como Chopin a figura romântica e andrógina do criador musical ao mesmo genial e frágil. Nariz adunco, apenas 44 quilos, angustiava-se ao apresentar-se em público (só fez 30 recitais/concertos em sua vida). Viveu com a escritora francesa que, além do nome masculino, George Sand, vestia quase exclusivamente terninho e fumava charuto. Ela qualificou oito dos nove anos de romance como de “devoção maternal”. Morreu aos 39 anos de tuberculose, após ter revolucionado a música para piano de modo definitivo. Se a literatura pianística fosse uma Bíblia, Bach seria o Velho Testamento com os 48 prelúdios e fugas do Cravo Bem Temperado e Chopin o Novo Testamento com os 24 estudos opus 10 e 25 e os 24 prelúdios opus 28. Mas, para o grande público, Chopin é o autor das polonaises, mazurcas e sobretudo os noturnos – o patriota que pediu para ter seu coração arrancado de seu peito e levado à sua querida Polônia natal.

O docudrama O Mistério de Chopin – o estranho caso de Delfina Potocka, originalmente lançado em VHS em 1999 – data dos 150 anos de morte do compositor – desconstrói esta imagem angelical. Foi um ranger de dentes furioso entre melômanos e musicólogos, além de políticos poloneses e do Instituto Chopin de Varsóvia.

Amante insaciável. Também, não era para menos. Tirou-se do armário a história do romance turbulento do compositor com a condessa Delfina Potocka, uma autêntica devoradora de homens nas primeiras décadas do século 19. E, a julgar pelas 108 cartas por ela recebidas de Chopin, que sua bisneta, Paulina Czernicka, divulgou logo após a Segunda Guerra Mundial, em Varsóvia, o compositor assumiu-se como amante tórrido, antissemita convicto e quase antipatriota. Ou seja, tudo que a posteridade gostaria de esquecer sobre ele.

O docudrama, misto de documentário com imagens de época e recriações dramáticas, agora relançado em DVD pela Arthaus Musik no mercado internacional, é assinado pelo cineasta inglês Tony Palmer, emérito especialista em filmes de temática musical, autor de mais de uma centena de documentários musicais, que vão dos Beatles a Stravinski, do Festival de Salzburgo a Frank Zappa e Maria Callas.

Valsa do minuto. Para ficarmos no domínio dos docudramas de colorações ideológicas, também é seu o antológico e igualmente super controverso Testemunho, baseado no livro de Solomon Vokov, que mostra um Shostakovich como dissidente soviético enrustido.

Um ré bemol diferente. Foi assim que Chopin definiu a companheira nestas controversas e tórridas cartas. Dedicou-lhe seu segundo concerto para piano e orquestra, a célebre Valsa do Minuto, opus 64, no. 1 – e pediu-lhe para cantar e dançar em seu leito de morte. O romance começou em Varsóvia e permaneceu até a morte do compositor, em 1849. “É estranho e maravilhoso que a mesma energia que se usa para fertilizar uma mulher, isto é, para criar um homem, seja usada também para criar uma obra de arte”. Este raciocínio tipicamente freudiano fez os especialistas desconfiarem da autenticidade das cartas. Mas ele beira a pornografia quando diz a sua Findelka que “desejo estar dentro de você, beijar teus mamilos, tuas pernas, saborear a doce entrada de tua alma, teu ré bemol, eu diria”. Tudo temperado por sua música interpretada pela excelente pianista russa Valentina Igoshina.

Este erotismo certamente é novidade em Chopin. Por outro lado, a consciência de formar um estranho casal com Sand o faz dizer, nessas cartas, que “sei que nos chamam de Madame Chopin e Monsieur Sand”. Palmer diz que não acredita nem desacredita nas cartas, mas esclarece que elas ajudam a entender melhor a intensidade de sua música. O antissemitismo, por exemplo, já era conhecido em cartas autênticas – mas o assunto dificilmente vem à tona porque mancha sua angelical figura.

Estranho suicídio. O caso é que Paulina Czernicka jamais mostrou os originais destas cartas – apenas cópias por ela datilografadas. Isso enfraqueceu demais o achado. A fortíssima reação na Polônia tem a ver, lógico, com a maculação da imagem de um herói nacional. Mas não precisavam, como sugere Palmer, forjar um suicídio para calar a voz da bisneta da “notoriamente hospitaleira vulva” da bela e refinada cantora Delfina Potocka, na grosseira expressão de um dos mais recentes biógrafos de Chopin, Jeremy Siepmann.

Musicalmente, além de criticar seu amigo Franz Liszt (“ele se apropria das obras dos outros sem cerimônia”), há frases interessantes, como a de que “não sou a pessoa certa para dar concertos. O público me intimida. A respiração da plateia me asfixia, os olhares do público me paralisam”. Ou então as que Palmer coloca em sua boca no leito de morte, não sei se tiradas destas cartas a Delfina: “Os sons existem antes das palavras; a palavra é apenas a modificação de um som. As palavras criam a linguagem, mas os sons criam a música. E a arte de manipular o som é chamada de música. Nossos mais profundos sentimentos se expressam não em palavras, mas na música.”

Estas 108 cartas sem dúvida nos ajudam a compor um retrato mais complexo e profundo de Chopin. Pode não ser o oficial nem o correto, mas é bem mais interessante que a correspondência oficial do compositor, disponível em edição nacional, da Editora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com 700 maçantes páginas, de 2008.

22/10/2010

The Sound of Spirit

. artigo no New York Times sobre

. . o compositor estoniano Arvo Pärt

. . . o original está aqui

. . . . no sítio original você pode ver fotos, imagens

. . . . . e ouvir algumas músicas deste compositor

*   *   *

By ARTHUR LUBOW

Published: October 15, 2010

Emigrating from the Soviet Union to the West in January 1980 with his wife, Nora, and their two small sons, the Estonian composer Arvo Pärt was stopped by border police at the Brest railroad station for a luggage search. “We had only seven suitcases, full of my scores, records and tapes,” he recalled recently. “They said, ‘Let’s listen.’ It was a big station. No one else was there. We took my record player and played ‘Cantus.’ It was like liturgy. Then they played another record, ‘Missa Syllabica.’ They were so friendly to us. I think it is the first time in the history of the Soviet Union that the police are friendly.” He was joking, but not entirely. Later, when I asked Nora about that strange scene at the border, she said, “I saw the power of music to transform people.”

Most contemporary composers aim to ravish the ear or to tickle (or boggle) the mind. Pärt is playing for higher stakes. He wants to touch something that he would call the soul, and to a remarkable extent, he is succeeding. When I would mention to friends or acquaintances that I was writing about Pärt, I was surprised at how many responded, “Oh, I love Arvo Pärt!” It’s not something you often hear when you mention a contemporary composer. The enthusiasm for Pärt’s music extends beyond the circles of classical music (where he is sometimes derided as backward-looking and boring) to include admirers in the pop-music world, like Michael Stipe of R.E.M. and Bjork. Many of Pärt’s pieces are settings of religious texts, and even the instrumental works bear a whiff of church incense. Yet the compositions resonate profoundly for the unconverted as well as the faithful. “It’s a cleansing of all the noise that surrounds us,” says the violinistGidon Kremer. It is music that reveals itself gradually, with a harmonic stillness that conjures up an alternative to hectic everyday existence. “I was attracted to the unbelievable calm and brilliance of his music, and a seeming simplicity,” Stipe told me. “As a musician and an artist, you realize that within its simplicity, it’s incredibly complex. It brings one to a total meditative state. It’s amazing, amazing music.”

Pärt (pronounced PAIRT) writes in a style that is unmistakably his own. “You put on a piece and you can tell at once it is Pärt — even the early pieces,” says the Estonian-born conductor Neeme Jarvi, who has known Pärt since 1960. “You can tell that with Shostakovichor Khatchaturian, but we don’t have many composers these days who have that ability to show, ‘This is me.’ ” Although Pärt’s music is often compared to the Gregorian chant in a monastery or the early polyphonic music of the Renaissance, you could just as easily liken it to the abstract paintings of Mondrian. It is governed by very strict rules in a framework so simple and clear that any deviation — a single dissonant note or an unexpected pause — can be as galvanizing as a small, yellow rectangle in a painted grid.

Last month, Pärt marked his 75th birthday, and the event was celebrated with a festival of his music throughout Estonia, where, says the younger Estonian composer Erkki-Sven Tuur, he is “a living legend.” There were performances of recent as well as familiar pieces, a reminder that Pärt, an energetic man with a reedy voice, loping gait and erect posture, shows few signs of slowing down. ECM New Series, which was inaugurated 26 years ago with his breakthrough work “Tabula Rasa,” likewise balanced the old and new, releasing a first recording of Pärt’s Fourth Symphony (which was premiered in 2009 by the Los Angeles Philharmonic) and preparing to issue a deluxe commemorative edition of “Tabula Rasa” in December. This year, Pärt’s major new work is “Adam’s Lament,” a 25-minute piece for string orchestra and chorus, based on an old Russian text. (“Adam’s Lament” will have its first North American performance next month in New York, as part of the White Light Festival at Lincoln Center.)

In one birthday-festival concert that I attended, in an old church in the Estonian capital of Tallinn, a long-stemmed red rose was handed to each of the players and then to the composer, who bounded up to the stage, playfully bopping the heads of the musicians with his floral baton. Belying his mythologized public reputation as solemn and monklike, Pärt disarmingly blends the antic with the earnest. Before we met, I could comprehend the impulse to cast him in a religious mold (although for me, with his aquiline nose, furrowed brow and gray-flecked black beard, a different holy prototype comes to mind — one of the apostles as painted by Tintoretto). Appearance notwithstanding, he is neither an ascetic nor a recluse. “He’s a man of the world,” says Manfred Eicher, the ECM founder and record producer, who is his close friend. “He is very centered. He knows exactly what he wants and doesn’t want.”

He is also forthright on worldly matters that he deems important. He dedicated the Fourth Symphony last year to Mikhail Khodorkovsky, who was an oil oligarch before he ran afoul of Vladimir Putin, the former president and current premier of Russia; since 2003, Khodorkovsky has been imprisoned for fraud and tax evasion. And after the murder, in October 2006, of the outspoken investigative journalistAnna Politkovskaya, whose articles embarrassed both Putin and the pro-Moscow government in Chechnya, Pärt declared that all concerts of his music that season would be performed in her memory. He volunteered to me that he knew that in making such gestures he was venturing outside his recognized bailiwick. “I am not a politician; I’m a dilettante,” he said. “But this is the normal thinking of people who came through this Soviet hell.”

In 1992, once Estonian independence had been proclaimed upon the ashes of the Soviet Union, Pärt and his wife came back to see their native land. They had spent 12 years in exile, mainly in Berlin. I asked him if he found Estonia very different on his return.

“It was nearly the same as when we left,” he said. “Same functionaries have changed their color. Some people say that after being occupied by another state, you need for healing the same amount of time as you were occupied. So we need 50 years and East Germany 48 years.”

He chuckled. “There was some kind of enthusiasm,” he added.

“Like teenager,” Nora chimed in. We were in a car, with Arvo driving us from the village in the country where they spend most of their time back to Tallinn, in which they keep a spacious apartment in the Old Town.

“ ‘Now we are free,’ ” Pärt mimicked, with a tone that was both wistful and amused. “Naïve a little bit. But the real life is something different. Then comes the difficulties. New bandits.”

At this point, a different strain of his personality sounded. “There is a good rule in spiritual life, which we all forget continually,” he said, “that you must see more of your own sins than other people’s.” He remarked that the sum of human sin has been growing since Adam’s time, and we all share some of the blame. “So I think everyone must say to himself, ‘We must change our thinking.’ We cannot see what is in the heart of another person. Maybe he is a holy man, and I can see only that he is wearing a wrong jacket.”

Some weeks later, I thought back on this conversation and reflected that in its two parallel lines — one worldly and critical, the other forgiving and tolerant — Pärt was recapitulating the two musical voices of the “tintinnabuli” style of composition, which he discovered after years of painful searching in the 1970s, and which has guided his music ever since.

The Arvo Pärt Center is located near the Pärts’ country home, in a newly built nouveau riche residence that conveniently became available in a foreclosure sale when the recession hit. The house now shelters the center’s administrative offices, and the former garage has been renovated into a climate-controlled archive.

The Pärts’ younger son, Michael, who was working abroad as a film-music editor, returned to Estonia two years ago to become the director of the center. Michael, who is 32, showed me the manuscripts that are the jewel of the archive, with a special place for his father’s spiral notebooks of the ’70s, which had been reinforced in those impoverished times with whatever was available, like scraps of leather or denim from old jeans. The acid in the Soviet recycled paper is leaching away the brightly colored felt-tipped-pen ink that the composer used to try out different harmonic accompaniments to his melodies; the center’s most pressing priority, occupying the attention of three staff members, is to scan these pages into digital images.

A little later, Pärt joined us and brought photostats of a 1976 notebook to show me. Along with musical notations, there were comments — in Estonian, Russian, Latin, German and English — that recorded his thoughts as well as quotes from texts. He read a few aloud, translating them into English for me. “ ‘The collection of energy must be the ground of form,’ ” he recited, and laughed. “What it means I do not know.” Such words are embellishments to the bulk of the journals, which are filled with musical notes. “I wrote thousands and thousands of pages,” he recalled, “to think in musical language, ‘What happened here?’ Why one melody makes this impression and traces the spirit, and another not? Every day, 10 or 20 pages or more. This was my work, every day. No way out.”

Before this long ordeal, music had come easily to him. The son of a heavy-machinery operator who left when Arvo was 2, Pärt moved into a more cultured milieu once his mother remarried a few years later. His stepfather was a commercial sign painter; in the family house were a concert piano and a stash of scores. The piano was lacking many keys in the middle register — “like a 5-year-old child with teeth missing,” Pärt told me. But even with this dilapidated instrument, he demonstrated his talent. His musical ability propelled him to a position as a drummer when he was drafted into the Soviet Army, and later to a place at the musical academy in Tallinn. There he became known as someone to watch — which, in the Soviet Union, was a mixed blessing.

As a young man, Pärt composed music that was exuberantly and aggressively modern. In 1962, his first orchestral piece, “Nekrolog,” was also the first Estonian 12-tone music to be performed; as Pärt’s biographer Paul Hillier recounts, it stirred great controversy, earning a specific denunciation in Moscow as “avant-garde bourgeois music” by the formidable musical arbiter Tikhon Khrennikov, secretary of the Union of Soviet Composers. Serial music was just one of the styles that Pärt was exploring. In numerous works of musical collage, a compositional approach that was popular with Shostakovich and other Soviet composers, he incorporated passages of shrill dissonance. Some pieces were nonsensically Dadaesque: in his Second Symphony, the musicians at certain points are instructed to crinkle pieces of brown wrapping paper or to squeak children’s toys.

Other works were more politically provocative. In 1968, he caused an uproar when his choral piece “Credo” was premiered. This time, the Latin text — it proclaims, “I believe in Jesus Christ” — is what outraged the devoutly atheistic authorities. Neeme Jarvi, who conducted the sole Soviet performance, told me: “The law was that you first had to show the score to the composers’ union. I didn’t. I thought they wouldn’t let us. The Estonian Philharmonic organization said, ‘Let’s do it.’ Next morning it was a big scandal in the Politburo of Estonia. Then the pressure starts. Some people were sacked from the Philharmonic organization.” He says that he retained his position because no one was available to replace him, but that the scandal dried up Pärt’s official commissions, forcing him to rely on writing film scores to earn a living.

In retrospect, what is most important about “Credo” is that in it, Pärt described in musical terms the crisis that was afflicting him. The composition juxtaposes a lovely harmonic progression from Bach’s Prelude in C with violently discordant music. “I wanted to put together the two worlds of love and hate,” he explained. “I knew what kind of music I would write for hate, and I did it. But for love, I was not able to do it.” That was what drew him to the idea of borrowing Bach’s theme and incorporating it into a collage. Like a tone poem, “Credo” dramatizes a story, in this case a scene from the New Testament. As Pärt explained, “It was my deep conviction that the words of Christ — ‘You have heard an eye for an eye, a tooth for a tooth, but I say to you, Do not resist evil, go with love to your enemies’ — this was a theological musical form. Love destroyed the hate. Not destroyed: the hate collapsed itself when it met the love. A convulsion.” So it is in “Credo.” Early on, the piece introduces the Bach quotation, the notes evolve into a sequence that is transformed following the rules of 12-tone music and then erupts into dissonance and clashing before subsiding once again into a gentle reprise of the Prelude.

After “Credo,” Pärt stopped composing. He no longer believed in the musical forms he had depended on. “I think if the human has conflict in his soul and with everything, then this system of 12-tone music is exactly good for this,” he told me. “But if you have no more conflict with people, with the world, with God, then it is not necessary. You have no need to have a Browning in your pocket, or a dagger.” One day, around that time, he thinks perhaps it was in a bookstore, he heard a snippet of Gregorian chant playing on a radio; it was like a window opening onto another world. “In one moment it was clear how much deeper and more pure is this world,” he continued. “Everyone has many antennae, and they catch what we cannot even register in our minds. But the feeling is clear.” In his obsessively thorough way, he began to study monody — the single line of Gregorian plainsong — and the birth of Western polyphony in medieval and early Renaissance music. He filled his notebooks with ancient melodies.

I asked if his attraction to religious music drew him into the church, but that was a distinction he didn’t recognize. “There is no border that divided,” he said. “Religion and life — it is all the same.” He was reading early Christian writings while he was immersing himself in musical study. “The old music, when it was written, the focus of this music was the Holy Scripture for composers for centuries,” he said. “It was the reality for every artist. Through one, you can understand the other. Otherwise, you are like some teachers in the Soviet Union who say, ‘Bach was a great composer but he had a defect; he was religious.’ It means this teacher cannot understand the music of Bach.”

At this time of spiritual searching, he met Nora, a musical conductor, who was embarked on a similar quest. Of Jewish origin, she was planning to immigrate to Israel with her parents, but after meeting Pärt, she chose to stay behind. In 1972, she entered the Russian Orthodox Church a few months before he did, and in that year, they married. “We had the same journey in the same direction; we had the feeling we must do it together,” he said. Ever since, they have formed a tight-knit unit, speaking in one voice to the outside world.

During the first years of their marriage, Nora watched her husband struggle to find his way out of his musical impasse. Pärt told me he felt that the tools he had were inadequate: “I cannot eat soup with a fork or meat with a spoon.” He was searching for a new system, one that would provide the kind of logical framework that 12-tone music offers but would allow him to express his evolving state of “small steps of tolerance to the world.” During this period of exploration, someone suggested that to escape his creative stalemate, he needed to disrupt his normal habits. To encourage that dislocation, the Pärts experimented with visual art; they would provide plain clay flowerpots to visiting friends, and they would all paint them. At the Arvo Pärt Center, there is one specimen of the composer’s handiwork, and it stands apart from the group. Other people daubed their pots with bright splotches. His is decorated with perfectly regular, muted color bands.

For several years, he studied old music, especially Gregorian plainsong. “Nothing changed in me, but I instinctively feel it has a life-giving power,” he said. “But where is this secret? Where is this secret?” He was following many different alleys, all of them blind. As Nora recalled, “We both don’t know in what direction to look — nature, forest, birds, bells. For Arvo, the seagull was important. He wanted the line of power of their flight. How do they have so much power? Maybe it is in these lines.” He drew patterns of notes that mimicked the motions of wings. That was not the answer.

“I hoped, of course, that I can find the way out, but also the hopeless was an everyday guest,” Pärt told me. “And I was full of energy. It was possible that I explode from all of this situation.” During that period, he wrote only one piece of music, the Third Symphony (1971), a transitional work. Mostly, he studied. “And maybe there was one point when I said, ‘Stop with this old music as a composer.’ Now in this place must be born something of mine — from everything that I have learned in old music, in religion, in life, and how much I was able to see my own sins and imperfections, and to repent it. To say, ‘Yes.’ And if you do, then it is like when you are on a computer, and you write a text and then you press something and it is empty. But it is a good thing. Begin from zero, from nothing. It’s like if there is a fresh snow and nobody has walked, and you take the first steps on this snow. And this is the beginning of new life.”

Pärt’s mature style was inaugurated in 1976 with a small piano piece, “Für Alina,” that remains one of his best-known works. It is governed by the compositional system that he called “tintinnabuli,” derived from the Latin word for “bells.” The tintinnabuli method pairs each note of the melody with a note that comes from a harmonizing chord, so they ring together with bell-like resonance. But the name of the method should not be taken too literally. “It’s a metaphor,” Pärt told me. His wife chimed in, “It’s poetical, and the sound of the word is musical.”

I wondered whom the piece was named for. “Alina is the daughter of our very good friend who visited us in Tallinn,” Pärt said. “And this day, as they visited us, the mother of Alina has a birthday. But Alina, the daughter, was not with her. She left the Soviet Union some years ago with her father and lived in London. And there was no connection, and it was hard for all. And then I decided to dedicate this small piano piece to Alina, like a small consolation.”

I replied that this suggested another metaphor, because the tintinnabuli style — especially in the simple form in which it exists in “Für Alina” — consists of two lines. The melody, which proceeds mainly in steps up and down the scale, might be compared to a child tentatively walking. The second line underpins each note of the melody with a note from a harmonizing triad (the fundamental chord of Western music) that is positioned as close as possible to the note of the melody, but always below. You could imagine this accompaniment to be a mother with her hands outstretched to ensure her toddler doesn’t fall.

Pärt grabbed my own hand with excitement. “This is the whole secret of tintinnabuli,” he exclaimed. “The two lines. One line is who we are, and the other line is who is holding and takes care of us. Sometimes I say — it is not a joke, but also it is as a joke taken — that the melodic line is our reality, our sins. But the other line is forgiving the sins.” Metaphors aside, the tintinnabuli style proved to be an ingenious and fertile system for generating compositions. From the late ’70s onward, after his long drought, Pärt has been an extremely productive composer.

While Pärt’s music is often categorized (although not by him) as minimalist, it avoids the monotony of some of the pieces that go by that label and too often sound as though they were stitched together by a sewing machine. This is primarily because the rules that bind the triadic to the melodic line produce unexpected outcomes; consequently, the music seems to move, even if, remaining in the home key, it never really goes very far. But it is also important that Pärt, a fanatic for detail, painstakingly adjusts each score to achieve the result he is after.

In the first tintinnabuli pieces, Pärt was not thinking about performances, and (as with medieval music) his notation was sparse. He stepped out publicly in 1977 with “Tabula Rasa.” His friend, the conductor Eri Klas, was looking for a work to accompany a performance of Alfred Schnittke’s First Concerto Grosso, which was written for two violins, harpsichord, prepared piano and string orchestra. He asked Pärt if he could deliver a piece in three months with the same orchestration. The composer complied (eliminating the harpsichord). When the new piece arrived, the orchestra players and the violin soloists, Gidon Kremer and Tatjana Grindenko, were bewildered. “We were all a bit surprised by the empty picture of the score,” Kremer told me. “It was all tonal and so transparent. There were so few notes.”

The night of the concert, the auditorium in Tallinn was full. Having had only two days of rehearsal, the musicians were filled with apprehension. “They came to the concert expecting a catastrophe, even Gidon Kremer and Tatjana Grindenko, who put all their talent on every note, especially the second part, the slow part,” Pärt said. “And it was a magnet for the orchestra, and they took over this articulation. And it was wonderful. It was so still that the people could not breathe or cough, it would disrupt. It was with me the same feeling. My heartbeat was so noisy that I thought everyone could hear.” The composer Tuur, who was still a teenager, was in the audience that night. “I was carried beyond,” he told me. “I had the feeling that eternity was touching me through this music.” In the score, Pärt wrote an exceptionally long four measures of rest at the end of the piece, but the silence went on even longer. “Nobody wanted to start clapping,” Tuur said.

When you listen to “Tabula Rasa,” the silence that is being broken is as palpable as the music being played; it is like the void that is shaped by a bowl. The two violins pierce with catlike delicacy and purpose. The piano (which is altered and amplified to produce the timbre of a bell or gong) streaks repeatedly like raindrops on a windshield and knells occasionally with a portentous clang. The chamber orchestra weaves a web of sustained notes that shimmer and glisten. If you were floating in space looking down on earth, this is what you would want in your headphones. Writing in The New Yorker eight years ago, Alex Ross reported that “Tabula Rasa” was often requested by terminally ill patients afflicted with AIDS or cancer.

It was “Tabula Rasa” that ECM’s Eicher heard, coming over the radio on a late-night drive he was making from Stuttgart to Zurich — and which so transfixed him that he pulled onto the side of the road to listen more closely. Eventually, he tracked down the name of the piece and the composer, and he contacted Pärt. Because his label up until then was devoted to jazz and improvised music, Eicher started the “New Series” to release composed works, with “Tabula Rasa” the first. Since that time, he has produced 11 more recordings devoted to Pärt’s music, always with the composer’s participation. It has been Pärt’s main avenue to international recognition.

Critics of Pärt’s work usually complain that it is ersatz and simple-minded. But unlike some so-called “holy minimalists” (like Henryk Gorecki and John Tavener) with whom he is unfairly grouped, Pärt composes by a process that is as rigorously systematic as anything propounded by Schoenberg. He is not an old-fashioned composer but a contemporary one. Without his having traveled through serial music, it is hard to imagine that he could have arrived at his method.

Much of what Pärt writes is choral music. Although his compositions are intended for concert performance and not religious service, in one regard he is medieval: his acute sensitivity to texts recalls the Gregorian chants he so admires. But here too, his mathematical brain is at work. He applies a set of principles to determine the phrasing of a piece: so that in “Passio,” a setting of the Passion according to St. John, which dates from 1982 and is one of his major accomplishments, he gives a different duration value to different syllables, depending on the syllables’ relationship to punctuation marks in the sentences. A similar operating system is used in instrumental works that are derived from texts, like the second movement of the Fourth Symphony; as the conductor Tonu Kaljuste observes, “Behind this string music is words — they pray between notes.”

Since he typically writes now in response to commissions, Pärt orchestrates his work with a detail that he didn’t apply in the early days, when his music was playing mainly in his own head — or, if it was performed, could be adapted to whatever musical forces were available. “It was music without colors,” Pärt explained to me. “Whatever instruments you had in Tallinn, you played at that time.” The more recent music also sounds freer than some of the older work. “Before, the algebra was most important,” Kaljuste says. “Now the algebra becomes more organic. The language he created has started to breathe.”

Over lunch with the Pärts, I asked if his music had become less confined by guidelines.

“The first period was very strict,” Nora said. “It was very important for Arvo to give himself a system, rules and discipline. And over time, Arvo had more and more freedom.”

“I believed in myself more and more,” he said. Then he added: “It can be good or bad. It is dangerous, this freedom.”

“Without discipline, freedom is very dangerous,” Nora said, with emphasis.

“In some way, we go back to the tintinnabuli,” Arvo resumed. “One line is like freedom, and the triad line is like discipline. It must work together.”

Back at the Pärt Center, shortly before this lunch, Pärt had described to me his attraction to early music and his exodus from the camp of contemporary 12-tone and atonal music.

“Actually, music is a very material thing,” he said. “When you play the dissonance between two strings — a very, very painful dissonance — then it is something very certain. And when you play a tune on the violin and the fifth is clean, then there is no other vibration. It’s like an oscilloscope when you see it goes flat.”

I said that when a medical oscilloscope went flat, the patient was dead.

He laughed. “This is a resurrection for purity from impurity.”

He walked to the piano in a corner of the room and crashed out some loud dissonant chords, a bedlam of black and white keys. Then he used two fingers to pick out two white keys and play an open fifth, an interval that is a fundamental musical consonance, a sound that soothes and resolves.

“We read it in our hearts and minds,” he said. “And you can choose. The composer can choose what he needs. This is very primitive explaining, but it is so. Who can say it is not so?”

Arthur Lubow is a contributing writer for the magazine. His last article was about the artist Tino Sehgal.

 

21/10/2010

Cachuera : Concerto apresenta sonatas dos filhos de Bach : 28/10, 21h

Filed under: Concertos, escuta, programação cultural — Tags:, , , — histmus @ 23:11

 

 

19/09/2010

Beethoven entre mito e homem: o grande mal-entendido

. artigo publicado em 02.09.2008

. . fonte : Deutsche Welle

Ele era surdo, sempre mal-humorado, sem jeito com as mulheres. Uma imagem que se encaixa quase bem demais no ideal do artista romântico: solitário, sofredor, porém genial. Até que ponto é este o Beethoven verdadeiro?

A cada qual, o seu Beethoven

A cada qual, o seu Beethoven

Primeiro, ele jogou vários livros na cabeça de um criado; em seguida, uma poltrona. De arrependimento, nem sombra. “Só assim tive sossego o dia inteiro.” E quando um príncipe opinou que em vez de três fagotes bastavam dois, ele respondeu: “Se Sua Alteza assim quer instrumentar, estou cagando”. Empregados, a nobreza, seus editores: todos ouviam dele poucas e boas. Um dos biógrafos de Beethoven o intitulou “o gênio grosseiro”.

“Van Beethoven, proprietário de cérebro”

Beethoven em 1804, retratado de Joseph Maehler

Beethoven em 1804, retratado de Joseph Maehler

A maioria das informações de que dispomos sobre Ludwig van Beethoven nos chegou através de sua correspondência e de seu diário. Ao contrário do contemporâneo Johann Wolfgang von Goethe, com quem não se dava bem, Beethoven desdenhava toda forma de auto-incensamento.

Em suas cartas, fala da maldade das pessoas e das barreiras de classe que lhe impedem o contato com as damas de seu coração. Ele não se encenava como alma nobre e superior; nem mesmo os amigos poupava do peso de seu senso crítico. Certa vez, seu irmão, que adquirira um imóvel, se assinou “Van Beethoven, proprietário de bens”. Ludwig replicou: “Van Beethoven, proprietário de cérebro”.

Ao príncipe Lichnovsky, um de seus patronos e mecenas, escreveu: “Príncipe, o que vós sois, o sois por acaso e nascimento; o que sou, sou através de mim. Príncipes houve e ainda haverá aos milhares; Beethoven, só há um.”

Beethoven para todos

As cartas de Beethoven e seu diário são como uma pedreira, da qual cada um, afinal de contas, acaba retirando aquilo de que necessita no momento. Determinadas declarações suas denotam uma atitude revolucionária; outras, uma postura elitista.

A 'Nona' no Japão: 5 mil cantores amadores entoam a 'Ode à Alegria'

A 'Nona' no Japão: 5 mil cantores amadores entoam a 'Ode à Alegria'

Este fato, acoplado a sua estética musical inovadora, levou a tentativas de recrutamento a posteriori, em parte, absurdas. A Nona sinfonia sublinhou em 1937 o aniversário de Adolf Hitler. Também a noticia da morte do ditador foi acompanhada, no rádio, pela mesma obra beethoveniana.

Porém mesmo antes, durante a República de Weimar, Beethoven já era instrumentalizado politicamente. A direita acentuava sua suposta francofobia e via nele uma “titânica natureza guerreira”. A esquerda equiparava o caráter revolucionário de sua música a seu efeito político.

Um uso que se prolongou durante a República Democrática Alemã. Após a Segunda Guerra Mundial, o compositor foi recrutado a serviço do regime comunista: Beethoven como guerreiro pela paz mundial.

Músico temperamental?

Contudo é totalmente fora de propósito procurar no próprio Beethoven metas políticas concretas. Suas declarações são díspares demais, para permitir tal coisa. Ele estava apenas preocupado com os novos caminhos da música – caminhos, aliás, que lhe traziam polpuda recompensa financeira.

Beethoven era conhecido por seu instinto para negócios. Entretanto vivia numa casa em péssimo estado, nos arredores de Viena, e pouco ligava para a própria aparência. Para seus contemporâneos, devia parecer absolutamente anticonvencional.

Ele permaneceu solteiro, vivendo para sua música: de manhã, compor; ao meio-dia, comer bem; à tarde, passear. Na percepção de muitos, ficou gravada até hoje a imagem do artista excepcional, porém difícil do ponto de vista humano. Ela é reforçada pelas centenas de quadros e bustos de um homem sisudo, de cabelos em alvoroço e olhar penetrante.

Contudo, muitas vezes a posteridade esquece até que ponto essa rispidez se devia à grande tragédia da vida de Beethoven: sua surdez.

Deficiência torturante

O aparelho de surdez do compositor

O aparelho de surdez do compositor

Ludwig van Beethoven tem pouco mais de 30 anos quando fica óbvia a impossibilidade de esconder sua progressiva deficiência auditiva. Um músico surdo?

“Meus ouvidos ribombam dia e noite sem parar”, escreve. O compositor pensa em suicídio, se afasta dos outros seres humanos. Chega a redigir uma carta de despedida, que, no entanto, não envia. Nela se encontra uma das mais conhecidas frases de Beethoven sobre si mesmo:

“Oh homens, que me considerais hostil, intratável e misantropo, que injustiça cometeis comigo.”

Ramón Garcia-Ziemsen (av)

• • • •

14/09/2010

1840: Compositor Robert Schumann desposa Clara Wieck

. publicado originalmente em 12.09.2010

. . fonte : Deutsche Welle

* * *

No dia 12 de setembro de 1840, o compositor se casa com Clara (1819-1896), apesar da resistência do pai dela, o pianista Friedrich Wieck. Um capítulo marcante para um dos casais menos convencionais da história da música.

Robert Alexander Schumann (1810-1856) nasceu em Zwickau, Saxônia. Na qualidade de editor e escritor, seu pai lhe proporcionou contato com a fina flor da literatura da época, de Lord Byron e Jean Paul a toda uma legião de poetas. Robert começara a estudar piano relativamente tarde, aos oito anos, sem demonstrar talento pronunciado. Em 1826, após a morte do pai, foi enviado a Leipzig para cursar Direito.

Uma carta à mãe, em 1829, marca a guinada surpreendente na trajetória do jovem intelectual: “Cheguei à conclusão de que, com trabalho, paciência e um bom professor, seria capaz de ultrapassar qualquer pianista num prazo de seis anos. Além disso, tenho imaginação e talvez habilidade para um trabalho de criação individual”. No ano seguinte, anotaria em seu diário: “Sou excelente em música e poesia, mas não um gênio musical. Meus talentos de músico e de poeta estão no mesmo nível”.

O “bom professor” era ninguém menos do que Friedrich Wieck, que se tornaria seu sogro e pior inimigo. Sob a promessa (não cumprida) de deixar de fumar charutos e, sobretudo, de beber tanto, Schumann se mudou em outubro de 1830 para a casa do mestre. De início, a segunda filha dele, Clara, pianista-prodígio de 11 anos de idade, não interessa ao jovem músico em especial.

Simbiose e destrutividade

Nos anos seguintes desenvolve-se um tumultuado romance entre Schumann e a jovem, marcado por encontros secretos e escapadas. Wieck fica horrorizado com a perspectiva de ter como genro o jovem – que agora taxa de beberrão e perdido – e se opõe com toda a autoridade paterna à ligação. Somente após uma longa batalha judicial Robert desposa Clara, em 12 de setembro de 1840.

O casal Schumann é possivelmente um dos mais anticonvencionais da história da música: uma mistura de simbiose, apoio incondicional e perniciosidade. Profissionalmente, Clara representou um papel complementar, quase compensatório na vida de Robert: à medida que ele era forçado a renunciar ao piano, ela ascendia como concertista. Uma carreira entrecortada, é certo, por frequentes gestações (o casal teve oito filhos).

Alguns estudiosos chegam a classificar as notórias escapadas homossexuais do compositor durante os anos de casamento como um bem-vindo alívio para Clara. Cinismo à parte, a morte do marido foi uma libertação para ela, que pôde finalmente realizar seu brilhante destino de pianista, Clara Schumann sobreviveu ao marido ainda 40 anos, e continuou tocando em público até março de 1891. Ela faleceu em 20 de maio de 1896 em consequência de um derrame, aos 77 anos de idade, em Frankfurt.

Augusto Valente

09/09/2010

Monteverdi : biografia e informações

. biografia da Wikipedia em português

. . consulte também a Fondazione Claudio Monteverdi

. . . cena da ópera Orfeo com coreografia : video

. . . . Sì dolce è il tormento : video

. . . . . Ohimé : video

*     *     *

Claudio Giovanni Antonio Monteverdi (Cremona, batizado em 15 de maio de 1567 — Veneza, 29 de novembro de 1643) foi um compositor, maestro, cantor e gambista italiano.[1]

Desenvolveu sua carreira trabalhando como músico da corte do duque Vincenzo I Gonzaga em Mântua, e depois assumindo a direção musical da Basílica de São Marcos em Veneza, destacando-se como compositor de madrigais e óperas. Foi um dos responsáveis pela passagem da tradição polifónica do Renascimento para um estilo mais livre, dramático e dissonante, baseado na monodia e nas convenções do baixo contínuo e da harmonia vertical, que se tornaram as características centrais da música dos períodos seguintes, o Maneirismo e o Barroco.

Monteverdi é considerado o último grande madrigalista, certamente o maior compositor italiano de sua geração, um dos grandes operistas de todos os tempos e uma das personalidades mais influentes de toda a história da música do ocidente. Não inventou nada novo, mas sua elevada estatura musical deriva de ter empregado recursos existentes com uma força e eficiência sem paralelos em sua geração, e integrado diferentes práticas e estilos em uma obra pessoal rica, variada e muito expressiva, que continua a ter um apelo direto para o mundo contemporâneo ainda que ele não seja exatamente um compositor popular nos dias de hoje.[2][3]

Biografia

Família

Claudio Monteverdi era filho de Baldassare Monteverdi e Maddalena Zignani. Seu pai era barbeiro-cirurgião, uma tradição familiar, e sua mãe era filha de um ourives. Teve duas irmãs e três irmãos. A tradição médica de sua família, segundo Ringer, pode ter sido uma influência em sua inclinação para a observação da natureza humana, refletida mais tarde em suas óperas, e o seu concomitante envolvimento com a ciência, a causa de ele ter se interessado por toda a vida pela alquimia como um passatempo privado. Quando estava com oito anos perdeu a mãe, e seu pai logo contraiu novo matrimônio com Giovanna Gadio, com quem teve mais filhos, mas esta segunda esposa também faleceu precocemente, e em 1584 Monteverdi conheceu outra madrasta, Francesca Como.[4] Monteverdi casou-se com Claudia Cattaneo em 1599, e tiveram os filhos Francesco Baldassare (n. 1601), que se tornou músico, Leonora Camilla (n. 1603), morta logo após o nascimento, e Massimiliano Giacomo (n. 1604), que formou-se em Medicina.[5]

Cremona

Os primeiros anos de sua carreira são de difícil reconstrução. Em data ignorada se tornou aluno de Marc’Antonio Ingegneri, mestre de capela da Catedral de Cremona e músico de renome internacional, mas não sobrevivem registros dessa ligação salvo sua citação sumária no frontispício das primeiras obras que publicou, mas segundo toda a probabilidade seguiu as praxes de seu tempo, sendo educado no contraponto, canto, instrumentos e composição, e possivelmente participando como menino cantor no coro da Catedral até sua voz mudar. Mesmo sem conhecermos os detalhes da pedagogia de Ingegneri e de seu progresso, sabe-se que este foi rápido, pois com apenas quinze anos já publicava uma coleção de 23 motetos, as Sacrae Cantiunculae tribus vocibus (Veneza, 1582), que traem uma dependência direta do estilo de seu mestre mas já são obras competentes. No ano seguinte publicou outra coleção, Madrigali Spirituali a quattro voci (Brescia, 1583), e em 1584 mais outra, Canzonette a tre voci. Em 1587, surgiram os Madrigali a cinque voci, Libro Primo.[6]

Mântua

Não se sabe a data exata da partida de Monteverdi para Mântua; ele pleiteara emprego em outros locais, sem sucesso, mas em 1590 estava empregado como gambista na brilhante corte ducal de Vincenzo I Gonzaga, e logo entrou em contato com a vanguarda musical da época. Neste período os madrigalistas mais avançados estavam desenvolvendo um estilo de composição baseado na doutrina dos afetos, que buscava uma ilustração musical de todas as nuances do texto. Os poetas mais prestigiados, Torquato Tasso e Giovanni Battista Guarini, faziam uma poesia altamente emocional, retórica e formalista, e os músicos se esforçavam por captar esses traços e descrevê-los através de uma série de convenções de melodia e uma original pesquisa harmônica. As primeiras obras que Monteverdi produziu em Mântua evidenciam uma adesão a estes princípios, embora não os dominasse de imediato, e o resultado tivesse melodias angulosas e difíceis de cantar, e uma harmonia com muitas dissonâncias. A mudança de estilo parece ter prejudicado sua inspiração, pois publicou muito pouco nos anos seguintes.[7]

Em 1595 acompanhou seu patrão em uma expedição militar na Hungria, quando os mantuanos tiveram um papel na tomada de Viszgrad. A viagem além de ter sido desconfortável obrigou-lhe a realizar grandes despesas imprevistas. No ano seguinte o mestre de capela do duque morreu, mas o cargo foi ocupado por outro músico, Benedetto Pallavicino. Talvez vendo suas perspectivas de crescimento profissional limitadas em Mântua, Monteverdi estreitou relações com a corte de Ferrara, que mantinha já há algum tempo, enviando para lá mais regularmente composições suas, mas a anexação daquele ducado aos Estados Pontifícios em 1597 frustrou quaisquer planos de mudança que ele possa ter alimentado. Sua fama, por outro lado, já ultrapassava as fronteiras da Itália.[8] Em 20 de maio de 1599 casou-se com uma cantora, Claudia Cattaneo, mas passados apenas vinte dias do enlace o duque o requisitou para outra viagem, ora para Flandres, onde deve ter entrado em contato com os últimos representantes da escola polifônica franco-flamenga, que fora muito influente na Itália. Mas, da mesma forma que na outra ocasião, a viagem o fez gastar muito mais do que recebia. Quinze anos depois ele ainda se queixaria em carta a um amigo sobre os duradouros efeitos negativos desses gastos sobre a sua frágil economia doméstica.[3][9]

Em 1602 assumiu finalmente o posto de mestre de capela do duque, o que representou um aumento de ganhos e de prestígio, mas também de trabalho e aborrecimentos, posto que seu salário era pago irregularmente e o tratamento que recebia do duque, pelo que registrou em sua correspondência, não era sempre o mais respeitoso. Recebeu cidadania mantuana e mudou-se de sua casa nos subúrbios para alojamentos nas dependências do palácio ducal.[5] Nos anos seguintes publicou mais dois livros de madrigais, com algumas obras-primas que já mostram uma perfeita assimilação do novo estilo, resolvendo os problemas de ilustração musical do texto sem perder de vista a coerência da estrutura e a fluência do discurso musical, e sem se prender a uma descrição exaustiva e minuciosa do texto, preferindo antes ilustrar sua essência e significado geral. Nesta época já começava a se declarar uma controvérsia pública entre os adeptos da polifonia tradicional e os defensores do novo estilo monódico e expressivo. O primeiro partido declarava que a música era a senhora da palavra (Harmonia orationis Domina est), e o segundo, o contrário, que o texto deveria orientar a composição musical (Oratio harmoniae Domina absolutissima), e Monteverdi se engajou no debate por instigação de um teórico conservador, Giovanni Maria Artusi, que condenou o uso em sua música de frequentes dissonâncias, intervalos inadequados, cromatismos, ambiguidade modal e a presença de trechos próximos da declamação. Disse que “a música feita pelos antigos produzia efeitos maravilhosos sem essas brincadeiras, mas esta é apenas insensatez”.[3][7] Monteverdi se viu obrigado a fazer uma defesa pública de seus trabalhos através de um manifesto, que incluiu como um apêndice de seu quinto livro de madrigais, onde falou:

“Eu não componho minhas obras através do acaso… A respeito das consonâncias e dissonâncias, existe uma outra maneira de considerá-las, além da forma tradicional, a qual, satisfazendo tanto a razão como os sentidos, defende o modo moderno de compor… O compositor moderno constrói sobre os alicerces da verdade”.[10]

Continuava dizendo que não se via como um revolucionário, e que seguia uma tradição de experimentalismo que já tinha mais de 50 anos, que buscava criar uma união entre música e palavra, e que pretendia comover o ouvinte. Nessa pesquisa, acrescentou, para que o efeito emocional fosse mais poderoso e fiel, algumas convenções rígidas deviam ser sacrificadas, mas acreditava que a música tinha autonomia, como acreditavam os antigos polifonistas como Josquin des Prez e Giovanni da Palestrina. Com isso ele estabeleceu a validade de ambas as correntes, a tradicional, a prima pratica, que privilegiava a música sobre a palavra, e a vanguardista, chamada de seconda pratica, que defendia a primazia do texto. Sua opinião se tornou de enorme influência na discussão teórica da época e ele continuou trabalhando com ambas as estéticas por toda a sua vida.[7]

Em 1607, já famoso pelos seus madrigais e como um dos líderes da vanguarda, teve sua reputação consolidada pela apresentação de sua primeira ópera, L’Orfeo, favola in musica. Com toda probabilidade ele se aventurou nesse gênero após entrar em contato com a produção dos florentinos Jacopo Peri e Giulio Caccini, que estavam fazendo uma tentativa de reconstruir o teatro musicado da Grécia Antiga, e cujo resultado foi o desenvolvimento de um estilo de composição dramática com recitativos e árias que foi a origem da ópera. Monteverdi também pode ter feito alguns experimentos prévios, não documentados, mas seja como for com L’Orfeo ele já apareceu à frente dos florentinos, com uma concepção cênica e um estilo musical muito mais integrados, flexíveis e poderosos, combinando a opulência dos espetáculos teatrais renascentistas com uma grande veia declamatória nos recitativos e árias, enquanto que seus coros assumem uma função importante como comentaristas da ação dos protagonistas. Usando um grande grupo instrumental, foi capaz de criar uma rica variedade de atmosferas para ilustração musical das cenas e enfatização de seu conteúdo emocional.[7]

Poucos meses depois da estréia de L’Orfeo, perdeu sua esposa e entrou em depressão, retirando-se para a casa de seu pai em Cremona. Quase imediatamente, seu patrão requisitou sua volta, a fim de que compusesse uma nova ópera, Arianna, para celebrar o casamento de seu herdeiro Francesco Gonzaga, com Margarida de Sabóia. Teve de compor ainda um bailado e música incidental para uma peça de teatro. E enquanto a ópera estava sendo ensaiada, a soprano principal faleceu, e ele teve de adaptar toda a sua parte. Foi finalmente encenada em maio de 1608, com imenso sucesso. Infelizmente a partitura se perdeu, salvo uma ária, o famoso Lamento, que foi transmitido por várias fontes. Depois de terminar suas obrigações, voltou para Cremona em um estado de exaustão, que perdurou por um bom tempo. Foi intimado a voltar para Mântua no fim de 1608, mas recusou-se, só comparecendo mais tarde, e desde então passou a mostrar sinais evidentes de descontentamento, considerando-se mal pago e desprestigiado. Não cessou de compor, mas sua produção do ano seguinte trai seu estado de ânimo sombrio. Em 1610 publicou uma coleção de peças para as Vésperas da Virgem Maria, Vespro della Beata Vergine, incluindo uma missa em prima pratica, que representa o coroamento de sua obra no estilo antigo, com grandes qualidades estéticas e enorme ciência contrapontística. As outras peças, mais modernas, são da mesma forma obras-primas, compondo um amplo painel de todos os tratamentos possíveis em seu tempo para a música sacra, com peças para voz solo, corais e interlúdios instrumentais, com um completo domínio do estilo suntuoso da música coral veneziana, e cujo efeito é grandioso e impactante.[7]

Veneza

Em 12 de fevereiro de 1612 seu patrão faleceu, e seu sucessor não tinha o mesmo interesse em arte, despedindo vários músicos, entre eles Monteverdi. Durante este ano o compositor viveu com seu pai em Cremona, e ganhou seu sustento dando concertos. Tentou oferecer seus serviços para alguns nobres, mas não obteve resposta positiva. Abrindo em 1613 a vaga de mestre de capela da Basílica de São Marcos em Veneza, candidatou-se e foi admitido em agosto, com um salário substancial de 300 ducados por ano.[11] Era o cargo oficial mais cobiçado da Itália na época.[3] Apesar de não ter grande experiência em música sacra, dedicou-se empenhadamente à sua nova função, e em poucos anos São Marcos, que em sua admissão estava um tanto desvitalizada, se tornou novamente um centro musical importante. Pôde contratar novos músicos, especialmente cantores e castrati, colocou os instrumentistas na folha regular de pagamento e os contratou para séries fixas de apresentações, e determinou a impressão de muita música nova para complementar o repertório.[12] Entre suas obrigações estavam escrever peças novas e reger toda a música sacra usada no culto da Basílica, que seguia um cerimonial específico, e também supervisionar toda a música profana usada em cerimônias oficiais da cidade. Paralelamente, participava de muitos concertos e recebia encomendas privadas da nobreza.[11]

Mesmo assoberbado pelo volume de trabalho, sua correspondência desta fase mostra que ele já estava recuperado da perda da esposa e se sentia feliz, sendo altamente prestigiado e bem pago, mas não rompeu seus laços com Mântua, pois a ópera em Veneza não era muito cultivada, enquanto que na outra cidade era uma atração frequente, e a visitou várias vezes. Sua concepção operística também evidenciou uma mudança, assumindo um dramatismo inédito que teve enorme influência na evolução do gênero pelos anos à frente. Para isso desenvolveu novos recursos musicais, assimilou conquistas da nova geração de compositores no campo da música realista e trouxe para a música idéias sobre as emoções que encontrou em suas leituras de Platão, e cujos primeiros frutos apareceram no seu próximo livro de madrigais, o sétimo, publicado em 1619.[7] Em 1624 veio à luz uma primeira tentativa dramática segundo sua nova doutrina: Il combattimento di Tancredi e Clorinda, uma musicalização de um trecho da obra de Tasso Gerusalemme liberata, e que levou o público às lágrimas em sua estréia.[13] Também fez experiências de música cômica, como La finta pazza Licori (“Licori, a louca fingida”) (1627).[7] Infelizmente perdida, é muito provável que se tratasse de uma opera buffa, proposta à corte de Mântua, com libreto de Giulio Strozzi. Como não há registro de que tenha sido exibida, supõe-se que nunca tenha sido completada, embora seja referida, na correspondência de Monteverdi, como “uma infinidade de pequenas invenções ridículas”, com influências da commedia dell’arte.[14]

A esta altura o compositor já se sentia cansado; tinha frequentes dores de cabeça, surgiram problemas de visão e um tremor nas mãos que dificultava sua escrita. Em torno de 1630 ingressou na vida religiosa, mas em 1631 uma epidemia de peste atingiu a cidade. As atividades musicais foram suspensas por dezoito meses e um terço da população perdeu a vida, incluindo seu primogênito Francesco. Não bastando essas aflições, no mesmo ano seu filho sobrevivente, Massimiliano, foi preso pela Inquisição por ler obras proibidas. Com o fim da praga, escreveu uma missa em ação de graças, e em 1632 foi ordenado padre. Sua música sacra deste período é muito mais majestosa e tranquila do que a de seus anos anteriores, e um distanciamento semelhante da agitação emocional é nítido nos seus últimos madrigais e canções.[11] Em torno de 1633 planejou publicar um ensaio definindo suas concepções musicais intitulado Melodia overo seconda pratica musicale, mas o livro nunca foi impresso. Sobrevivem cartas atestando que a polêmica contra Artusi jamais saíra de sua mente neste intervalo, e que apenas depois de ter debatido ele foi capaz de definir para si mesmo quais os princípios que determinaram a sua evolução posterior.[15]

Em 1637 abriram as primeiras casas de ópera em Veneza, o que lhe deu a chance de trabalhar mais uma vez nesse gênero, e de fato em poucos anos produziu quatro composições, das quais só sobreviveram duas: Il Ritorno d’Ulisse in Patria, e La Coronatione di Poppea, ambas obras-primas que são consideradas as primeiras óperas modernas, já muito afastadas do espírito da ópera renascentista, exemplificado no L’Orfeo. Fazem grande exploração dos meandros da psicologia humana e descrevem com profundidade uma grande gama de caracteres, desde os heróicos e os patéticos até os mais vis e cômicos, e incorporam muitas novidades na forma dos números individuais, abrindo-se para estruturas contínuas que concorrem para aumentar a unidade e força dramática do texto que lhe dá base. Com elas Monteverdi se alçou à posição de um dos grandes operistas de todos os tempos.[7]

Em 1643, já idoso e incapaz de cumprir todas as suas obrigações, ganhou a ajuda de um assistente, dividindo com ele os encargos de mestre de capela. Em outrubro visitou Mântua pela última vez, e em novembro já estava de volta a Veneza. Depois de uma breve doença, diagnosticada como uma “febre maligna”, faleceu, em 29 de novembro. Recebeu um funeral grandioso na Basílica de São Marcos, com grande afluência de público, e seus corpo foi sepultado na Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari, onde lhe foi erguido um monumento.[16]

Obra

Contexto e visão geral

Monteverdi trabalhou num período de crise de valores estéticos. Até pouco antes de ele nascer toda música séria do Renascimento era produzida dentro do universo da polifonia, uma técnica que combina várias vozes mais ou menos independentes num tecido musical intrincado e denso, de forte base matemática e com regras rígidas para composição que estavam alicerçadas em fundamentos éticos. O gênero mais prestigiado cultivado pelos seus grandes predecessores – Josquin Desprez, Orlande de Lassus, Giovanni da Palestrina e outros – era o da música sacra. Nela se destacava a forma da missa, cujo texto em latim se apresentava através de um trabalho contrapontístico floridamente melismático, onde as várias vozes recebiam um tratamento semelhante, formando uma textura bastante homogênea que refletia os ideais de clareza, ordem, racionalidade, equilíbrio e harmonia privilegiados pelos renascentistas, cuja visão geral do cosmos era regida por hierarquias fixas, idealizadas e imaculadamente proporcionadas, onde o homem ocupava um lugar central. Nesse contexto filosófico, as dissonâncias na música podiam aparecer, mas desde que fossem cuidadosamente preparadas e também cuidadosamente resolvidas, pois rompiam a harmonia do conjunto.[17]

Esse sistema idealista entrou em crise exatamente na época em que Monteverdi nasceu, por conta de importantes mudanças na sociedade. Entre elas estava o conflito entre o mundo católico e os protestantes, que em meados do século XVI estava atingindo as proporções de uma guerra religiosa. Para combater os protestantes o papado lançou o movimento da Contra-Reforma, onde a música sacra desempenhava um papel importante como instrumento de propaganda da fé ortodoxa. Entretanto, durante a Contra-Reforma a polifonia também for reformada, pois até então o interesse principal dos compositores jazia na música e não no texto, e se por um lado as missas polifônicas das gerações anteriores produziam um efeito psicológico de majestade e tranquilidade, por outro suas palavras não podiam ser compreendidas, pois estavam imersas em um tecido contrapontístico tão cerrado, onde várias vozes cantavam palavras diferentes ao mesmo tempo, que seu significado se perdia para o ouvinte. Segundo a lenda, a polifonia esteve perto de ser banida do culto, se não fosse Palestrina demonstrar, através de sua Missa Papei Marcelli, composta em 1556, que ela podia sobreviver e ao mesmo tempo tornar o texto inteligível.[18]

O propósito da Contra-Reforma no que dizia respeito à música era dar-lhe, como se disse, inteligibilidade, mas também suscitar uma resposta mais emocional no ouvinte, pois muitos então viam a polifonia como excessivamente intelectual e fria. Para atender a essas novas necessidades, além da simplificação da polifonia, outros músicos trabalharam em uma linha inteiramente diversa, dedicando-se a resgatar a monodia, ou seja o canto ou recitativo solos acompanhados por um baixo de simples sustentação harmônica, o chamado baixo contínuo, que se estruturava verticalmente em acordes, e não mais em linhas horizontais, como fazia a música polifônica tradicional. O baixo contínuo permitia ainda dar uma atenção principal à ilustração do texto, e trabalhar com uma liberdade improvisatória inexistente na polifonia, possibilitando a introdução de ritmos e cromatismos exóticos que não tinham lugar na prima pratica.[19]

Segundo Menezes, a distinção entre as práticas prima e seconda se fundamentava sobre aquilo que talvez tenha sido a principal questão da estética musical ao longo dos tempos: sua semanticidade ou assemanticidade, ou seja, a definição do que a música significa. Os compositores barrocos passaram a priorizar um problema específico: a ilustração musical do texto. Para isso foi importante a aplicação de uma sistematização musical dos sentimentos conhecida como a Teoria dos afetos, que estava em voga na época, onde cada sentimento específico, que em si mesmo era uma condição de características definidas e constantes, se ilustrava através de um estereótipo sonoro igualmente formalizado, definido e invariável. Cabia ao compositor utilizar esses estereótipos formais convencionados, que compunham como que as palavras disponíveis em um dicionário sonoro, de uma forma organizada e coerente para que se estabelecesse um verdadeiro discurso musical, que ilustraria a expressão emocional contida no texto e faria o público, já a par dessas convenções, penetrar em um nível de compreensão da música mais profundo, facilitando a empatia com o seu significado. A constituição deste repertório de elementos musicais de caráter descritivo derivara dos princípios da retórica clássica, e seus ele podia se expressar de variadas maneiras: através de certos motivos melódicos ou rítmicos, do perfil das melodias, da instrumentação, do tipo das vozes, e assim por diante, cada uma dessas escolhas estando associada à esfera de um determinado sentimento ou emoção.[20][21] Como disseram Versolato & Kerr,

“A redescoberta, em 1416, da Institutio Oratoria, de Quintiliano, constituiu uma das principais fontes para o desenvolvimento do processo de simbiose entre a retórica e a música ocorridas no século dezesseis. Nesse texto, assim como em Aristóteles, são enfatizadas as similaridades entre música e oratória, e tem-se por meta a mesma de todos os outros estudos de oratória desde a antiguidade, a saber: instruir o orador nos meios de controlar e dirigir a resposta emocional de sua platéia ou, na linguagem da retórica clássica e também dos antigos tratados de música, capacitar o orador (ou seja, o compositor ou o intérprete) a mover os “Afetos” de seus ouvintes. O grande impacto do pensamento retórico clássico na cultura européia deu-se a partir do advento do Humanismo renascentista, tornando-se uma das bases do currículo educacional das escolas e universidades da época e, conseqüentemente, determinando uma nova atitude composicional, tanto na música sacra quanto secular, que levou a novos estilos e formas musicais, sendo o madrigal e a ópera os mais notórios. A associação da música com os princípios da retórica constitui, talvez, o traço mais marcante do racionalismo musical barroco, modelando o pensamento teórico e estético do período, e defnindo o pensamento musical seja quanto ao estilo, forma, expressão, métodos composicionais e performance.”[22]

O estilo inicial de Monteverdi estava firmemente enraizado na tradição polifônica, e logo incorporou elementos estéticos que circulavam entre os eruditos de Mântua, onde desenvolveu a primeira parte importante de suas carreira. Nesse ambiente se cultivava um tipo de madrigal polifônico dedicado a ouvintes sofisticados, que aceitavam desvios das normas rigorosas do contraponto para se atingir efeitos expressivos e de ilustração do texto, e esta foi a base sobre a qual pôde mais tarde desenvolver recursos próprios mais complexos, explorar as possibilidades da monodia, penetrar na esfera da ópera e se manter a par das inovações trazidas pelas novas gerações, não raro superando seus criadores.[23] Monteverdi não foi o inventor das formas que usou; o madrigal e a polifonia já tinham uma tradição de séculos, a monodia, a ópera e o recitativo nasceram com os florentinos, o cromatismo já vinha sendo explorado com resultados importantes por Luca Marenzio, Carlo Gesualdo e outros, e sua rica instrumentação foi apenas uma extensão da técnica de Giovanni Gabrieli, mas ele levou esses recursos a uma consumação magistral, sem paralelos em sua geração. Pela profundidade das transformações que introduziu não é incorreto chamá-lo de um pioneiro.[3]

Sua conhecida polêmica com Artusi, que se desenvolveu ao longo de cerca de dez anos,[24] foi a arena mais notória do conflito entre a prima pratica e a seconda pratica que corria em sua época, uma polarização de estéticas que graças à contribuição de Monteverdi puderam continuar convivendo e mostrando sua utilidade para a obtenção de resultados diferentes. Para Artusi o intelecto era o juiz supremo da arte, e não os sentidos; arte para ele significava habilidade no mais alto grau, governada por princípios teóricos que a tornavam integralmente transmissível e compreensível, e estava no mesmo nível da ciência. Para Monteverdi a finalidade da arte era atingir as emoções e não apelar para o puro entendimento, e para conquistar essa meta o artista devia usar todos os meios ao seu alcance, mesmo que isso significasse infingir algumas regras; arte era, pois, um assunto de interpretação pessoal e não podia ser completamente apreendida pela razão; diante da representação das emoções não cabia estabelecer nada como “certo” ou “errado”, mas sim verificar se a arte estava sendo eficiente e verdadeira. Na continuidade dessa tendência cheia de imprecisão e individualismos, o mundo que os renascentistas consideravam perfeitamente cognoscível entrou em colapso, aparecendo em cena como forças dominantes a dualidade expressa em contrastes poderosos, a subjetividade e o desequilíbrio ou assimetria, traços típicos do Maneirismo e depois, muito mais marcadamente, do Barroco.[25] No prefácio do seu Quinto Livro de Madrigais, Monteverdi escreveu:

“Não vos admireis por eu dar à estampa estes madrigais sem antes responder às oposições que fez Artusi a algumas breves passagens deles, porque estando eu ao serviço de Sua Serena Alteza de Mântua, não sou senhor do tempo de que precisaria para tal. Porém, escrevi uma resposta, para que se saiba que não faço as coisas ao acaso, e, assim que estiver revista, virá a lume, trazendo no frontispício o título Seconda Pratica overo Perfettione Della Musica Moderna. Alguns acharão isto estranho, não acreditando que exista outra prática para além da ensinada por Zarlino. Mas a esses posso garantir, a respeito de consonâncias e dissonâncias, que há outra forma de as considerar diferente dessa já determinada, que defende a moderna maneira de compor com o assentimento da razão e dos sentidos. Quis dizer isto tanto para que outros se não apropriassem da minha expressão “seconda pratica” como para que os homens de inteligência pudessem considerar outras reflexões em torno da harmonia. E acreditai que o moderno compositor constrói sobre alicerces de verdade. Sede felizes!”. [26]

Sua teoria musical

De acordo com as cartas que trocou com Giovanni Battista Doni entre 1633 e 1634 sabe-se que ele estava nestes anos envolvido com a escrita de um tratado teórico, que seria intitulado Melodia overo seconda pratica musicale (A Melodia, ou a Segunda Prática Musical), onde deveria expor mais longamente os fundamentos de sua técnica e de sua estética, mas o projeto nunca se concretizou. Não obstante, suas idéias são em linhas gerais conhecidas, pois ele deixou substanciais opiniões sobre teoria musical em diversos pontos de sua correspondência e em alguns prefácios de suas coletâneas de madrigais.[27]

Monteverdi explicou a música da seconda pratica como sendo em essência uma transposição sonora da arte da retórica como definida na Antiguidade por Platão, Aristóteles, Quintiliano, Boécio e outros filósofos e oradores, num conjunto de preceitos que no tempo de Monteverdi continuavam válidos e haviam sido enriquecidos com a Teoria dos afetos. Sua interpretação da retórica aplicada à música advinha da observação direta do homem e da natureza em geral, como faziam os antigos, imitando-os também em seu método expositivo, onde usava sistematicamente a estratégia de primeiro estabelecer os elementos fundamentais de seu tópico, continuando com uma justificativa, e encerrando com uma descrição de suas aplicações práticas. Sua teoria era organizada em uma série de categorizações tripartidas e simétricas: a primeira categoria dizia respeito aos afetos da alma (ira, temperança e humildade), a segunda, à voz humana (alta, baixa e média), e a terceira, ao caráter música (stile concitato, stile molle e stile temperato). Sobre este fundamento, e partindo da premissa de que a música deve servir como uma ilustração e um estímulo das paixões, o compositor definia o gênero concitato como invenção sua, uma modalidade expressiva descrita por Platão em sua República que ainda não havia sido explorada pelos compositores da prima pratica. O compositor traçou as origens do gênero, sua história e afirmou sua importância para o aperfeiçoamento das capacidades expressivas da música. Este gênero, segundo ele, derivava de outros três princípios, a oratória, a harmonia e o ritmo, que formavam a base também de toda boa interpretação. Outra categorização tripartida dizia respeito às características da música segundo sua função: música dramática ou encenada, música de câmara e música para dança, traçando uma correspondência entre o gênero concitato e a música guerreira, o gênero molle e a música amorosa, e o gênero temperato e a música representativa.[28]

Cada um dos gêneros descritos por Monteverdi estava associado a um conjunto específico de afetos, e seu emprego visava reproduzí-los no ouvinte. O concitato reflete excitação e gera sentimentos expansivos, desde a fúria incontida até a alegria exuberante. O molle é adequado para o retrato de paixões dolorosas que resultam da contração da alma, sendo expresso por cromatismos e dissonâncias. O temperato, o mais ambíguo, não pretendia suscitar paixões intensas, ao contrário, se caracterizava pela sua neutralidade e por buscar a evocação de sentimentos delicados e tranquilos, e era, segundo ele, um traço típico da música da prima pratica.[29] É de notar que o mesmo Doni escreveu para Marin Mersenne acusando Monteverdi de ter poucas capacidades de teorizar sobre música, e alguns críticos contemporâneos, como Brauner e Tomlinson, são da mesma opinião, dizendo que suas idéias são muitas vezes confusas, que suas explicações em especial sobre o stile concitato, sua formulação teórica mais importante, não são nem profundas nem tão originais como se pode pensar, e que a aplicação dos seus conceitos teóricos na composição prática é muitas vezes inconsistente com as regras que ele mesmo definiu.[30]

Forma e técnica

Dando grande importância à ilustração das emoções e do drama, Monteverdi se valeu de uma série de recursos para conseguir o resultado desejado. Em termos de forma, a estrutura do texto poético da composição, que era um determinante central no Renascimento, particularmente no caso dos madrigais, perdeu grande parte do seu significado para a composição musical. Antes o número de estrofes, de versos em cada estrofe, o metro, os padrões de ritmo e rima, todos auxiliavam na construção da estrutura música que os deveria ilustrar, mas no caso de Monteverdi e dos barrocos a descrição dos afetos exigia um manejo mais livre da forma, pois o centro do interesse era não a estrutura textual, mas seu conteúdo afetivo e dramático e a sua inteligibilidade, tendo um terreno de exploração em grande escala nas óperas.[31] Segundo Mihelcic o estilo da música dramática de Monteverdi pode ser resumidamente descrito através dos seguintes pontos fundamentais:[32]

. A forma da música é o resultado da caracterização do personagem,

. A reiterada ocorrência de transições abruptas como reflexo das mudanças afetivas nos caracteres representados,

. Uso de cadências com um senso de propósito dramático e não de fechamento da forma, e como pontos de articulação dentro de um discurso contínuo,

. Criação de um senso de unidade formal através da repetição motívica e relações tonais definidas,

. Uso do contraste como principal recurso organizador da forma.

No terreno da técnica, Monteverdi sistematizou o acorde de sétima dominante nas cadências, conferindo à harmonia uma lógica tonal que ainda não havia sido firmada, anulou os princípios da tríade criando os acordes com quatro notas diferentes e abrindo caminho para acordes mais complexos, fez uso intensivo das terças, concebeu efeitos inéditos através de quintas aumentadas e sétimas diminutas, e chegou a empregar acordes de sétima e de nona.[33] Aprendeu de seus predecessores imediatos, Ingegneri, Cipriano de Rore e Orlande de Lassus em sua fase final, entre outros, o emprego de cromatismos marcantes, grandes saltos melódicos e contrastes modais para enfatizar os aspectos dramáticos. Num momento em que estava sendo dada grande atenção ao desenvolvimento das modalidades retóricas de expressão musical, o recitativo naturalmente adquiriu grande importância, sendo um dos elementos centrais da ópera nascente e um dos agentes da passagem do universo modal renascentista para o harmônico que imperou no Barroco. O recitativo, como sugere o nome, é um trecho de música essencialmente narrativo, é uma recitação do texto muito próxima do discurso falado, onde a retórica encontra sua expressão mais perfeita. No recitativo não existem padrões rítmicos regulares, nem uma melodia “acabada”, enfaixada em uma forma pré-concebida, antes é uma linha de canto em estado de fluxo contínuo e livre, que acompanha cada inflexão do discurso textual, suportada por um discreto acompanhamento instrumental, resumido a um instrumento harmônico, como, no tempo de Monteverdi, usualmente o cravo, o órgão ou o alaúde, que forneciam o recheio harmônico através de acordes, e com um instrumento melódico como a viola da gamba, para reforçar a linha do baixo. Os proto-operistas florentinos, como Jacopo Peri, Giulio Caccini e Emilio de’ Cavalieri foram os primeiros a desenvolver o recitativo, e Monteverdi, tomando seu exemplo como base, o levou a um patamar superior de refinamento e eficiência, empregando-o em todas as suas óperas com grande maestria, sendo capaz de imitar até mesmo as pausas de respiração características da fala.[34]

Um exemplo de descrição de conteúdo emocional pode ser encontrado no Lamento de sua ópera L’Arianna, uma peça que se tornou tão célebre que, segundo um relato de 1650, era ouvida em toda parte.[35] O texto narra o desconsolo da protagonista, Arianna (Ariadne) abandonada por seu amante Teseo (Teseu) na ilha de Naxos. Escrita na tonalidade básica de ré menor, a peça transita da desolação para a súplica, então para a comparação entre seu estado de anterior felicidade e sua mísera condição presente, em seguida faz acusações, sente piedade de si mesma, torna-se furiosa, cai para o remorso e novamente para a autopiedade.[36] Um fragmento analisado por Mihelcic dá uma idéia de sua técnica:

A abertura introduz dois motivos fundamentais na peça, que retornarão em vários contextos. O texto declara Lasciatemi morire (Deixa-me morrer!), com um primeiro motivo em que Lasciatemi passa da dominante lá para submediante inferior fá, que tem uma forte tendência para resolver na dominante, e sugere que Arianna está em uma situação trágica, que qualquer tentativa de evadir-se é destinada ao fracasso. O desenho da melodia esboça um gesto frustrado, fraco e ineficaz, sobre um semitom, e decai cinco, e em seguida mais dois, onde fala morire. O segundo motivo é mais impetuoso, ascendente, tenta estabelecer uma posição forte na tônica superior, mas imediatamente fracassa, e cai novamente, encerrando o motivo numa cadência perfeita que implica a resignação ao destino.[37]

Sendo um compositor de transição entre duas eras, sua música reflete o estado de contínua e rápida mudança na técnica, na estética e na forma. A análise da evolução de seu estilo o prova, passando do contraponto estrito para a monodia operística plenamente desenvolvida. Entretanto, sua evolução não foi inteiramente linear, e em suas grandes óperas e obras sacras da maturidade se encontram justapostos elementos de ambas as eras e de todas as suas etapas intermédias, mistura usada conscientemente para produzir efeitos de contraste e assim enfatizar o drama, em resposta ao estado de constante mudança que se verifica na disposição mental e emocional humana. Da mesma maneira, os instrumentos eram empregados de acordo com as convenções de simbolismo prevalentes em seu tempo, tais como trombones e violas-baixo para as cenas infernais; alaúdes, violas, cornetos e flautas doces para cenas com deuses e personagens nobres, e um naipe adicional de madeiras para as evocações pastorais. Seu interesse na descrição musical o levou a desenvolver uma técnica de execução nas cordas chamada de stile concitato, estilo agitado, semelhante ao tremolo, com notas de altura igual tocadas em rápida sucessão, para ilustrar estados raivosos ou agressivos, com várias passagens típicas encontradas no Combattimento di Tancredi e Clorinda, com grande efeito. Tessituras altas, grandes saltos ascendentes, notas de pequeno valor, tempos rápidos, baixos agitados e mudanças tonais frequentes, são comumente usados para expressar agústia, excitação, heroísmo ou ira; tessituras médias, junto com baixos pouco móveis, tonalidade constante e acompanhamentos neutros, para indicar moderação, e tessituras baixas, linhas melódicas descendentes, tonalidades menores, para ocasião de súplicas ou sofrimento. Monteverdi tinha grande interesse na preparação vocal dos cantores, instruindo-os na correta emissão vocal, dicção, potência, articulação e fraseado. Era sensível ao timbre vocal e atribuía papéis conforme as características da voz do cantor, bem como conforme suas capacidades como ator.[38]

Obras principais

Madrigais

Monteverdi começou ainda jovem a trabalhar o gênero do madrigal, e apresentou seus primeiros resultados na sua segunda coleção de obras publicadas, Madrigali spirituali a quattro voci (1583), todos em vernáculo e com texto profano. Influenciado pelo ambiente religioso de Cremona, fez uma cuidadosa seleção de poesias que contivessem um fundo moralizante ou devocional, e se destinassem à edificação piedosa do público. Uma inclinação mais direta para o mundo profano só apareceu na coletânea Madrigali a cinco voci, publicada em 1587, que trata de uma variedade de assuntos, desde o lirismo pastoral até alusões eróticas, que estavam em voga no ambiente cortesão onde trabalhava. Essa tendência foi ainda mais acentuada com a popularização da lírica de Petrarca no início do século XVII, que logo se tornou um favorito entre as cortes ilustradas da Itália, fazendo florescer uma tradição de elogio do amor cortês que com o passar dos anos permitiu, assimilada por outros autores, a penetração de grandes doses de erotismo, pathos e todos os excessos sentimentais que fizeram a transição do Renascimento para o Maneirismo e deste para o Barroco, e possibilitaram sua pintura em música com uma grande variedade de efeitos melódicos, rítmicos, estruturais e harmônicos. Essa temática profana possibilitava a exploração de uma gama de afetos impensável na música sacra, dando espaço também para pesquisas estilísticas de caráter marcadamente individual.[39]

Em seu Secondo libro de madrigali a cinque voci (1590) já aparece um forte impulso para a dramatização do texto, com um original uso de silêncios e repetições que criam um vívido sendo de realidade da ação, já mostrando suas capacidades como criador de atmosferas sugestivas.[40] No Terzo libro de madrigali a cinque voci (1592) o compositor iniciou a experimentar com passagens em solo e com muitas repetições de notas em sequência, acentuando ao caráter dramático do texto. A coleção se revelou um sucesso, tanto que rapidamente ganhou uma segunda edição em 1594 e uma terceira em 1600, seguidas de outras anos adiante, e lhe valeu um convite para apresentar peças para uma compilação de obras de vários músicos de renome na época.[41] A coleção seguinte, aparecida em 1603, foi mais um avanço, pois embora a escrita contrapontística ainda domine, as vozes inferiores apresentam uma tendência de apenas suprir a base harmônica, cabendo à voz superior conduzir o desenvolvimento melódico principal. Também usou em algumas peças cromatismos ousados. O Quinto libro de madrigali a cinque voci (1605) já atravessa o umbral do Barroco: seis das suas peças já exigem expressamente um baixo contínuo de apoio, que pode ser usado ad libitum em todas as demais, e o seu caráter geral já aponta para a ópera.[42]

No seu Sesto libro de madrigali a cinque voci, con uno dialogo a sette (1614) a forma do madrigal mal pode ser reconhecida, e parecem verdadeiras cenas líricas. Foram incluídos na coleção dois ciclos autônomos, o Lamento d’Arianna e Lagrime d’amante al sepolcro dell’amata, ambos compostos vários anos antes, logo após a morte de sua esposa em 1607 e a de uma suposta amante, Caterina Martinelli, em 1608. O Lamento d’Arianna inicia com um arranjo madrigalesco de uma ária da sua ópera L’Arianna que se tornara extremamente popular, Lasciatemi morire, e continua com o acréscimo de três partes compostas sobre textos de Ottavio Rinuccini. O ciclo Lagrime… é composto de seis madrigais ilustrando uma sestina, um poema em seis versos que a cada repetição tem a ordem das palavras de cada verso alterada, tratando do pranto de um amante sobre o túmulo da amada.[43]

No Settimo libro de madrigali a 1.2.3.4. sei voci, con altri generi de canti (1619) o uso do baixo contínuo é onipresente, o poder declamatório das vozes chega a um novo patamar de expressividade, e há uma orientação da forma para o realce de seções onde um solista é nitidamente caracterizado. O Libro ottavo, também conhecido como Madrigali guerrieri et amorosi (1683) apresenta plenamente maduro o estilo vocal concertante de Monteverdi, além de mostrar consistentes avanços harmônicos e um uso sistemático do stile concitato, realizado através de repetições de notas como no tremolo instrumental. Nesta coleção foi incluída até mesmo uma autêntica cena dramática, o conhecido Il Combattimento di Tancredi e Clorinda. No prefácio da coleção consta uma breve declaração de princípios do autor. Denis Stevens a considera a súmula da obra de Monteverdi nesse gênero. Apesar de sua importância, o oitavo livro de madrigais jamais foi reimpresso, tornando-se uma raridade; até o presente só foram encontrados dois exemplares completos, um em York e outro em Bolonha.[44][45][46] Seu nono livro foi publicado somente apos sua morte, em 1651, e parece ser uma compilação de peças compostas em seus primeiros anos; sua escrita é simples, a duas ou três vozes.[43]

Música cênica

A carreira operística de Monteverdi desenvolveu-se gradualmente. Primeiro realizou experimentos de dramatização de texto com os seus livros de madrigais, como já foi descrito antes. Quando se empregou em Mântua deu um passo adiante nesse processo, estudando a forma do intermezzo. Na sua época os intermezzi eram encenações musicadas e dançadas que se apresentavam entre os atos do teatro falado convencional. Trabalhavam sobre textos alegóricos ou mitológicos, e amiúde traziam também laudações retóricas para a nobreza que os patrocinava. O gênero se tornou muito popular e chegou a suplantar no gosto do público a representação teatral propriamente dita. Muitas vezes realizados contra cenários suntuosos e fantasiosos, os intermezzi foram um dos precursores do desenvolvimento da ópera estimulando um gosto pelo espetacular e pelo artificioso, e obrigado os cenógrafos a criarem novas formas de cenário e maquinismos cênicos para a obtenção de efeitos especiais. Também contribuiram quebrando a rigorosa unidade de tempo, enredo e ação que norteava o drama clássico, e, abordando temas da Antiguidade, despertaram o desejo em vários músicos, poetas e intelectuais de se recriar a música e a encenação original das tragédias e comédias da Grécia Antiga. O resultado imediato desse desejo foram os primeiros experimentos operísticos realizados em Florença por Ottavio Rinuccini, Jacopo Peri, Emilio de’ Cavalieri e Giulio Caccini, entre outros. Outro elemento formador de seu operismo foi a assimilação dos princípios da monodia sustentada pelo baixo contínuo, que trazia o solista para o primeiro plano e possibilitava uma ampla exploração das capacidades virtuosísticas do cantor, empregadas para uma ilustração mais rica e sensível do texto e das emoções humanas. Finalmente, através do conhecimento dos primeiros experimentos operísticos em Florença, reuniu os elementos conceituais que faltavam, entre eles a teoria clássica da mímese e a divisão da estrutura do drama em um prólogo alegórico ou mitológico que apresenta os motivos principais da trama seguido de uma alternância de recitativos, árias, ariosos, interlúdios e coros que desenvolvem a narrativa propriamente dita, para que ele produzisse sua primeira obra cênica, L’Orfeo, em 1607,[47]

Suas óperas, como todas as de sua época, fizeram face ao desafio de estabelecer uma unidade coerente para um paradoxo de origem – a tentativa de criar uma representação realista num contexto artístico que primava pelo artificialismo e convencionalismo.[48] Para Ringer as óperas de Monteverdi foram uma resposta brilhante para esse desafio, estão entre as mais pura e essencialmente teatrais de todo o repertório sem perder em nada suas qualidades puramente musicais, e foram a primeira tentativa bem sucedida da ilustração dos afetos humanos em música numa escala monumental, sempre amarrada a um senso de responsabilidade ética. Com isso ele revolucionou a prática de seu tempo e se tornou o fundador de toda uma nova estética que teve uma influência enorme em todas as gerações de operistas posteriores, incluindo os reformadores do gênero como Gluck e Wagner. Mas para o pesquisador a grandeza das óperas de Monteverdi só pode ser percebida na experiência direta da representação em palco. A intensidade dramática de suas criações, embora remotas do presente no tempo, continua tão pungente e moderna como o foi em suas estréias. Stravinsky disse que ele era o músico mais antigo com quem os modernos podiam se identificar, tanto por sua concepção emocional como pelo poder e amplitude de sua arquitetura, diante das quais os experimentos de seus predecessores imediatos se reduzem a miniaturas.[49]

L’Orfeo

L’Orfeo (Orfeu) tem sido considerada pela crítica a primeira obra-prima do gênero operístico, um retrato do sofrimento, da fraqueza e da ousadia do ser humano que ainda fala ao público moderno sem a necessidade de interpretações eruditas para ser compreendido.[50] O libreto, de Alessandro Striggio, o Jovem, narra a dramática história de Orfeu e Eurídice. A obra inicia com um prólogo abstrato onde a Música personificada descreve os seus poderes. Em seguida a cena se transfere para o campo, onde, em um clima de júbilo, se prepara o casamento de Orfeu e Eurídice. No mesmo dia das núpcias Eurídice morre, picada por uma serpente, e desce para o mundo dos mortos, de onde ninguém jamais retorna. Transtornado, Orfeu resolve resgatá-la pelo poder de seu canto, e ele de fato consegue comover Perséfone, a rainha dos mortos, que apela para seu marido Hades libertar Eurídice. Hades outorga-lhe a graça, sob a condição inviolável de que em sua volta à superfície Orfeu conduza Eurídice sem olhar para ela, e sem poder revelar-lhe os motivos para tanto. Confusa, Eurídice suplica a Orfeu que lhe conceda um olhar, e Orfeu, vencido pela paixão, volta sua face para a amada e seus olhares se cruzam. Quebrado o voto, imediatamente Eurídice é envolta outra vez pelas sombras da morte e desaparece. Consumido pela dor, Orfeu entoa um sombrio lamento, condenando a si mesmo pela sua fraqueza, causa da desgraça de ambos. A ópera encerra com Orfeu já na superfície, sendo consolado por seu pai, Apolo, que o leva para o céu, onde ele poderá recordar os traços de sua amada na beleza do sol e das estrelas. É possível que a cena de Apolo, que consta na edição impressa em 1609, não tenha sido apresentado na estréia, e tenha sido inclusa na reapresentação que teve em 1º de março, para tentar oferecer, segundo as preferências da época, um final feliz ao trágico libreto original de Striggio, mas de qualquer forma a brevidade da cena na prática não compensa o peso do grande lamento anterior de Orfeu, e o efeito final é de desolação, como foi observado por vários regentes que encenaram a peça em tempos modernos.[51]

Foi estreada no palácio ducal em Mântua, provavelmente em 24 de fevereiro de 1607. A estréia foi aguardada com expectativa, e os comentários posteriores foram unânimes em elogiar sua novidade e poder dramático, aparecendo como um avanço nítido sobre as óperas que estavam sendo apresentadas em Florença desde poucos anos antes, em termos de concepção estrutural e poder de síntese, empregando não somente o estilo recitado e as árias que formavam as óperas primitivas mas também aproveitando recursos estilísticos do madrigal e do intermezzo, enriquecendo sobremaneira a forma. L’Orfeo foi escrita sob os auspícios da Accademia degli Invaghiti, um sociedade de nobres amadores da música, e executada pelos músicos da corte ducal durante as festas carnavalescas daquele ano. Nesse sentido, seu propósito era apenas prover a nobreza de um entretenimento de qualidade. A partitura só foi impressa dois anos depois, em 1609, e novamente em 1617, mas ambas edições contêm vários erros e deixam vários aspectos obscuros, especialmente na instrumentação. Não sobrevivem descrições extensas sobre a performance inaugural, nem sobre figurinos e cenários, a não ser um breve relato em duas cartas, uma do próprio duque, e outra de Carlo Magno. Também é possível que a primeira apresentação tenha sido dada sob a forma de uma ópera de câmara nos aposentos da duquesa, com um grupo reduzido de instrumentistas e cantores e um cenário simplificado. Apesar de elogiada por todos, a ópera não parece ter exercido um impacto especialmente profundo nos seus contemporâneos, como fez a produção seguinte, L’Arianna, apresentada para um público muito maior, e o próprio compositor não parece tê-la encarado como completamente satisfatória.[52]

Il combattimento di Tancredi e Clorinda (O Combate entre Tancredo e Clorinda) é uma obra cênica curta e de caráter hibrido, que fica entre a ópera, o madrigal e a cantata, sendo em parte recitada e em parte encenada e cantada. Foi composta em 1624 e apareceu publicada junto com o seu oitavo livro de madrigais, sobre um texto extraído da Gerusalemme liberata de Torquato Tasso narrando o trágico confronto de dois amantes, o cristão Tancredo e a sarracena Clorinda, que, vestidos de armaduras, não se reconhecem e lutam até a morte de Clorinda, quando então suas identidades se revelam e Tancredo, transtornado, lhe dá o batismo in extremis, obtendo o perdão da amada. Esta peça é importante porque nela Monteverdi apontou para a fundação do gênero da cantata profana e introduziu o stile concitato na orquestra, perfeitamente adequado para o retrato de uma cena de batalha, junto com outros recursos técnicos como o pizzicato, o tremolo e instruções de performance como morendo, morrendo, descrescendo o volume e tornando mais lento.[53] A obra está repleta de achados timbrísticos, harmônicos, rítmicos e vocais, e o próprio autor não a considerava uma peça de audição fácil: “É música dificilmente acessível sem a intuição da espiritualidade, mas reserva alegrias soberanas aos espíritos abertos”. De qualquer modo, a reação do público em sua estréia foi emocionada e compreensiva.[54]

Il ritorno d’Ulisse in patria

Il ritorno d’Ulisse in patria (O Retorno de Ulisses à Pátria) foi composta em torno de 1640 sobre um libreto de Giacomo Badoaro extensivamente adaptado pelo próprio Monteverdi, e estreada possivelmente no Teatro de San Giovanni e San Paolo, em Veneza. Dos cinco atos originais, a divisão clássica, Monteverdi fez três, seguindo uma prática dos operistas venezianos e da Commedia dell’Arte. A orquestra exigida é sumária: meia dúzia de cordas e outro grupo pequeno de instrumentos variados para o baixo contínuo, uma escolha que se destina a lançar a atenção do ouvinte sobre o drama.[55]

Durante um longo tempo sua autoria foi contestada, mas hoje está fora de dúvida. A reconstituição moderna da sua música traz uma série de problemas técnicos. A única partitura conhecida é um manuscrito encontrado em Viena, possivelmente não autógrafo, pois contém grande quantidade de erros óbvios e passagens duvidosas em número ainda maior. Além disso as doze cópias do libreto que sobrevivem são todas discordantes entre si e também do texto que consta na partitura. A música que o manuscrito contém é esquemática, as árias aparecem quase todas apenas com a voz e o baixo contínuo, e os interlúdios instrumentais a várias vozes, se bem que escritas por extenso, não trazem instrumentação indicada, um problema que afeta de resto toda a partitura; assim a sua instrumentação em apresentações modernas é quase inteiramente conjetural. O texto é uma adaptação da Odisséia de Homero: depois de um prólogo alegórico onde o Tempo, a Fortuna e o Amor ameaçam a Fragilidade Humana, narra-se a volta do herói Ulisses para sua casa depois da Guerra de Tróia, reconquistando seu reino e sua esposa Penélope, pretensamente viúva, ameaçados por vários pretendentes indignos. Il ritorno… é, na visão de Ringer, a mais terna e comovente ópera de Monteverdi, sem a ironia, a ambivalência e a amargura da Poppea, e sem a tragédia de L’Orfeo. Suas qualidades épicas inspiraram uma música de grande sobriedade, e a ação é conduzida na maior parte do tempo por personagens masculinos, cuja caracterização é mais humana e veraz do que a encontrada no texto homérico; a parte de Ulisses é especialmente bem trabalhada nesse sentido, mas alguns papéis femininos também são destacados, entre eles o de Penélope, cujas intervenções são altamente expressivas.[56][57]

Segundo Michael Ewans com Il ritorno… Monteverdi e seu libretista lançaram as fundações de todas as adaptações teatrais subsequentes de textos clássicos, e conseguiram recriar algumas das tensões e dualismos presentes na tragédia grega através de um sábio equilíbrio entre o dramatismo implícito na situação e a contenção exigida pela sua formalização, já que segundo as convenções da época a violência extrema não deveria aparecer num palco. Também se percebe uma tendência a uma velada “cristianização” do tom da narrativa, e vários personagens e cenas tiveram sua caracterização alterada em relação ao exposto por Homero, a fim de satisfazer as necessidades de uma atualização do texto.[58]

L’Incoronazione di Poppea

A última produção operística de Monteverdi, L’Incoronazione di Poppea (A coroação de Popéia), foi estreada no início de 1643 no Teatro de San Giovanni e San Paolo, em Veneza. Seu libreto, escrito por Giovanni Francesco Busenello a partir de Suetônio e Tácito, foi o primeiro a abordar um tema histórico, narrando a ascensão da sedutora cortesã Popéia, desde sua condição de amante do imperador romano Nero até seu triunfo, quando é coroada imperatriz. Segundo Charles Osborne, mesmo que partes da música possivelmente tenham sido escritas por assistentes, incluindo o célebre dueto final entre Popéia e Nero, esta é a maior obra de Monteverdi no gênero operístico, tendo levado a arte da caracterização psicológica dos personagens, especialmente o casal protagonista, a um nível ainda mais alto de perfeição.[59][60] Contudo, Monteverdi conduziu sua música no sentido não de fazer a exaltação de uma escalada social em tudo indigna, baseada em intrigas e em assassinatos, mas de oferecer um espetáculo moralizante.[61] Segundo Grout & Williams, nenhuma ópera do século XVII merece mais do que esta ser estudada e revivida, e dizem que as montagens que tem recebido nos tempos modernos mostram sua eficiência em palco e uma perfeita integração entre texto e música, sendo importante também por sua posição histórica de verdadeira fundadora da tradição operística moderna de concentração da atenção na personalidade e no mundo emocional dos personagens. [60]

Música sacra

Nascendo em Cremona, que na sua época era um dos baluartes da Contra-Reforma, foi natural que fosse sacra sua primeira produção, as 23 Sacrae Cantiunculae tribus vocibus (Canções Sacras a três vozes, 1582), e seus textos latinos, tirados das Escrituras, fossem uma profissão pública de ortodoxia católica. São obras corretas, mas não brilhantes, e seu estilo é largamente dependente do de seu mestre Ingegneri. Uma segunda coletânea de música sacra apareceu em 1583, intitulada Madrigali spirituali a quattro voci (Madrigais espirituais a quatro vozes), já citada antes brevemente. Com esta coleção Monteverdi abriu um novo campo de trabalho no contexto da música da Contra-Reforma, com textos profanos mas de inspiração piedosa e moralizante, concebidos dentro da tradição lírica de Petrarca, o que introduziu no gênero do madrigal um tom devocional inédito.[62]

Coleção de 1610

Em 1610 apareceu sua coleção seguinte de obras sacras, que inclui uma versão das Vésperas da Virgem Maria (Vespro della Beata Vergine), uma missa a capella (Missa In illo tempore) e alguns concertos sacros. Como as coleções semelhantes de sua época, essas obras se destinavam a atender a múltiplas funções, e podiam ser executadas à discrição dos intérpretes em variadas combinações vocais e instrumentais, usando as peças avulsas ou agrupando quantas fossem necessárias para o culto da ocasião. Entretanto, o grupo de peças que forma as Vésperas tem gerado muito debate entre os especialistas, pois apesar do título não segue a sequência de trechos de nenhuma liturgia mariana oficial conhecida. De fato, é possível se usar peças da coleção para outras festas de virgens mártires e outras mulheres santas. Quanto à sua substância musical, é uma coleção extremamente heterogênea, usando todos os estilos e estruturas formais conhecidos em seu tempo, desde o fabordão harmônico até os solos vocais virtuosos, de simples apresentações de trechos de canto gregoriano acompanhado ao órgão até variados grupos orquestrais e corais, e passando dos recitativos para complexas seções polifônicas, e nesse sentido as Vésperas foram a mais rica, avançada e suntuosa coletânea de música sacra até então publicada. O único elemento que une as peças individuais é o fato de todas terem sido compostas a partir de uma linha de canto gregoriano. Os cinco “concertos sacros” anexos permanecem um tanto à parte; consistem de quatro motetos e uma sonata estruturada em torno de uma litania da Virgem Maria, atribuídos a combinações de vozes diferentes. É possível que essas cinco peças tenham formado um conjunto por si, mas a primeira edição os imprimiu em uma ordem pouco lógica em termos de estrutura. Da mesma forma que as Vésperas, sua instrumentação deixa grande liberdade para os intérpretes, e também como elas se colocam acima e à frente de tudo o que já fora feito no gênero por outros compositores em termos de amplitude e coesão estrutural, embelezamento virtuosístico e tratamento retórico do texto. Quanto à Missa in illo tempore, foi composta a seis vozes, usando como motivo básico um moteto de Nicolas Gombert intitulado In illo tempore loquante Jesu. Seu estilo é o da prima pratica, e pode ter sido uma homenagem do compositor a uma veneranda tradição da qual ele mesmo bebera. Apesar de reimpressa dois anos depois em Antuérpia e ter sido citada no tratado de contraponto do padre Giovanni Battista Martini 166 anos mais tarde, não exerceu impacto em sua época, pois a esta altura o estilo já estava ultrapasado.[63][64]

Selva morale e spirituale

Esta foi a última grande coleção de música sacra de Monteverdi, publicada em 1640, em Veneza. Seu conteúdo, como o título Selva morale e spirituale (Antologia moral e espiritual) indica, é uma compilação de textos moralizantes e sagrados postos em música, e sua composição deve ter sido iniciada não muito tempo após a publicação da coleção de 1610, com a qual se parece em vários aspectos, embora sua atmosfera geral seja mais jubilosa e triunfante. Também é uma reunião polimorfa de peças avulsas para uso ad libitum na liturgia, empregando uma grande variedade de recursos instrumentais e vocais e de formas – salmos corais, hinos, motetos, três Salve Regina, dois Magnificat e duas missas, uma delas apenas fragmentária. Aparentemente sua composição esteve ligada aos usos de música específicos da Basílica de São Marcos, onde ele nesta altura era o mestre de capela, e por isso se justifica a presença de uma missa em prima pratica e o emprego do estilo concertante e da divisão dos coros à maneira dos cori spezzati, que eram um traço antigo e típíco da música sacra veneziana e se valiam de uma distribuição especial dentro do espaço da Basílica a fim de obter efeitos antifonais impactantes. A coleção encerra com o Pianto della Madonna, uma outra versão, com texto moralizante, da sua afamada ária Lasciatemi morire, da ópera L’Arianna. A Selva morale e spirituale contém algumas das mais pujantes e brilhantes peças de música sacra de Monteverdi, mas entre os problemas com que os intérpretes modernos se deparam para a reconstrução dessa música estão que alguns trechos estão incompletos, faltando linhas instrumentais, e que para apresentações modernas tiveram de ser reconstituídas; as partituras impressas possuem numerosos erros; certas seções são de autoria controvertida, parecem ter sido compostas por assistentes, além do fato de que sua instrumentação e distribuição de vozes, como era um costume da época, eram deixadas a cargo da discrição do regente, uma vez que as partituras trazem indicações escassas e muitas vezes de interpretação duvidosa.[65][12]

Correspondência

Sobrevivem de Monteverdi 126 cartas, autógrafas ou em cópias, provavelmente apenas uma pequena fração do que ele escreveu, que fornecem uma rica visão sobre suas idéias e sua vida privada, bem como sobre sua cultura em geral e talento literário. Na análise de Stevens, a prosa de Monteverdi é tão fluente e requintada quanto o melhor de sua música, e muitas delas são pequenas jóias literárias:

“Percebe-se em muitas de suas cartas mais longas um calor incandescente, que funde improviso e disciplina formal, que é nítido também em notáveis obras-primas como o Combattimento ou a chacona Zeffiro torna. O tema principal é enunciado, e de imediato é lançado em um contraponto inexorável de temas subsidiários, desenvolvidos e expandidos por meio de alusões parentéticas, seguidas de um retorno ao tema inicial e por fim conduzindo a uma cadência de encerramento. De muitas formas suas cartas espelham a sua música”. [66]

Do seu linguajar transparece uma sólida formação em latim clássico, com seu equilíbrio na formação de estruturas claras. Suas sentenças, contudo, são longas e convolutas, seguem um fluxo impetuoso, com frequente uso de expressões populares entremeadas, junto com um gosto por engenhosas construções gramaticais que são um desafio para os tradutores.[66]

Seu conteúdo é extremamente variado, mas muitas são dirigidas a seus patronos ou outros membros da nobreza, e trazem uma linguagem adequadamente polida, servil e rebuscada, como era o costume. Em cartas para amigos seu tom é muito diverso, e não hesita em desvelar suas idéias políticas e artísticas, bem como seu cotidiano. Narrou sem rodeios e com detalhes às vezes assustadores as rivalidades, a corrupção e as intrigas que corroíam a vida das instituições eclesiásticas e das cortes; lamentava como era enganado e insultado por nobres e por outros músicos, deplorava a sombra constante da Inquisição sobre a vida de todos; em outras ocasiões se regozijava por pequenos sucessos como a ajuda recebida de um filho, um concerto que saía bem, um convite honroso para se apresentar em uma casa elegante. Em várias comentou obras que estava compondo, dando informações preciosas sobre elas, inclusive sobre obras que depois se perderam. Em diversos momentos falou de amigos e familiares de forma críptica, sem mencionar seus nomes ou dando referências oblíquas sobre suas identidades.[67]

A título de exemplo seguem as transcrições de trechos de duas cartas, a primeira para o duque Vincenzo, datada de 28 de novembro de 1601, onde se escusa por não ter solicitado prontamente o cargo de mestre-de-capela após a morte de Benedetto Pallavicino, e a outra para o advogado Ercole Marigliani, datada de 22 de novembro de 1625, solicitando ajuda em um processo judicial em que ele tivera bens sequestrados, incluindo sua casa, após ter-se mudado de Mântua para Veneza:

“Sereníssimo Senhor, meu Respeitabilíssimo Mestre,

“Se eu não me apressei em solicitar pessoalmente às boas graças Vossa Alteza, na ocasião da morte de Pallavicino, o cargo musical que o senhor Giaches (de Wert) detinha, talvez a inveja na mente de outros tenha podido, para meu detrimento, usar estratagemas por demais óbvios – mais afeitos à retórica do que à música – para denegrir a boa vontade de Vossa Alteza para comigo, de forma que pudesse fazer-vos crer que isso derivou de alguma dúvida que eu tivesse sobre minha capacidade, ou de alguma excessiva auto-confiança; mas não obstante eu ansiava por aquilo que, servo indigno que sou, eu deveria ter solicitado afetuosamente e desejado com especial humildade. Além disso, se eu também não tentei colher a chance de servir Vossa Alteza tão pronto como a ocasião se ofereceu, teríeis particular razão de lamentar justamente meu serviço negligente; e igualmente meu pobre juízo, em não buscar (para melhores fins) maiores oportunidades para mostrar ao vosso refinadíssimo gosto musical algum mérito em motetos e missas também, teríeis justa causa de me condenardes…” [68]

“Meu Ilustríssimo Senhor e Estimadíssimo Mestre

“Tendo recebido do Excelentíssimo Senhor Bagozzi, meu advogado, a carta anexa na qual – como Vossa Senhoria pode ver – ele me notifica como o Senhor Belli usa de todas as maneiras para empreender ações contra mim de todas as formas imagináveis e possíveis (coisa que eu mal posso crer, em vista das palavras que vós fostes bondosos o bastante para relatar em vossas cartas anteriores; ou seja: meus bens estando vendidos, ele deveria ter empregado a renda de tal modo que tudo já deveria estar acabado), eu recorro a vós mais uma vez e vos imploro para acalmá-lo e fazê-lo esperar pelo resultado do que estais tentando conseguir entre as partes… Se agora, estando eu sem nada, tiver de pagar 200 ou mais escudos além das despesas – mais 200 – e, parece-me, tendo o Senhor Belli dado-me nada além de tirania e má vontade, as injúrias passadas seriam o bastante sem adicionarmos mais. Se eu apenas pudesse ter estado em Mântua todo o problema teria tomado outra direção. Vós podeis ajudar-me, e sei que usareis de vossa influência para livrar-me de tal vexame inimaginável e impensável…” [69]

Recepção crítica

Monteverdi, chamado de “o oráculo da música” e de “o novo Orfeu” por seus contemporâneos,[70][71] permaneceu prestigiado por cerca de uma década após sua morte. Apareceram novas edições de suas obras, os editores trouxeram à luz diversas outras ainda inéditas, tanto em antologias como em volumes dedicados especialmente para ele, e algumas de suas óperas continuaram sendo apresentadas. Vários músicos importantes escreveram memórias elogiosas, como Thomas Gobert, mestre de capela do rei da França, louvando sua pesquisa harmônica; Heinrich Schütz, que se declarou seu devedor, e o tratadista Christoph Bernhard, que o inclui entre os mestres do estilo luxuriante. Na Itália a expressividade de sua composição vocal para o teatro continuou sendo apreciada, mas depois dessa breve sobrevida, com a ascensão de um estilo mais fluido e ligeiro na ópera, com a constante demanda do público por novidades e com o rápido declínio do madrigal, sua contribuição na música profana caiu no esquecimento. Suas obras sacras conseguiram permanecer em voga ainda um pouco mais, em virtude do conservadorismo reinante na música para a Igreja, mas também estas acabaram cedendo. Seu nome só voltou a ser citado na virada do século XVII para o século XVIII, quando o madrigal foi ressuscitado por círculos eruditos de Roma.[72][70]

Em 1741 apareceu um ensaio biográfico escrito por Francesco Arisi, o tratadista Padre Martini o citou em sua Storia della Musica e depois lhe deu um bom espaço em seu tratado de contraponto, além de reimprimir dois de seus madrigais e o Agnus Dei de sua Missa In Illo Tempore, acrescidos de extensos comentários e mais uma apreciação de sua obra geral. No final do século XVIII John Hawkins e Charles Burney escreveram novos ensaios biográficos, e este último ilustrou o seu com vários exemplos musicais comentados.[73] Em 1783 Esteban de Arteaga escreveu uma história da ópera na Itália onde citou elogiosamente Monteverdi e assinalou sua influência sobre a obra de Pergolesi, especialmente através da Arianna.[74] Em 1790 Ernst Gerber o incluiu no seu Historisch-biographisches Lexicon der Tonkünstler, cujo verbete na edição de 1815 apareceu muito ampliado, chamando-o de “o Mozart do seu tempo”. Em meados do século XIX ele foi objeto da atenção de historiadores como Angelo Solerti e Francesco Caffi, e se beneficiou de um renovado interesse pela música do século XVI. Em 1887 foi publicada a primeira biografia extensiva por Emil Vogel, que apareceu num período em que vários outros autores já escreviam sobre ele e suas composições eram reimpressas em número crescente – L’Orfeo (três edições entre 1904 e 1910), La Coronatione di Poppea (1904, 1908 e 1914), Ballo delle Ingrate e Il Combattimento (1908), doze madrigais a cinco partes (1909 e 1911), Sacrae Cantiunculae (1910), e a missa da Selva Morale e Spirituale (1914). [73]

Sua fama começava a renascer, sendo elogiado em altos termos por Karl Nef, que o comparou a Shakespeare, e por Gabriele d’Annunzio, que o chamou de divino, uma alma heróica, precursor de um lirismo tipicamente italiano. Seu talento foi reconhecido por diversos outros músicos e musicólogos destacados, como Hugo Riemann, Nadia Boulanger, Vincent d’Indy, Ottorino Respighi, Igor Stravinsky e Romain Rolland, e sua obra já atingia um público mais vasto, embora na maior parte das vezes recebendo suas peças em versões pesadamente rearranjadas para satistazerem o gosto tardo-romântico.[73][70][75][76] Críticos influentes como Donald Tovey, um dos contribuidores da edição de 1911 da Encyclopaedia Britannica, ainda diziam que sua música era irremediavelmente ultrapassada, embora já fossem uma minoria.[77]

Entre 1926 e 1942 apareceu a primeira edição de suas obras completas em dezesseis volumes, editada por Gian Francesco Malipiero. No prefácio, o editor declarou que seu objetivo não foi ressuscitar um morto, mas fazer justiça a um gênio, e mostrar que as grandes manifestações da arte antiga ainda têm um apelo para o mundo moderno.[73] Apesar do valor dessa publicação pioneira, de acordo com Tim Carter na visão acadêmica atual ela padece de vários problemas editoriais. Malipiero parece ter empregado uma abordagem superficial na escolha de qual edição primitiva tomaria como o texto padrão, dentre as múltiplas reedições e reimpressões que receberam suas obras em sua vida ou logo após sua morte – todas elas variam em vários detalhes, e às vezes as diferenças são importantes. O editor também não ofereceu nenhuma explicação satisfatória para essas diferenças, e aparentemente sequer as percebeu ou não lhes deu importância, quando a prática acadêmica mais recente é comparar todos os textos primitivos disponíveis e chegar a uma conclusão a respeito de qual a fonte mais autêntica. De qualquer forma o trabalho de Malipiero constituiu um marco fundamental nos estudos monteverdianos.[78]

Ele foi o compositor escolhido para a primeira edição dos BBC Promenade Concerts em 1967, e desde então os estudos sobre sua vida e obra se multiplicaram. Parte desse interesse renovado derivou do fato de ele ter travado a conhecida polêmica com Artusi, a qual se ergue modernamente como um símbolo dos embates eternos entre as forças reacionárias e progressistas, o que fez dele, como disse Pryer, uma espécie de “alma-gêmea” para os herdeiros do Modernismo.[79] Hoje ele é talvez o músico mais conhecido do período anterior a Bach,[73] embora sua popularidade entre o grande público não se compare a outros operistas importantes como Mozart, Verdi e Wagner e ele seja ainda, como disse Linderberger, mais um ícone distante do que um familiar amado. Para Mark Ringer, isso se deve em parte porque suas maiores qualidades são como operista; elas não podem ser de todo apreciadas através de audição em disco, e só em performances ao vivo a natureza essencialmente teatral de suas maiores composições pode brilhar.[49] As vendas de seus discos também expressam esta realidade. Enquanto que entre 1987 e 2007 a gravação mais vendida de uma obra sua, L’Orfeo, regida por John Eliot Gardiner, alcançou os setenta mil exemplares, no mesmo período Vivaldi, com suas Quatro Estações, na versão de Nigel Kennedy, conseguiu a marca de mais de dois milhões de discos vendidos em todo o mundo.[80]

Não obstante, vários compositores ao longo do século XX tomaram material de suas composições para arranjos ou recriações em linguagem moderna, e o compositor apareceu como personagem de literatura ficcional ou como pretexto para debates filosóficos e estéticos. Esta sua capacidade de ser parte da linguagem corrente de comunicação intelectual, sem a necessidade de explicações autorreferenciais, constitui, para Anthony Pryer, um sinal claro de que Monteverdi é um elemento vivo na cultura ocidental e que pertence não só ao seu próprio tempo, mas também ao presente.[81] Leo Schrade disse que Monteverdi foi o primeiro e o maior músico a fundir a arte com a vida,[82] e nas palavras de Raymond Leppard,

“Os maiores compositores sempre tenderam a aparecer no final de um período artístico, quando as técnicas se estabilizam e a estética musical que as rodeia torna-se mais ou menos estável. Talvez o que exista de mais extraordinário a respeito de Monteverdi seja o fato de ele ter-se provado um mestre tão completo enquanto ainda se forjava um novo estilo musical – um estilo que representaria, em grande medida, um completo rompimento com o passado…. Há pouquíssimos compositores como ele que prenunciaram tanto do que estava por vir e ainda viveram o suficiente para realizar suas próprias profecias”. [83]

Cronologia de obras

A seguinte listagem consta na edição completa das obras de Monteverdi, Tutte le Opere di Claudio Monteverdi, realizada por Gian Francesco Malipiero.[84]

Livros de madrigais

1584 (Veneza): Canzonette a tre voci di Claudio Monteverde Cremonese discepolo del Sig. Marc’Antonio Ingegnieri, novamente poste in luce. Libro Primo. In Venetia: Presso Giacomo Vincenti, & Ricciardo Amadino compagni, MDLXXXIIII.

1587 (Veneza): Madrigali a cinque voci di Claudio Monteverde Cremonese discepolo del Sig.r Marc’Antonio Ingegnieri… Libro primo.

1590 (Veneza): Il secondo libro de madrigali a cinque voci di Claudio Monteverde Cremonese discepolo del Sig.r Ingegneri. In Venetia: Appresso Alessandro Raverij, MDCVII.

1592 (Veneza): Di Claudio Monteverde Il terzo libro de madrigali a cinque voci. In Venetia: Appresso Ricciardo Amadino, MDXCII

1603 (Veneza): Il quarto libro de madrigali a cinque voci di Claudio Monteverdi Maestro della Musica del Ser.mo Sig.r Duca di Mantova.

1605 (Veneza): Il quinto libro de madrigali a cinque voci di Claudio Monteverde Maestro della Musica del Serenissimo Sig.r Duca di Mantoa, col basso continuo per il Clavicembano, Chittarone, od altro simile istromento; fatto particolarmente per li sei ultimi, & per li altri a beneplacito.

1607 (Veneza): Scherzi Musicali a tre voci di Claudio Monteverde. Raccolti da Giulio Cesare Monteverdi suo fratello & novamente posti in luce. Con la Dichiaratione di una Lettera, che si ritrova stampata nel Quinto libro de suoi madregali. In Venetia: Appresso Ricciardo Amadino, MDCVII.

1614 (Veneza): Il sesto libro de madrigali a cinque voci, con uno dialogo a sette, con il suo basso continuo per poterli concertare nel clavacembano, et altri stromenti. Di Claudio Monteverde Maestro di Cappella della Sereniss. Sig. di Venetia in S. Marco.

1619 (Veneza): Concerto. Settimo libro de madrigali a 1.2.3.4. sei voci, con altri generi de canti di Claudio Monteverde Maestro di Capella della Serenissima Republica.

1632 (Veneza) Scherzi Musicali, cioè Arie, & Madrigali in stil recitativo con una Ciaccona a 1. & 2. voci. Del M.to Ill.te & M.to R.do Sig.r Claudio Monteverde. Maestro di Capella della Sereniss. Repub. Di Venetia. Raccolti da Bartholomeo Magni.

1638 (Veneza): Madrigali guerrieri, et amorosi con alcuni opuscoli in genere rappresentativo, che saranno per brevi Episodii fra i canti senza gesto. Libro ottavo di Claudio Monteverde Maestro di Capella della Serenissima Republica di Venetia

1651 (Veneza): Madrigali e canzonette a due e tre voci del signor Claudio Monteverde già Maestro di Cappella della Serenissima Republica di Venezia… Libro nono. Apresso Alessandro Vincenti. In Venetia: Appresso Alessandro Vincenti, MDCLI. (op. posth.)

Obras sacras

1582 (Veneza): Sacrae Cantiunculae tribus vocibus Claudini Montisviridi cremonensis Egregii Ingegnerii Discpuli. Liber Primus. Venetiis: Apud Angelus Gardanum, MDLXXXII.

1583 (Brescia): Madrigali spirituali a quattro voci posti in musica da Claudio Monteverde Cremonese, discepolo del Signor Marc’Antonio Ingegneri.

1610 (Veneza): Sanctissimæ Virgini Missa senis vocibvs ac Vesperæ plvribvs decantandæ, cvm nonnvllis sacris concentibvs, ad Sacella siue Principum Cubicula accommodata. Opera a Clavdio Monteverde nuper effecta ac Beatiss. Pavlo V. Pont. Max. consecrata. Venetijs, Apud Ricciardum Amadinum. MDCX.

1640 (Veneza): Selva Morale e Spirituale di Clavdio Monteverde Maestro di Capella della Serenissima Republica Di Venetia. Dedicata alla Sacra Cesarea Maesta dell’ Imperatrice Eleonora Gonzaga. Con Licenza de Superiori & Priuilegio. In Venetia MDCXXXX. Appresso Bartolomeo Magni.

1650 (Veneza): Messa a 4 voci et salmi a una, due, tre, quattro, cinque, sei, sette et otto voci, concertati, e parte da cappella & con le litanie della B.V. del Signor Claudio Monteverdi già Maestro di Cappella della Serenissima Republica di Venetia. (op. posth.)

Música cênica

1607 (Mantua): L’Orfeo. (Alessandro Striggio) Favola in Musica da Claudio Monteverdi rappresentata in mantova l’Anno 1607. & novamente data in luce. In Venetia: apresso Ricciardo Amadino, MDCIX.

1608 (Mantua): L’Arianna. (Ottavio Rinunccini) Música perdida, exceto o Lamento.

1608 (Mantua): Il ballo delle ingrate. Ballett (Alessandro Striggio). Incluída no VIII livro de madrigais.

1616 (Venezia): Tirsi e Clori, Ballett. (Alessandro Striggio) Incluída no VII livro de madrigais.

1624 (Veneza): Il Combattimento di Tancredi e Clorinda, (Torquato Tasso) Incluída no VIII livro de madrigais.

1637 (Viena): Volgendo Il Ciel Ballo in onore dell’Imperatore Ferdinando III. Incluída no VIII livro de madrigais.

1641 (Veneza): Il ritorno d’Ulisse in patria. (Giacomo Badoaro) Drama in Musica rappresentato in Venetia nel Teatro di San Cassiano, l’Anno 1641. Poesia di Giacomo Badoaro N.V., Musica di Claudio Monteverdi.

1642 (Veneza): L’incoronazione di Poppea. (Giovanni Francesco Busenello) Drama in Musica rappresentato in Venetia nel Teatro Grimano, l’Anno 1642. Poesia di Gio. Francesco Busenello, Musica di Claudio Monteverdi.

Obras perdidas

1608 (Mantua) Prologo para L’Idroppica (Giovanni Battista Guarini).

1617 Maddalena. Prologo.

1617 Le nozze di Tetide e di Peleo. Intermezzo

1617 Andromeda.

1620 (ca.) Lamento d’Apollo.

1627 (Mantova) La finta pazza Licori.

1627 Armida

1628 (Parma) Gli amori di Diana e di Endimione. Intermezzo (Ascanio Pio)

1628 Torneo Mercurio et Marte.

1630 (Veneza) Proserpina rapita. (Giulio Strozzi)

1641 (Veneza) Le nozze d’Enea con Lavinia (Giacomo Badoaro)

1641 (Piacenza) La vittoria d’amore. Ballett.

Referências

1. Gusmão, Paulo (ed.). Monteverdi. São Paulo: Abril Cultural, 1979. pp. 3; 8

2. Sampaio, Luiz Paulo. Guia de ópera em cd: uma discoteca básica. Jorge Zahar Editor Ltda, 2002. pp. 103-104

3. a b c d e Hindley, Geoffrey (ed). The Larousse Encyclopedia of Music. Hamlyn, 1990. pp. 171-174

4. Ringer, Mark. Opera’s first master: the musical dramas of Claudio Monteverdi. Hal Leonard Corporation, 2006. pp. 3-4

5. a b Ringer, p. 17

6. Fabbri, Paolo. Monteverdi‎. Cambridge University Press, 1994. pp. 8-12

7. a b c d e f g h Arnold, Denis Midgley (ed). Claudio Monteverdi. Encyclopædia Britannica Online. 22 Dec. 2009

8. Fabbri, pp. 31-32

9. Fabbri, pp. 32-33

10. Ringer, p. 20

11. a b c Gusmão, pp. 6-7

12. a b Parrott, Andrew. Música Veneziana das Vésperas. IN Monteverdi: Selva Morale e Spirituale. EMI/Angel, 1983

13. Gusmão, p. 325

14. Robins, Brian. The Rise of Neapolitan Comic Opera. Early Music World. Goldberg N°. 27

15. Ossi, Massimo Michele. Divining the oracle: Monteverdi’s seconda prattica. University of Chicago Press, 2003. pp. 27-29

16. Gusmão, p. 8

17. Ringer, pp. 1-2

18. Ringer, pp. 2-3

19. Ringer, pp. 9-10

20. Menezes, Enrique. Monteverdi – Mestre de um drama falho. IN Anais do XVIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação (ANPPOM). Salvador, 2008. pp. 104-105

21. Doctrine of the affections. Encyclopædia Britannica Online. 25 Feb. 2010

22. Versolato, Júlio & Kerr, Dorotea Machado. A teoria e a análise musical sob o infuxo da retórica no período Barroco. IN Per Musi. Belo Horizonte, n.17, 2008, p. 64-68

23. Fabbri, p. 2

24. Ossi, p. 32

25. Ringer, pp. 21-22

26. Menezes, p. 104

27. Ossi, pp. 189-190

28. Ossi, pp. 190-202

29. Hanning, Barbara Russano. Monteverdi’s Three Genera. IN Palisca, Claude V.; Baker, Nancy Kovaleff & Hanning, Barbara Russano. Musical humanism and its legacy: essays in honor of Claude V. Palisca. Pendragon Press, 1992. pp. 168-170

30. Brauner, Charles S. The Seconda Pratica, or The Imperfections of the Composer’s Voice. IN Palisca, Claude V.; Baker, Nancy Kovaleff & Hanning, Barbara Russano. Musical humanism and its legacy: essays in honor of Claude V. Palisca. Pendragon Press, 1992. pp. 198-199

31. Mihelcic, Sonja. Similarities in the Use of Dramatic recitative Style in the Music of Claudio Monteverdi and Giuseppe Verdi with Some Performance-Practice Issues. University of North Texas, 2001. p. 10

32. Mihelcic, pp. 56-57

33. Gusmão, p. 9

34. Mihelcic, pp. 10-14

35. Pryer, Anthony. Approaching Monteverdi: his culture and ours. IN Whenham, John & Wistreich, Richard. The Cambridge companion to Monteverdi. Cambridge University Press, 2007. p. 15

36. Mihelcic, p. 59

37. Mihelcic, pp. 59-60

38. Mihelcic, pp. 26-29; 90-125

39. Fabbri, pp. 10-19

40. Ringer, pp. 5-6

41. Fabbri, p. 29

42. Ringer, pp. 17-19

43. a b Shrock, Dennis. Choral Repertoire . Oxford University Press US, 2009. pp. 193-194

44. Bukofzer, Manfred F. Music in the Baroque Era – From Monteverdi to Bach. Read Books, 2007. pp. 37-38

45. Gusmão, p. 10

46. Stevens, Denis. Madrigali Amorosi. IN Claudio Monteverdi: Madrigali Amorosi. Vanguard Recording Society, Inc., 1973

47. Ringer, pp. 6-11

48. Ringer, pp. 26-27

49. a b Ringer, pp. x-xi

50. Whenham, John. Preface. IN Whenham, John. Claudio Monteverdi, Orfeo. Cambridge University Press, 1986. p. xi

51. Fenlon, Ian. The Mantuan “Orfeo”. IN Whenham, John. Claudio Monteverdi, Orfeo. Cambridge University Press, 1986. pp. 31-33

52. Fenlon, pp. 1-17

53. Bukofzer, p. 38

54. Gusmão, p. 327

55. Ringer, pp. 137-140

56. Leppard, Raymond. Raymond Leppard on music: an anthology of critical and personal writings. Pro/Am Music Resources, 1993. pp. 113-121

57. Ringer, pp. 140-144

58. Ewans, Michael. Opera from the Greek: studies in the poetics of appropriation. Ashgate Publishing, Ltd., 2007. pp. 13-29

59. Osborne, Charles. The Opera Lover’s Companion. Yale University Press, 2007. pp. 244-247

60. a b Grout, Donald Jay & Williams, Hermine Weigel. A short history of opera. Columbia University Press, 2003. pp. 91-93

61. Rosand, Ellen. Opera in Seventeenth-Century Venice: The Creation of a Genre. University of California Press, 2007. p. 58

62. Fabbri, pp. 10-12

63. Kurtzman, Jeffrey G. The Monteverdi Vespers of 1610: music, context, performance. Oxford University Press, 1999. pp. 1-9; 101-102; 163-164

64. Whenham, John. Monteverdi, Vespers (1610). Cambridge University Press, 1997. pp. 6-9

65. Stevens, Denis. Monteverdi in Venice. Fairleigh Dickinson University Press, 2001. pp. 49-64

66. a b Stevens, Denis. The letters of Claudio Monteverdi. Cambridge University Press, 1980. p. 23

67. Stevens, pp. 24-25

68. IN Stevens, p. 37

69. IN Stevens, pp. 294-295

70. a b c Claudio Monteverdi. Enciclopedia Universalis

71. Fabbri, p. 30

72. Fabbri, pp. 1-2

73. a b c d e Fabbri, pp. 2-5

74. Pryer, p. 8

75. Angoff, Charles. Fathers of classical music. Ayer Publishing, 1969. p. 25

76. Pryer, pp. 8-9

77. Angoff, p. 30

78. Carter, Tim. Musical sources. IN Whenham, John & Wistreich, Richard. The Cambridge companion to Monteverdi. Cambridge University Press, 2007. pp. 23-24

79. Pryer, p. 16

80. Pryer, p. 17

81. Pryer, pp. 1-2

82. Gusmão, p. 1

83. Gusmão, p. 322

84. Malipiero, Gian Francesco. Tutte le Opere di Claudio Monteverdi. Asolo: 1922-1926 / Vienna: Universal Edition, 1926-1942; supplemento, 1968

08/09/2010

Deutsche Welle : Berg : Concerto para violino

. publicado na Deutsche Welle

. . em : 01.05.2009

Alban Berg (1885-1935) compôs o Concerto para violino em seu último ano de vida e o dedicou “à memória de um anjo”, referindo-se a Manon Gropius, filha do arquiteto Walter Gropius e Alma Mahler. Trata-se possivelmente de sua obra mais popular, após a ópera Wozzeck.

Nele, o austríaco alia a avançada técnica dodecafônica, de seu mestre Arnold Schoenberg, à expressividade romântica e a um grande virtuosismo instrumental. Na tentativa de descrever a personalidade da homenageada, a obra inclui diversas citações, como ritmos de dança, uma melodia popular da Caríntia ou, ao final, o coral Es ist genug (Basta! Leva meu espírito, Senhor), de J.S. Bach.

Os dois movimentos são: Andante – Allegro; O violinista Christian Tetzlaff é o solista desta gravação ao vivo, ao lado da Deutsches Symphonie-Orchester.

03/09/2010

Festival de Bayreuth aponta para nova fase, mais compatível com a mídia

. artigo publicado em 30.08.2010
. . fonte : Deutsche Welle
* * *

O 99º Festival Richard Wagner foi o segundo realizado pelas bisnetas do compositor. Aos poucos, é possível reconhecer em que direção se desenvolve o mais renomado festival de ópera.

Local do festival em Bayreuth

Local do festival em Bayreuth

Iniciado em 25 de julho passado com uma encenação altamente aclamada de Lohengrin, o tradicional festival se encerrou em 28 de agosto com Os Mestres Cantores de Nurembergue.

A montagem foi dedicada a Christoph Schlingensief, o provocador diretor de teatro que em 2004 encenou Parsifal em Bayreuth e morreu de câncer no pulmão em 21 de agosto passado. Na época, a produção de Schlingensief chocou os fãs de Wagner; hoje o impulso que o diretor recém-falecido deu ao festival é considerado importante.

Há 134 anos, o compositor Richard Wagner criou o Festival de Bayreuth. Até hoje, o evento se dedica exclusivamente à sua obra, que inclui dez óperas. Isso já justifica por que a tradição desempenha um papel tão especial em Bayreuth.

No entanto, já podem se notar algumas alterações cautelosas depois que o festival deixou de ser dirigido por Wolfgang Wagner, responsável pelo evento durante anos e falecido em março deste ano. De maneira geral, suas duas filhas e sucessoras – Eva Wagner-Pasquier e Katharina Wagner – dão a impressão de serem abertas e competentes.

Eva Wagner-Pasquier e Katharina Wagner

Eva Wagner-Pasquier e Katharina Wagner

Apesar de todas as mudanças, o princípio básico do festival se mantém, segundo explica Eva Wagner-Pasquier: “Algo que certamente não vai acontecer é a inclusão de outro compositor. Evidentemente vamos nos ater às determinações da fundação, do teatro e da concepção original”.

Wagner de graça e com cerveja

Em 2010, a direção do festival manteve sua estratégia de marketing, possibilitando a transmissão ao vivo das encenações em lugares públicos e pela internet. Em 21 de agosto passado, pelo menos 20 mil pessoas se reuniram no Marktplatz de Bayreuth para assistir à transmissão gratuita de As Valquírias.

De acordo com uma enquete, 70% dos espectadores nunca haviam assistido a uma ópera de Wagner. Em um clima descontraído, o público pôde compartilhar da experiência operística legendada, bebendo cerveja e comendo salsicha. O espetáculo também foi transmitido ao vivo pela internet e pela televisão japonesa.

Algo que também já se estabeleceu como parte integrante do festival é o projeto Wagner para Crianças. Sua segunda edição apresentou uma versão de Tannhäuserdirecionada ao público infantil, com 70 minutos de duração. Crianças entre 6 e 12 anos acompanharam a montagem com toda atenção. A personagem predileta dos espectadores foi a deusa do amor Vênus, andando de skate em um visual punk.

Grande atenção para o elenco

No início da temporada 2010, anunciou-se que uma comissão independente teria acesso irrestrito aos arquivos do teatro, a fim de investigar o papel do festival durante o nazismo.

Quanto ao elenco das peças, as duas bisnetas de Wagner conseguiram contratar cantores melhores nesta segunda edição que dirigiram. Algumas das estreias mais aclamadas foram a de Jonas Kaufmann como Lohengrin, James Rutherford no papel de Hans Sachs, Johan Botha como Siegmund e Lance Ryan como Siegfried. Este último, um tenor canadense, é considerado insuperável nesse papel.

 

Lance Ryan como Siegfried

Lance Ryan como Siegfried

No próximo ano, a 100ª edição do Festival Richard Wagner vai apresentar uma nova encenação de Tannhäuser, sob direção de Sebastian Baumgarten e regência de Thomas Hengelbrock.

Em 2013, ano em que se comemora o 200º aniversário do compositor, haverá uma nova encenação do Anel do Nibelungo. O diretor ainda não foi definido, mas já se sabe que o russo Kirill Petrenko será o regente.

Ao mesmo tempo, planejam-se pela primeira vez em Bayreuth montagens de três óperas compostas por Wagner enquanto jovem: As FadasAmor ProibidoRienzi.

Autor: Rick Fulker (sl)
Revisão: Roselaine Wandscheer

* * * *

02/09/2010

Entrevista : Estadão : Haitink, o devoto de Mahler

. entrevista no Estadão com o Maestro

. . Bernard Haitink

Regente que comandou a Filarmônica de Viena na sexta fala de sua carreira e preferências

29 de agosto de 2010 | 0h 00

João Luiz Sampaio – O Estado de S.Paulo

Sentado no café de um hotel no centro de Salzburg, com vista para o Rio Salzach, Bernard Haitink sorri com a lembrança. “Estive aqui pela primeira vez em 1947, tinha acabado de completar 18 anos. Estava animado para ver de perto um maestro de quem se falava muito, Wilhelm Furtwängler. Eu o vi regendo Fidelio, outras óperas, e… nada. Não provocou impressão nenhuma em mim. Até que durante um concerto, a 8.ª Sinfonia de Bruckner, algo aconteceu e uma eletricidade tomou conta do teatro de maneira muito forte. A apresentação era de manhã e lembro que passei toda a tarde caminhando na margem desse rio, tentando entender o que eu acabara de testemunhar. É algo de que não me esqueço até hoje.”

Aos 81 anos, foi Haitink quem comandou a Filarmônica de Viena no concerto matinal de sexta-feira. No programa, Bruckner, a 5.ª Sinfonia. “Não há receita para interpretar essa música”, diz. “Eu a toquei várias vezes ao longo da vida e ela entra no seu corpo, na sua mente. Quanto mais se faz Bruckner, mais se compreende sua linguagem especial, se desenvolve uma relação com ela. Você só deve interpretá-la quando acredita.”

Bruckner foi um cristão devoto. Em que medida uma realidade como essa influencia sua interpretação? “Não estou certo. Para mim, a música vem antes. Eu definitivamente não sou católico. Mas sua religiosidade diz algo para você e é importante compreendê-la, se sentir tocado de alguma forma. Não é preciso acreditar no que ele acreditava para compreender sua relação com o que é humano. Veja, nós, intérpretes, somos pessoas de segunda categoria (risos). Temos contato com essa genialidade que é do compositor, devemos entender esse milagre que foi a criação de uma obra. Se deixa de ser um milagre, então é hora de parar.”

Haitink gravou com a Concertgebouw de Amsterdã o ciclo completo das nove sinfonias de Bruckner nos anos 80. Foi a primeira orquestra que assumiu, em 1961, e lá ficou até 1988, época em que se tornou diretor da Royal Opera House Covent Garden, de Londres, posto que deixou em 2002. Quatro anos depois, surpreendeu ao recusar convite para ser regente titular da Sinfônica de Chicago. “Estava muito velho para assinar um contrato longo”, explica. No fim, a orquestra acabou convidando Riccardo Muti para o posto e Haitink aceitou ficar no cargo até o começo deste ano, enquanto o italiano não chegasse. “Todo maestro tem uma data de validade à frente de uma orquestra, é bobagem pensar o contrário.”

Além de Bruckner, Haitink se dedicou ao longo de toda a carreira a Gustav Mahler. Nos anos 60, foi um dos responsáveis pelo resgate de sua obra. “Nos anos 20, 30, músicos como Bruno Walter abriram muito espaço para suas peças, mas a guerra apagou o trabalho que eles haviam feito. Nos anos 60, é preciso lembrar, a indústria fonográfica vivia o começo de uma efervescência – e certo dia um representante da Phillips chega para nós e diz: queremos gravar um ciclo completo das dez sinfonias de Mahler. Ficaram todos animados, até que eu disse: tudo bem, eu posso fazer, mas ainda estou engatinhando nessa música e preciso de dez anos, um para cada sinfonia. E depois gravamos. Não sei por que, mas eles aceitaram”, ri o maestro.

Lógica. “Hoje ele é o novo Beethoven”, continua. “Todo maestro quer ter seu ciclo completo. Mahler dizia que sua hora chegaria. Mas não sei o que ele acharia disso. Até porque os maestros têm uma tendência a tocá-lo cada vez mais alto, tentando encontrar nas peças lógicas que elas não possuem. Vejo isso e me dou conta de que é hora de ficar um pouco quieto no meu canto.”

Haitink conta que, por conta das homenagens, em 2010 e 2011, aos 150 anos de nascimento e ao centenário de morte do compositor, recebeu diversos convites para realizar ciclos completos da obra mahleriana. “Mas disse não a todos. Em Chicago, eles queriam uma integral para marcar minha despedida, mas preferi fazer Beethoven. Mahler é um universo rico, mas Beethoven é o ser humano nu, sua música é fantástica na estrutura, na forma e na emoção. Só aceitei, em Amsterdã, fazer a 9.ª Sinfonia, em 2011, porque é peça única, uma despedida especial. E, depois de tantos anos, e com a idade que tenho, me sinto preparado para voltar a ela.”

Nos últimos anos, Haitink tem gravado bastante com a Sinfônica de Chicago e com a Sinfônica de Londres, da qual é regente emérito. Detalhe: as duas orquestras criaram selos próprios. “É o único caminho possível neste momento em que a indústria parece ter desistido de solucionar sua crise”, diz. “E acho um formato interessante, dá liberdade maior à orquestra e seu maestro. Com o selo de Chicago, vendemos bem, mas nada excepcional. São muitas as opções, nada fica. A vida útil de uma gravação é muito pequena. Hoje tudo é muito rápido, ou você vende tudo logo ou, pronto, é esquecido. O artista deve entender que não conseguirá, com um disco, alcançar a eternidade. Rapidez é a palavra do momento, mais do que nunca. Veja Salzburg. Houve uma época em que você encontrava todos os maestros e solistas do festival nas ruas, fazendo compras. Hoje, as pessoas tocam e vão embora correndo.”

* * *

fonte :

O Estado de São Paulo

01/09/2010

Artigo : Ensaio de orquestra

. artigo sobre o Ensaio da Orquestra Filarmônica de Berlim no festival de Salzburg, Áustria

* * *

Ensaio de orquestra

Estado acompanhou com exclusividade trabalho do maestro Simon Rattle com a Filarmônica de Berlim

31 de agosto de 2010 | 0h 00

João Luiz Sampaio / SALZBURG – O Estado de S.Paulo

Caos sonoro sobre o palco da Grande Sala do Festival na manhã de domingo. Pouco antes das dez horas, instrumentos são afinados, músicos conversam, riem alto, arrastam cadeiras. Não dão muita atenção ao inspetor que, na frente da orquestra, chega para avisar que o ensaio não contará com a solista, a soprano Karitta Mattila e, que portanto, apenas as demais peças serão repassadas. Mais barulho, brincadeiras, partituras sendo procuradas nas mochilas. Até que do canto do palco surge a figura discreta, de roupa toda preta, em contraste com a longa cabeleira branca. Partituras na mão, sobe no pódio. Feito o silêncio, anuncia, suavemente: “Schoenberg, por favor.”

A orquestra é a Filarmônica de Berlim e a figura à sua frente, o maestro inglês Simon Rattle, diretor do grupo, para muitos o melhor conjunto sinfônico do mundo, rivalizado apenas pelos filarmônicos de Viena. Encarregados do concerto de encerramento desta edição do festival, tocariam naquela noite um programa ambicioso: além das Quatro Últimas Canções de Strauss, três pilares da música do século 20: as Seis Pecas para Orquestra, de Schoenberg; as Cinco Pecas para Orquestra, de Alban Berg; e as Três Pecas para Orquestra, de Anton Webern.

Se há uma genealogia da música contemporânea, no topo da árvore, diz Rattle, devem estar estas peças, escritas antes dos anos 20. Ainda hoje soam revolucionárias. E Rattle, em um misto de alemão e inglês, pede à orquestra que esteja atenta a detalhes. “Mais vibrato nas cordas, especialmente vocês, violoncelos”, diz. Puxa o spalla de lado e corrige a articulação das cordas. “Ta, ta, ta, ra, ta, ta, ta. Se não for assim, vocês não vão dar conta de acompanhar os metais, simples assim. Eles são o modelo aqui.” Rattle parece trabalhar em especial a arquitetura sonora. Corrige os sopros, batendo com a batuta na estante. “Um, dois, três. Precisão aqui é fundamental, marquem as notas. Evitem essa diminuição de andamentos, senão cada um vai chegar no final em momentos diferentes. A essência está aqui.” Volta às cordas. “O desafio, para vocês, é justamente o contrário. O esboço de melodia aqui não pode estar tão evidente. Apenas insinuem uma atmosfera etérea. Como ondas – o movimento é perceptível, mas o que leva a ele não precisa ser mostrado.”

Silêncio ensurdecedor. Mais interessante que ver Rattle construindo a interpretação, passagem a passagem (“ensaio bom e difícil”, comenta um músico depois), é perceber a reação da orquestra a suas orientações. Na obra de Alban Berg, encasqueta com o andamento em determinada passagem. “De novo”, pede simplesmente. “Vocês sabem.” E o som que surge em seguida articula toda a orquestra em um todo orgânico, brilhante. Sim, eles sabem. E como.

Chegamos então à peça de Anton Webern, seis rápidos movimentos que mobilizam um enorme efetivo orquestral. A percussão explode em um caos sonoro… uma, duas, três vezes. Rattle interrompe a orquestra calmamente. Há um caminho a ser construído aqui, diz. “Esqueçam a música por um instante. E se perguntem: para que serve a pausa que vem logo em seguida? Ele fala baixo, não desvia o rosto um só instante da centena de instrumentistas da filarmônica. “Atenção à dinâmica. O que exatamente estamos construindo aqui? Não é música, é silêncio. Mais um estouro da percussão. “Ainda não. A questão é a seguinte. Depois da música, vem o silêncio. Mas este silêncio precisa ser ensurdecedor. Barulhento.” Rattle termina o ensaio assim, regendo o silêncio. “Obrigado”, diz; cumprimenta o spalla. E deixa o palco rapidamente.

INTERVALO

Shakespeare musical

Depois de intensa negociação,

o diretor artístico da edição do ano que vem do Festival,

Markus Hinterhäuser, fechou com o maestro Riccardo Muti a ópera que ele vai apresentar em Salzburg no ano que vem: será o Macbeth de Verdi.

Hinterhäuser garante que vai aproveitar o gancho para apresentar pela cidade outras obras musicais inspiradas na peça de Shakespeare.

Disco novo

A violinista americana Hillary Hahn aproveitou a passagem por Salzburg, onde tocou com a Sinfônica Jovem Gustav Mahler o concerto de Brahms, para apresentar seu novo disco, com o concerto para violino e orquestra de Tchaikovski, que chega às lojas no próximo mês.

Realeza do canto

Foi um italiano que se destacou no concerto da Orquestra Real de Amsterdã: o veterano baixo Ferruccio Furlanetto, que interpretou as Canções de Dança e Morte do russo Mussorgsky.

fonte :

O Estado de São Paulo

31/08/2010

Elektra : Richard Strauss

fonte :

Blog de João Luiz Sampaio

Diário de Salzburg: Elektra de alta voltagem

por joaosampaio

31.agosto.2010 12:49:48

É o cenário que entrega desde a abertura das cortinas o caráter vertiginoso da história a ser narrada. As rampas e plataformas sinuosas, as paredes altas, a luz que parece vinda de lugar algum, os buracos no chão – tudo serve de metáfora à mente da personagem principal da “Elektra” do compositor Richard Strauss, com libreto de Hugo Von Hoffmanstahl a partir da narrativa mitológica. O tema é o desejo de vingança. Elektra nos revela sua obsessão com a morte do pai, Agamenon – e o ódio que direciona contra sua mãe, Clytaemnestra, e seu novo marido, Aegysth. Ela permanece todo o tempo sobre o palco. Mas há muitas tintas em sua obsessão – e a riqueza da música de Strauss vem em parte de sua capacidade de criar ambiente sonoros para cada uma delas. De certa forma, o libreto se articula em torno dos confrontos de Elektra com os demais personagens da história: desde as damas que comentam sua vida à margem da casa de sua família depois da morte do pai até o encontro com o irmão Orestes, em quem ela deposita a esperança de vingança contra a mãe. A música é angulosa, ganha cores fortes no diálogo com a irmã Chrysothemis, que tenta devolver a ela alguma esperança de vida; é sinuosa quando sua mãe a procura e narra os sonhos que a tem perturbado; lírica quando reconhece na figura do cavaleiro anônimo seu irmão; irônica quando envia Aegysth para dentro da casa onde a morte o espera; e resignada na mistura de desejos de morte e vida com que a personagem vê sua vingança realizada. Não foi por acaso que a Unitel Classics mandou correndo a Salzburg uma equipe com a missão de filmar a produção, encabeçada pelo diretor alemão Nikolas Lenhoff e o maestro italiano Danielle Gatti, para o lançamento em DVD, que deve acontecer até o primeiro semestre de 2011. Da mesma forma que o cenário único oferece múltiplas s possibilidades de interpretação, também a leitura musical de Gatti, à frente da Filarmônica de Viena, é eficiente na recriação dos momentos psicológicos da personagem. Gatti identifica no caos diversos sentidos e direções musicais. E faz isso com a ajuda de um time de estrelas como solistas. Iréne Theorin é uma Elektra repleta de matizes. Eva-Maria Westbroek dá a Chrysothemis uma voz própria, carregada de urgência. Waltraud Meier é um espetáculo à parte como Clytaemnestra, a voz de enorme alcance recriando as sombras que se abatem sobre a personagem; por sua vez, o Orestes de René Pape tem vigor sem perder um certo sentimento de ternura com relação à irmã. No todo, o mais fascinante é a maneira como as vozes se misturam ao tecido orquestral. Gatti não tem medo de jogar a orquestra para o alto e sabe retroceder nos momentos de primazia vocal. O resultado é um jogo vertiginoso de altos e baixos, crescendos e decrescendos.

30/08/2010

Schoenberg : biografia e links

. textos e links sobre Schoenberg

. . sobre Schoenberg, em português, um bom livro é:  Segunda Escola Vienense, citado neste blog na página bibliografia em português

. . . o artigo abaixo foi extraído da Wikipedia, the free encyclopedia em inglês

. . . . para quem não lê inglês, acesse a tradução pelo google

. . . . . ou leia o artigo da wikipedia em português, muito resumido

* * *

Arnold Schoenberg (pronounced [ˈaːʁnɔlt ˈʃøːnbɛʁk]) (13 September 1874 – 13 July 1951) was an Austrian and later American composer, associated with the expressionist movement in German poetry and art, and leader of the Second Viennese School. He used the spelling Schönberg until after his move to the United States in 1934 (Steinberg 1995, 463), “in deference to American practice” (Foss 1951, 401), though one writer claims he made the change a year earlier (Ross 2007, 45).

Schoenberg’s approach, both in terms of harmony and development, is among the major landmarks of 20th century musical thought; at least three generations of composers in the European and American traditions have consciously extended his thinking or, in some cases, passionately reacted against it. During the rise of the Nazi party in Austria, his music was labeled, alongside jazz, as degenerate art.

Schoenberg was widely known early in his career for his success in simultaneously extending the traditionally opposed German Romantic traditions of both Brahms and Wagner. Later, his name would come to personify pioneering innovations in atonality that would become the most polemical feature of 20th-century art music. In the 1920s, Schoenberg developed the twelve-tone technique, a widely influential compositional method of manipulating an ordered series of all twelve notes in the chromatic scale. He also coined the term developing variation, and was the first modern composer to embrace ways of developing motifs without resorting to the dominance of a centralized melodic idea.

Schoenberg was also a painter, an important music theorist, and an influential teacher of composition; his students included Alban Berg, Anton Webern, Hanns Eisler, and later John Cage, Lou Harrison, Earl Kim, and many other prominent musicians. Many of Schoenberg’s practices, including the formalization of compositional method, and his habit of openly inviting audiences to think analytically, are echoed in avant-garde musical thought throughout the 20th century. His often polemical views of music history and aesthetics were crucial to many of the 20th century’s significant musicologists and critics, including Theodor Adorno, Charles Rosen, and Carl Dahlhaus.

Schoenberg’s archival legacy is collected at the Arnold Schönberg Center in Vienna.

Biography

Arnold Schoenberg was born into a lower middle class Jewish family in the Leopoldstadt district (in earlier times a Jewish ghetto) of Vienna, at “Obere Donaustraße 5”. Although his mother Pauline, a native of Prague, was a piano teacher (his father Samuel, a native of Bratislava, was a shopkeeper), Arnold was largely self-taught, taking only counterpoint lessons with the composer Alexander von Zemlinsky, who was to become his first brother-in-law (Beaumont 2000, 87). In his twenties, he lived by orchestrating operettas while composing works such as the string sextet Verklärte Nacht (“Transfigured Night”) in 1899. He later made an orchestral version of this, which has come to be one of his most popular pieces. Both Richard Strauss and Gustav Mahler recognized Schoenberg’s significance as a composer; Strauss when he encountered Schoenberg’s Gurre-Lieder, and Mahler after hearing several of Schoenberg’s early works. Strauss turned to a more conservative idiom in his own work after 1909 and at that point dismissed Schoenberg, but Mahler adopted Schoenberg as a protégé and continued to support him even after Schoenberg’s style reached a point which Mahler could no longer understand, and Mahler worried about who would look after him after his death. Schoenberg, who had initially despised and mocked Mahler’s music, was converted by the “thunderbolt” of Mahler’s Third Symphony, which he considered a work of genius, and afterwards “even spoke of Mahler as a saint” (Stuckenschmidt 1977, 103; Schoenberg 1975, 136). In 1898 he converted to Lutheranism. He would remain Lutheran until 1933.

The summer of 1908, during which his wife Mathilde left him for several months for a young Austrian painter, Richard Gerstl (who committed suicide after her return to her husband and children), marked a distinct change in Schoenberg’s work. It was during the absence of his wife that he composed “You lean against a silver-willow” (German: Du lehnest wider eine Silberweide), the thirteenth song in the cycle Das Buch der Hängenden Gärten, Op. 15, based on the collection of the same name by the German mystical poet Stefan George; this was the first composition without any reference at all to a key (Stuckenschmidt 1977, 96). Also in this year he completed one of his most revolutionary compositions, the String Quartet No. 2, whose first two movements, though chromatic in color, use traditional key signatures, yet whose final two movements, also settings of George, weaken the links with traditional tonality daringly (though both movements end on tonic chords, and the work is not yet fully non-tonal) and, breaking with previous string-quartet practice, incorporate a soprano vocal line.

During the summer of 1910, Schoenberg wrote his Harmonielehre (Theory of Harmony, Schoenberg 1922), which to this day remains one of the most influential music-theory books. From about 1911 Schönberg belonged to a circle of artists and intellectuals that included Lene Schneider-Kainer, Franz Werfel, Herwarth Walden and the latter’s wife, Else Lasker-Schüler.

Another of his most important works from this atonal or pantonal period is the highly influential Pierrot Lunaire, Op. 21, of 1912, a novel cycle of expressionist songs set to a German translation of poems by the Belgian-French poet Albert Giraud. Utilizing the technique of Sprechstimme, or melodramatically spoken recitation, the work pairs a female vocalist with a small ensemble of 5 musicians. The ensemble, which is now commonly referred to as the Pierrot ensemble, consists of flute (doubling on piccolo), clarinet (doubling on bass clarinet), violin (doubling on viola), violoncello, speaker, and piano.

World War I brought a crisis in his development. Military service disrupted his life. He was never able to work uninterrupted or over a period of time, and as a result he left many unfinished works and undeveloped “beginnings”. So, at the age of 42 he found himself in the army. On one occasion, a superior officer demanded to know if he was “this notorious Schoenberg, then”; Schoenberg replied: “Beg to report, sir, yes. Nobody wanted to be, someone had to be, so I let it be me” (Schoenberg 1975, 104) (according to Norman Lebrecht (2001), this is a reference to Schoenberg’s apparent “destiny” as the “Emancipator of Dissonance”).

Later, Schoenberg was to develop the most influential version of the dodecaphonic (also known as twelve-tone) method of composition, which in French and English was given the alternative name serialism by René Leibowitz and Humphrey Searle in 1947. This technique was taken up by many of his students, who constituted the so-called Second Viennese School. They included Anton Webern, Alban Berg and Hanns Eisler, all of whom were profoundly influenced by Schoenberg. He published a number of books, ranging from his famous Harmonielehre (Theory of Harmony) to Fundamentals of Musical Composition (Schoenberg 1967), many of which are still in print and still used by musicians and developing composers.

Schoenberg viewed his development as a natural progression and he did not deprecate his earlier works when he ventured into serialism. In 1923 he wrote to the Swiss philanthropist Werner Reinhart: “For the present, it matters more to me if people understand my older works … They are the natural forerunners of my later works, and only those who understand and comprehend these will be able to gain an understanding of the later works that goes beyond a fashionable bare minimum. I do not attach so much importance to being a musical bogey-man as to being a natural continuer of properly-understood good old tradition!” (Stein 1987, 100; quoted in Strimple 2005, 22)

Following the 1924 death of composer Ferruccio Busoni, who had served as Director of a Master Class in Composition at the Prussian Academy of Arts in Berlin, Schoenberg was appointed to this post the next year, but because of health reasons was unable to take up his post until 1926. Among his notable students during this period were the composers Roberto Gerhard, Nikos Skalkottas, and Josef Rufer. Schoenberg continued in his post until the election of Adolf Hitler and the Nazis in 1933, when he was dismissed and forced into exile. He emigrated to Paris, where he is said to have acquired or formally reclaimed membership in the Jewish religion (Anon. 2002), and then to the United States. His first teaching position in the United States was at the Malkin Conservatory in Boston. He then moved to Los Angeles, where he taught at the University of Southern California and the University of California, Los Angeles, both of which later named a music building on their respective campuses Schoenberg Hall (UCLA Department of Music [2008]; University of Southern California Thornton School of Music [2008]). He settled in Brentwood Park, where he befriended fellow composer (and tennis partner) George Gershwin and began teaching at University of California, Los Angeles, where he resided for the rest of his life. Composers Leonard Rosenman and George Tremblay studied with Schoenberg at this time.

During this final period he composed several notable works, including the difficult Violin Concerto, Op. 36 (1934/36), the Kol Nidre, Op. 39, for chorus and orchestra (1938), the Ode to Napoleon Buonaparte, Op. 41 (1942), the haunting Piano Concerto, Op. 42 (1942), and his memorial to the victims of the Holocaust, A Survivor from Warsaw, Op. 46 (1947). He was unable to complete his opera Moses und Aron (1932/33), which was one of the first works of its genre to be written completely using dodecaphonic composition. In 1941, he became a naturalized citizen of the United States. During this period, his notable students included John Cage, Lou Harrison, and H. Owen Reed.

Schoenberg experienced triskaidekaphobia (the fear of the number 13), which possibly began in 1908 with the composition of the thirteenth song of the song cycle Das Buch der Hängenden Gärten Op. 15 (Stuckenschmidt 1977, 96). Moses und Aron was originally spelled Moses und Aaron, but when he realised this contained 13 letters, he changed it. His superstitious nature may have triggered his death. According to friend Katia Mann, he feared he would die during a year that was a multiple of 13 (quoted in Lebrecht 1985, 294). He so dreaded his sixty-fifth birthday in 1939 that a friend asked the composer and astrologer Dane Rudhyar to prepare Schoenberg’s horoscope. Rudhyar did this and told Schoenberg that the year was dangerous, but not fatal. But in 1950, on his seventy-sixth birthday, an astrologer wrote Schoenberg a note warning him that the year was a critical one: 7 + 6 = 13 (Nuria Schoenberg-Nono, quoted in Lebrecht 1985, 295). This stunned and depressed the composer, for up to that point he had only been wary of multiples of 13 and never considered adding the digits of his age. On Friday, 13 July 1951, Schoenberg stayed in bed—sick, anxious and depressed. In a letter to Schoenberg’s sister Ottilie, dated 4 August 1951, his wife, Gertrud, reported “About a quarter to twelve I looked at the clock and said to myself: another quarter of an hour and then the worst is over. Then the doctor called me. Arnold’s throat rattled twice, his heart gave a powerful beat and that was the end” (Stuckenschmidt 1977, 521). Gertrud Schoenberg reported the next day in a telegram to her sister-in-law Ottilie that Arnold died at 11:45pm (Stuckenschmidt 1977, 520).

Music

Works and ideas

Schoenberg’s significant compositions in the repertory of modern art music extend over a period of more than 50 years. Traditionally they are divided into three periods though this division is arguably arbitrary as the music in each of these periods is considerably varied. The idea that his twelve-tone period “represents a stylistically unified body of works is simply not supported by the musical evidence” (Haimo 1990, 4), and important musical characteristics—especially those related to motivic development—transcend these boundaries completely. The first of these periods, 1894–1907, is identified in the legacy of the high-Romantic composers of the late nineteenth century, as well as with “expressionist” movements in poetry and art. The second, 1908–1922, is typified by the abandonment of key centers, a move often described (though not by Schoenberg) as “free atonality”. The third, from 1923 onward, commences with Schoenberg’s invention of dodecaphonic, or “twelve-tone” compositional method. Schoenberg’s most well-known students Hans Eisler, Alban Berg, and Anton Webern, followed Schoenberg faithfully through each of these intellectual and aesthetic transitions, though not without considerable experimentation and variety of approach.

Beginning with songs and string quartets written around the turn of the century, Schoenberg’s concerns as a composer positioned him uniquely among his peers, in that his procedures exhibited characteristics of both Brahms and Wagner, who for most contemporary listeners, were considered polar opposites, representing mutually exclusive directions in the legacy of German music. Schoenberg’s Six Songs, Op. 3 (1899–1903), for example, exhibit a conservative clarity of tonality organization typical of Brahms and Mahler, reflecting an interest in balanced phrases and an undisturbed hierarchy of key relationships. However, the songs also explore unusually bold incidental chromaticism, and seem to aspire to a Wagnerian “representational” approach to motivic identity. The synthesis of these approaches reaches an apex in his Verklärte Nacht, Op. 4 (1899), a programmatic work for string sextet that develops several distinctive “leitmotif”-like themes, each one eclipsing and subordinating the last. The only motivic elements that persist throughout the work are those that are perpetually dissolved, varied, and re-combined, in a technique, identified primarily in Brahms’s music, that Schoenberg called “developing variation”. Schoenberg’s procedures in the work are organized in two ways simultaneously; at once suggesting a Wagnerian narrative of motivic ideas, as well as a Brahmsian approach to motivic development and tonal cohesion.

Schoenberg’s music from 1908 onward experiments in a variety of ways with the absence of traditional keys or tonal centers. His first explicitly atonal piece was the second string quartet, Op. 10, with soprano. The last movement of this piece has no key signature, marking Schoenberg’s formal divorce from diatonic harmonies. Other important works of the era include his song cycle Das Buch der Hängenden Gärten, Op. 15 (1908–1909), his Five Orchestral Pieces, Op. 16 (1909), the disturbing Pierrot Lunaire, Op. 21 (1912), as well as his dramatic Erwartung, Op. 17 (1909). The urgency of musical constructions lacking in tonal centers, or traditional dissonance-consonance relationships, however, can be traced as far back as his Kammersymphonie, Op. 9 (1906), a work remarkable for its tonal development of whole-tone and quartal harmony, and its initiation of dynamic and unusual ensemble relationships, involving dramatic interruption and unpredictable instrumental allegiances; many of these features would typify the timbre-oriented chamber music aesthetic of the coming century.

In the early 1920s he worked at evolving a means of order which would enable his musical texture to become simpler and clearer, and this resulted in the “method of composing with twelve tones which are related only with one another” (Schoenberg 1984, 218), in which the twelve pitches of the octave (unrealized compositionally) are regarded as equal, and no one note or tonality is given the emphasis it occupied in classical harmony. He regarded it as the equivalent in music of Albert Einstein’s discoveries in physics, and Schoenberg announced it characteristically, during a walk with his friend Josef Rufer, when he said “I have made a discovery which will ensure the supremacy of German music for the next hundred years” (Stuckenschmidt 1977, 277). A number of works in this period include the Variations for Orchestra, Op. 31 (1928) piano pieces, opp. 33a & b (1931), and the Piano Concerto, Op. 42 (1942). Contrary to his reputation for strictness, Schoenberg’s use of the technique varied widely according to the demands of each individual composition. Thus the structure of his unfinished opera Moses und Aron is very much unlike that of his Fantasy for Violin and Piano, Op. 47 (1949).

Ten features of Schoenberg’s mature twelve-tone practice are characteristic, interdependent, and interactive (Haimo 1990, 41):

Hexachordal inversional combinatoriality

Aggregates

Linear set presentation

Partitioning

Isomorphic partitioning

Invariants

Hexachordal levels

Harmony, “consistent with and derived from the properties of the referential set”

Metre, established through “pitch-relational characteristics”

Multidimensional set presentations

Controversies and polemics

Understanding of Schoenberg’s twelve-tone work has been difficult to achieve owing in part to the “truly revolutionary nature” of his new system, misinformation disseminated by some early writers about the system’s “rules” and “exceptions” which bear “little relation to the most significant features of Schoenberg’s music”, the composer’s secretiveness, and the widespread unavailability of his sketches and manuscripts until the late 1970s. During his life he was “subjected to a range of criticism and abuse that is shocking even in hindsight” (Haimo 1990, 2–3).

After some understandable early difficulties, Schoenberg began to win public acceptance, with works such as the tone poem Pelleas und Melisande at a Berlin performance in 1907, and, especially, at the Vienna première of the Gurre-Lieder on 13 February 1913, which received an ovation that lasted a quarter of an hour and culminated with Schoenberg being presented with a laurel crown (Rosen 1996, 4; Stuckenschmidt 1977, 184). Much of his work, however, was not well received. His Chamber Symphony No. 1 in E major Op. 9, premièred unremarkably in 1907; when it was played again, however, in a 31 March 1913 concert which also included works by Alban Berg, Anton Webern and Alexander von Zemlinsky, thunderous applause contended with hisses and laughter during Webern’s Six Pieces, Op. 6; though Zemlinsky’s Four Maeterlinck Songs calmed the audience somewhat (according to a contemporary newspaper report), after Schoenberg’s Op. 9 “one could hear the shrill sound of door keys among the violent clapping, and in the second gallery the first fight of the evening began.” Later in the concert, during a performance of the Altenberg Lieder by Berg, fighting broke out after Schoenberg himself interrupted the performance to threaten removal by the police of any troublemakers (Stuckenschmidt 1977, 185). Mahler’s Kindertotenlieder, which were to have concluded the concert, had to be canceled after a police officer was called in (Rosen 1996, 5). After this, Schoenberg’s music made a break from tonality.

The deteriorating relation between contemporary composers and the public led him to found the Society for Private Musical Performances (Verein für musikalische Privataufführungen in German) in Vienna in 1918. His aim was grandiose but scarcely selfish; he sought to provide a forum in which modern musical compositions could be carefully prepared and rehearsed, and properly performed under conditions protected from the dictates of fashion and pressures of commerce. From its inception through 1921, when it ended because of economic reasons, the Society presented 353 performances to paid members, sometimes at the rate of one per week, and during the first year and a half, Schoenberg did not allow any of his own works to be performed (Rosen 1975, 65). Instead, audiences at the Society’s concerts heard difficult contemporary compositions by Scriabin, Debussy, Mahler, Webern, Berg, Reger, and other leading figures of early 20th-century music (Rosen 1996, 66).

Schoenberg’s serial technique of composition with twelve notes became one of the most central and polemical issues among American and European musicians during the mid- to late-twentieth century. Beginning in the 1940s and continuing to the present day, composers such as Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, Luigi Nono and Milton Babbitt have extended Schoenberg’s legacy in increasingly radical directions. The major cities in the USA (e.g. Los Angeles, NYC, Boston) have also been hosts for historically significant performances of Schoenberg’s music, with advocates such as Babbitt in NYC and the Franco-American conductor-pianist, Jacques-Louis Monod; including the influence of Schoenberg’s own pupils, who have taught at major American schools (e.g. Leonard Stein at USC, UCLA and CalArts; Richard Hoffmann at Oberlin; Patricia Carpenter at Columbia; and Leon Kirchner and Earl Kim at Harvard). Others include performers associated with Schoenberg, who have had a profound influence upon contemporary music performance practice in the USA (e.g. Louis Krasner, Eugene Lehner and Rudolf Kolisch at the New England Conservatory of Music; Eduard Steuermann and Felix Galimir at the Juilliard School). In Europe, the work of Hans Keller, Luigi Rognoni, and René Leibowitz has had a measurable influence in spreading Schoenberg’s musical legacy outside of Germany and Austria.

Schoenberg was not fond of Igor Stravinsky, and in 1926 wrote a poem titled “Der neue Klassizismus” (in which he derogates Neoclassicism and obliquely refers to Stravinsky as “Der kleine Modernsky”), which he used as text for the third of his Drei Satiren, Op. 28 (H. C. Schonberg 1970, 503).

Quotations

Richard Strauss on Schoenberg, written by Schoenberg himself: “Dear Sir, I regret that I am unable to accept your invitation to write something for Richard Strauss’s fiftieth birthday. In a letter to Frau Mahler (in connection with Mahler Memorial Fund) Herr Strauss wrote about me as follows: “The only person who can help poor Schoenberg now is a psychiatrist …”. “I think he’d do better to shovel snow instead of scribbling on music-paper…”. (Schoenberg – letter to an unknown correspondent, Berlin, April 22, 1914) (Schoenberg 1964,[page needed]), in the German original: Mahler: “Dem armen Schönberg kann heute nur der Irrenarzt helfen. Ich glaube, er täte besser Schnee zu schaufeln, als Notenpapier zu bekritzeln.”[contradiction]

“Non, ce n’est pas de la musique… c’est du laboratoire” (Maurice Ravel) (Mahler 1960,[page needed]).

Extramusical interests

Schoenberg was also a painter of considerable ability, whose pictures were considered good enough to exhibit alongside those of Franz Marc and Wassily Kandinsky (Stuckenschmidt 1977, 142). He was also interested in Hopalong Cassidy films, which Paul Buhle and David Wagner (2002, v–vii) attribute to the films’ left-wing screenwriters—a rather odd claim in light of Schoenberg’s statement that he was a “bourgeois” turned monarchist (Stuckenschmidt 1977, 551–52).

Works

Complete list of compositions with opus numbers

2 Gesänge [2 Songs] for baritone, Op. 1 (1898)

4 Lieder [4 Songs], Op. 2 (1899)

6 Lieder [6 Songs], Op. 3 (1899/1903)

Verklärte Nacht [Transfigured night], Op. 4 (1899)

Pelleas und Melisande, Op. 5 (1902/03)

8 Lieder [8 Songs] for soprano, Op. 6 (1903/05)

String Quartet no. 1, D minor, Op. 7 (1904/05)

6 Lieder [6 Songs] with orchestra, Op. 8 (1903/05)

Kammersymphonie [Chamber symphony] no. 1, E major, Op. 9 (1906)

String Quartet no. 2, F-sharp minor (with Soprano), Op. 10 (1907/08)

Drei Klavierstücke, Op. 11 (1909)

2 Balladen [2 Ballads], Op. 12 (1906)

Friede auf Erden [Peace on earth], Op. 13 (1907)

2 Lieder [2 Songs], Op. 14 (1907/08)

15 Gedichte aus Das Buch der hängenden Gärten [15 Poems from The book of the hanging gardens] by Stefan George, Op. 15 (1908/09)

Fünf Orchesterstücke [5 Pieces for Orchestra], Op. 16 (1909)

Erwartung [Expectation], monodrama in one act, [for soprano and orchestra], Op. 17 (1909)

Die glückliche Hand [The lucky hand], drama with music, for voices and orchestra, Op. 18 (1910/13)

Sechs Kleine Klavierstücke [6 Little piano pieces], Op. 19 (1911)

Herzgewächse [Foliage of the heart] for Soprano, Op. 20 (1911)

Pierrot lunaire, Op. 21 (1912)

4 Lieder [4 Songs] for Voice and Orchestra, Op. 22 (1913/16)

5 Stücke [5 Pieces] for Piano, Op. 23 (1920/23)

Serenade, Op. 24 (1920/23)

Suite for Piano, Op. 25 (1921/23)

Wind Quintet, Op. 26 (1924)

4 Stücke [4 Pieces], Op. 27 (1925)

3 Satiren [3 Satires], Op. 28 (1925/26)

Suite, Op. 29 (1925)

String Quartet no. 3, Op. 30 (1927)

Variations for Orchestra, Op. 31 (1926/28)

Von heute auf morgen [From today to tomorrow] opera in one act, Op. 32 (1928)

2 Stücke [2 Pieces] for Piano, Op. 33a (1928) & 33b (1931)

Begleitmusik zu einer Lichtspielszene [Accompanying music to a film scene], Op. 34 (1930)

6 Stücke [6 Pieces] for Male Chorus, Op. 35 (1930)

Violin Concerto, Op. 36 (1934/36)

String Quartet No. 4, Op. 37 (1936)

Kammersymphonie [Chamber symphony] no. 2, E-flat minor, Op. 38 (1906/39)

Kol nidre for Chorus and Orchestra, Op. 39 (1938)

Variations on a recitative for Organ, Op. 40 (1941)

Ode to Napoleon Buonaparte for Voice, Piano and String Quartet, Op. 41 (1942)

Piano Concerto, Op. 42 (1942)

Theme and variations for Band, Op. 43a (1943)

Theme and variations for Orchestra, Op. 43b (1943)

Prelude to Genesis Suite for Chorus and Orchestra, Op. 44 (1945)

String Trio, Op. 45 (1946)

A Survivor from Warsaw, Op. 46 (1947)

Phantasy for Violin and Piano, Op. 47 (1949)

3 Songs, Op. 48 (1933)

3 Folksongs, Op. 49 (1948)

Dreimal tausend Jahre [Three times a thousand years], Op. 50a (1949)

Psalm 130 “De profundis”, Op. 50b (1950)

Modern psalm, Op. 50c (1950, unfinished)

[edit]Works by genre

Operas

Erwartung [Expectation], monodrama for soprano and orchestra, Op. 17 (1909)

Die glückliche Hand [The Lucky Hand], drama with music, for voices and orchestra, Op. 18 (1910–13)

Von heute auf morgen [From Today to Tomorrow], opera in one act, Op. 32 (1928–29)

Moses und Aron [Moses and Aaron], opera in three acts (1930–32, unfinished)

Orchestral

Fünf Orchesterstücke [5 Pieces for Orchestra], Op. 16 (1909)

Variations for Orchestra, Op. 31 (1926/28)

Suite, G major, for string orchestra (1934)

Theme and Variations, Op. 43b (1943)

Concertante

Cello Concerto “after Monn’s Concerto in D major for harpsichord” (1932/33)

Concerto for String Quartet and Orchestra, “freely adapted from Handel’s Concerto grosso in B-flat major, Op. 6, no. 7” (1933)

Violin Concerto, Op. 36 (1934/36)

Piano Concerto, Op. 42 (1942)

Vocal/Choral Orchestral

6 Lieder [6 Songs] with orchestra, Op. 8 (1903/05)

Gurre-Lieder [Songs of Gurre] (1901/11)

4 Lieder [4 Songs] for Voice and Orchestra, Op. 22 (1913/16)

Kol nidre for Chorus and Orchestra, Op. 39 (1938)

Prelude to “Genesis” for Chorus and Orchestra, Op. 44 (1945)

A Survivor from Warsaw, Op. 46 (1947)

Band

Theme and Variations, Op. 43a (1943)

Chamber

String Quartet

Presto, in C major for String Quartet (1894(?))

String Quartet, in D major (1897)

Scherzo, in F major, and Trio in a minor for String Quartet, rejected from D major String Quartet (1897)

String Quartet No. 1, D minor, Op. 7 (1904/05)

String Quartet No. 2, F-sharp minor (with Soprano), Op. 10 (1907/08)

String Quartet No. 3, Op. 30 (1927)

String Quartet No. 4, Op. 37 (1936)

untitled work in D minor for Violin and Piano (unknown year)

Verklärte Nacht [Transfigured night] (string sextet), Op. 4 (1899)

Ein Stelldichein [A rendezvous] for Mixed Quintet (1905), fragment

Kammersymphonie [Chamber Symphony] No. 1, E major, Op. 9 (1906)

Die eiserne Brigade [The iron brigade] for Piano Quintet (1916)

Serenade, for seven players, Op. 24 (1920/23)

Weihnachtsmusik [Christmas music] for two Violins, Cello, Harmonium, and Piano (1921)

Wind Quintet, Op. 26 (1924)

Suite for Three clarinets (E-flat, B-flat, and Bass), Violin, Viola, Violoncello and Piano, Op. 29 (1925) (with ossia flute and bassoon parts substituting for E-flat and Bass clarinet)

Sonata for Violin and Piano (1927) (a 43-bar fragment)

Kammersymphonie [Chamber symphony] no. 2, E-flat minor, Op. 38 (1906/39)

Fanfare on motifs of Die Gurre-Lieder (11 Brass instruments and Percussion) (1945)

String Trio, Op. 45 (1946)

Phantasy for Violin and Piano, Op. 47 (1949)

Keyboard

Drei Klavierstücke [3 Pieces] (1894)

6 Stücke [6 Pieces] for 4 hands (1896)

Scherzo (Gesamtausgabe fragment 1) (ca. 1894)

Leicht, mit einiger Unruhe [Lightly with some restlessness], C-sharp minor (Gesamtausgabe fragment 2) (ca. 1900)

Langsam [Slowly], A-flat major (Gesamtausgabe fragment 3) (1900/01)

Wenig bewegt, sehr zart [Calmly, very gentle], B-flat major (Gesamtausgabe fragment 4) (1905/06)

2 Stücke [2 Pieces] (Gesamtausgabe fragments 5a & 5b) (1909)

Drei Klavierstücke, Op. 11 (1909)

Stück [Piece] (Gesamtausgabe fragment 6) (1909)

Stück [Piece] (Gesamtausgabe fragment 7) (1909)

Stück [Piece] (Gesamtausgabe fragment 8) (ca. 1910)

Sechs kleine Klavierstücke, Op. 19 (1911)

Mäßig, aber sehr ausdrucksvoll [Measured, but very expressive] (Gesamtausgabe fragment 9) (March 1918)

Langsam [Slowly] (Gesamtausgabe fragment 10) (Summer 1920)

Stück [Piece] (Gesamtausgabe fragment 11) (Summer 1920)

Fünf Klavierstücke, Op. 23 (1923)

Langsame Halbe [Slow half-notes], B (Gesamtausgabe fragment 12) (1925)

Suite, Op. 25 (1925)

Klavierstück, Op. 33a (1929)

Klavierstück, Op. 33b (1931)

Quarter note = mm. 80 (Gesamtausgabe fragment 13) (February 1931)

Sehr rasch; Adagio [Very fast; Slowly] (Gesamtausgabe fragment 14) (July 1931)

Andante (Gesamtausgabe fragment 15) (10 October 1931)

Piece (Gesamtausgabe fragment 16) (after October 1933)

Moderato (Gesamtausgabe fragment 17) (April 1934?)

Organ Sonata (fragments) (1941)

Choral

Ei, du Lütte [Oh, you little one] (late 1890s)

Friede auf Erden [Peace on earth], Op. 13 (1907)

Die Jakobsleiter [Jacob’s ladder] (1917/22, unfinished)

3 Satiren [3 Satires], Op. 28 (1925/26)

3 Volksliedsätze [3 Folksong movements] (1929)

6 Stücke [6 Pieces] for Male Chorus, Op. 35 (1930)

3 Folksongs, Op. 49 (1948)

Dreimal tausend Jahre [Three times a thousand years], Op. 50a (1949)

Psalm 130 “De profundis”, Op. 50b (1950)

Modern psalm, Op. 50c (1950, unfinished)

Songs

Gedenken (Es steht sein Bild noch immer da) [Remembrance (His picture is still there)] (1893/1903?)

In hellen Träumen hab’ ich dich oft geschaut [In vivid dreams so oft you appeared to me] (1893)

12 erste Lieder [12 First songs] (1893/96)

Ein Schilflied (Drüben geht die Sonne scheiden) [A bulrush song (Yonder is the sun departing)] (1893)

Warum bist du aufgewacht [Why have you awakened] (1893/94)

Waldesnacht, du wunderkühle [Forest night, so wondrous cool] (1894/96)

Ecloge (Duftreich ist die Erde) [Eclogue (Fragrant is the earth)] (1896/97)

Mädchenfrühling (Aprilwind, alle Knospen) [Maiden’s spring (April wind, all abud)] (1897)

Mädchenlied (Sang ein Bettlerpärlein am Schenkentor) [Maiden’s song (A pair of beggars sang at the giving gate)] (1897/1900)

Mailied (Zwischen Weizen und Korn) [May song (Between wheat and grain)]

Nicht doch! (Mädel, lass das Stricken) [But no! (Girl, stop knitting)] (1897)

2 Gesänge [2 Songs] for baritone, Op. 1 (1898)

4 Lieder [4 Songs], Op. 2 (1899)

6 Lieder [6 Songs], Op. 3 (1899/1903)

Die Beiden (Sie trug den Becher in der Hand) [The two (She carried the goblet in her hand)] (1899)

Mannesbangen (Du musst nicht meinen) [Men’s worries (You should not…)] (1899)

Gruss in die Ferne (Dunkelnd über den See) [Hail from afar (Darkened over the sea)] (August 1900)

8 Brettllieder [8 Cabaret songs] (1901)

Deinem Blick mich zu bequemen [To submit to your sweet glance] (1903)

8 Lieder [8 Songs] for soprano, Op. 6 (1903/05)

2 Balladen [2 Ballads], Op. 12 (1906)

2 Lieder [2 Songs], Op. 14 (1907/08)

15 Gedichte aus Das Buch der hängenden Gärten [15 Poems from The book of the hanging gardens] by Stefan George, Op. 15 (1908/09)

Am Strande [At the seashore] (1909)

Herzgewächse [Foliage of the heart] for High Soprano (with harp, celesta & harmonium) Op. 20 (1911)

Pierrot lunaire, Op. 21 (1912) (reciter with 5 instruments)

Petrarch-Sonnet from Serenade, Op. 24 (1920/23) (bass with 7 instruments)

4 Deutsche Volkslieder [4 German folksongs] (1929)

Ode to Napoleon Buonaparte for Voice, Piano and String Quartet, Op. 41 (1942)

3 Songs, Op. 48 (1933)

Canons

O daß der Sinnen doch so viele sind! [Oh, the senses are too numerous!] (Bärenreiter I) (April? 1905) (4 voices)

Wenn der schwer Gedrückte klagt [When the sore oppressed complains] (Bärenreiter II) (April? 1905) (4 voices)

Wer mit der Welt laufen will [He who wants to run with the world] (for David Bach) (Bärenreiter XXI) (March 1926; July 1934) (3 voices)

Canon (Bärenreiter IV) (April 1926) (4 voices)

Von meinen Steinen [From my stones] (for Erwin Stein) (Bärenreiter V) (December 1926) (4 voices)

Arnold Schönberg beglückwünschst herzlichst Concert Gebouw [Arnold Schoenberg congratulates the Concert Gebouw affectionately] (Bärenreiter VI) (March 1928) (5 voices)

Mirror canon with two free middle voices, A major (Bärenreiter VIII) (April 1931) (4 voices)

Jedem geht es so [No man can escape] (for Carl Engel) (Bärenreiter XIII) (April 1933; text 1943) (3 voices)

Mir auch ist es so ergangen [I, too, was not better off] (for Carl Engel) (Bärenreiter XIV) (April 1933; text 1943) (3 voices)

Perpetual canon, A minor (Bärenreiter XV) (1933) (4 voices)

Mirror canon, A minor (Bärenreiter XVI) (1933) (4 voices)

Es ist zu dumm [It is too dumb] (for Rudolph Ganz) (Bärenreiter XXII) (September 1934) (4 voices)

Man mag über Schönberg denken, wie man will [One might think about Schoenberg any way one wants to] (for Charlotte Dieterle) (Bärenreiter XXIII) (1935) (4 voices)

Double canon (Bärenreiter XXV) (1938) (4 voices)

Mr. Saunders I owe you thanks (for Richard Drake Saunders) (Bärenreiter XXVI) (December 1939) (4 voices)

I am almost sure, when your nurse will change your diapers (for Artur Rodzinsky on the birth of his son Richard) (Bärenreiter XXVIII) (March 1945) (4 voices)

Canon for Thomas Mann on his 70th birthday (Bärenreiter XXIX) (June 1945) (2 violins, viola, violoncello)

Gravitationszentrum eigenen Sonnensystems [You are the center of gravity of your own solar system] (Bärenreiter XXX) (August 1949) (4 voices)

Transcriptions and arrangements

Bach: Chorale prelude Schmücke dich, o liebe Seele [Deck thyself, oh dear soul], BWV 654 (arr. 1922: orchestra)

Bach: Chorale prelude Komm, Gott, Schöpfer, heiliger Geist [Come, God, Creator, Holy ghost], BWV 631 (arr. 1922: orchestra)

Bach: Prelude and fugue in E-flat major “St Anne”, BWV 552 (arr. 1928: orchestra)

Brahms: Piano quartet in G minor, Op. 25 (arr. 1937: orchestra)

Busoni: Berceuse élégiaque, Op. 42 (arr. 1920: flute, clarinet, string quintet, piano, harmonium)

Denza: Funiculì, Funiculà (arr. 1921: voice, clarinet, mandolin, guitar, violin, viola, violoncello)

Mahler: Das Lied von der Erde [The Song of the Earth] (arr. Arnold Schoenberg & Anton Webern, 1921; completed by Rainer Riehn, 1983: soprano, flute & piccolo, oboe & English horn, clarinet, bassoon & contrabassoon, horn, harmonium, piano, 2 violins, viola, violoncello, double bass)

Mahler: Lieder eines fahrenden Gesellen [Songs of a Wayfarer] (arr. Arnold Schoenberg, 1920: voice, flute, clarinet, harmonium, piano, 2 violins, viola, violoncello, double bass, percussion)

Monn: Concerto for cello in G minor, transcribed and adapted from Monn’s Concerto for harpsichord (1932/33)

Reger: Eine romantische Suite [A Romantic Suite], Op. 125 (arr. Arnold Schoenberg & Rudolf Kolisch, 1919/1920: flute, clarinet, 2 violins, viola, violoncello, harmonium for 4 hands, piano for 4 hands)

Schubert: Rosamunde, Fürstin von Zypern Incidental music, D. 797 (arr. Arnold Schoenberg, 1903?: piano for 4 hands)

Schubert: Ständchen [Serenade], D. 889 (arr. Arnold Schoenberg (1921) (voice, clarinet, bassoon, mandolin, guitar, 2 violins, viola, violoncello))

Sioly: Weil i a alter Drahrer bin [For I’m a real old gadabout] (arr. 1921: clarinet, mandolin, guitar, violin, viola, violoncello)

Johann Strauss II: Kaiser-Walzer [Emperor Waltz], Op. 437 (arr. 1925: flute, clarinet, 2 violins, viola, violoncello, piano)

Johann Strauss II: Rosen aus dem Süden [Roses from the South], Op. 388 (arr. 1921: harmonium, piano, 2 violins, viola, violoncello)

Johann Strauss II: Lagunenwalzer [Lagoon Waltz], Op. 411 (arr. 1921: harmonium, piano, 2 violins, viola, violoncello)

Quotations

“My music is not modern, it is merely badly played.”

“My works are 12-tone compositions, not 12-tone compositions” (Stuckenschmidt 1977, 349).

“I was never revolutionary. The only revolutionary in our time was Strauss!” (Schoenberg 1975, 137)

See also

Arnold Schönberg Prize

References

Adorno, Theodor. 1967. Prisms, translated from the German by Samuel and Shierry Weber London: Spearman; Cambridge, MA: The MIT Press.

Anon. 2002. “Arnold Schönberg and His God”. Vienna: Arnold Schönberg Center.(Accessed 1 December 2008)

Beaumont, Antony. 2000. Zemlinsky. London: Faber. ISBN 057116983X Ithaca: Cornell University Press. ISBN 978-0801438035.

Buhle, Pal, and David Wagner. 2002. Radical Hollywood: The Untold Story Behind America’s Favorite Movies. New York: The New Press. ISBN 1565848195

Greissle-Schönberg, Arnold, and Nancy Bogen. [n.d.] Arnold Schönberg’s European Family (e-book). The Lark Ascending, Inc. (Accessed 2 May 2010)

Foss, Hubert. 1951. “Schoenberg, 1874–1951” Musical Times 92, no. 1 (September): 401–403.

Haimo, Ethan. 1990. Schoenberg’s Serial Odyssey: The Evolution of his Twelve-Tone Method, 1914–1928. Oxford [England]: Clarendon Press; New York: Oxford University Press ISBN 0-19-3152-60-6.

Lebrecht, Norman. 1985. The Book of Musical Anecdotes. New York: Simon and Schuster; London: Sphere Books. ISBN 0029187109

Lebrecht, Norman. 2001. “Why We’re Still Afraid of Schoenberg”. The Lebrecht Weekly (July 8).

Mahler, Alma. 1960. Mein Leben, with a foreword by Willy Haas. Frankfurt am Main: S. Fischer.

Rosen, Charles. 1975. Arnold Schoenberg. New York: Viking Press. ISBN 0670133167 (pbk) ISBN 0670019860 (cloth). Reprinted 1996, with a new preface. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0226726436

Ross, Alex. 2007. And the Rest Is Noise: Listening to the Twentieth Century. New York: Farrar, Straus, and Giroux, ISBN 9780374249397

Schonberg, Harold C. 1970. The Lives of the Great Composers. New York: W. W. Norton. ISBN 0393021467 (Revised ed., New York: W. W. Norton, 1980. ISBN 0393013022 Third ed. New York: W.W. Norton, 1997. ISBN 0393038572)

Schoenberg, Arnold. 1922. Harmonielehre, third edition. Vienna: Universal Edition. (Originally published 1911). Translation by Roy E. Carter, based on the third edition, as Theory of Harmony. Berkeley, Los Angeles: University of California Press, 1978. ISBN 0-520-04945-4.

Schoenberg, Arnold. 1959. Structural Functions of Harmony. Translated by Leonard Stein. London: Williams and Norgate Revised edition, New York, London: W. W. Norton and Company 1969. ISBN 0-393-00478-3.

Schoenberg, Arnold. 1964. Arnold Schoenberg Letters, selected and edited by Erwin Stein, translated from the original German by Eithne Wilkins and Ernst Kaiser. London: Faber. Paperback reprint, Berkeley: University of California Press, 1987. ISBN 9780520060098.

Schoenberg, Arnold. 1967. Fundamentals of Musical Composition. Edited by Gerald Strang, with an introduction by Leonard Stein. New York: St. Martin’s Press. Reprinted 1985, London: Faber and Faber. ISBN 0571092764

Schoenberg, Arnold. 1975. Style and Idea: Selected Writings of Arnold Schoenberg. Edited by Leonard Stein, with translations by Leo Black. New York: St. Martins Press; London: Faber & Faber. ISBN 0-520-05294-3. Expanded from the 1950 Philosophical Library (New York) publication edited by Dika Newlin. The volume carries the note “Several of the essays…were originally written in German (translated by Dika Newlin)” in both editions.

Schoenberg, Arnold. 1984. Style and Idea: Selected Writings, translated by Leo Black. Berkeley: California University Press.

Steinberg, Michael. 1995. The Symphony: A Listener’s Guide. New York: Oxford University Press. ISBN 0-19-506177-2 (cloth) ISBN 0-19-512665-3 (pbk)

Strimple, Nick. 2005. Choral Music in the Twentieth Century. Portland, Oregon & Cambridge, UK: Amadeus. ISBN 1574671227

Stuckenschmidt, Hans Heinz. 1977. Schoenberg: His Life, World and Work. Translated from the German by Humphrey Searle. New York: Schirmer Books.

UCLA Department of Music. [2008]. “Facilities and Maintenance”. (Accessed 1 December 2008)

University of Southern California Thornton School of Music. [2008]. “Performance Halls and Studios”. (Accessed 1 December 2008)

Worldspace Radio. 2007. Maestro “Concert Hall Presentation”. 13 July 2007; Featured piece.[citation needed]

Further reading

Auner, Joseph. 1993. A Schoenberg Reader. New Haven: Yale University Press. ISBN 0-300-09540-6.

Brand, Julianne, Christopher Hailey, and Donald Harris (editors). 1987. The Berg-Schoenberg Correspondence: Selected Letters. New York, London: W. W. Norton and Company. ISBN 0-393-01919-5.

Byron, Avior. 2006. ‘The Test Pressings of Schoenberg Conducting Pierrot lunaire: Sprechstimme Reconsidered’, Music Theory Online, Volume 12, Number 1, February 2006. http://www.societymusictheory.org/mto/issues/mto.06.12.1/mto.06.12.1.byron_frames.html

Hyde, Martha M. 1982. Schoenberg’s Twelve-Tone Harmony: The Suite Op. 29 and the Compositional Sketches. Studies in Musicology, series edited by George Buelow. Ann Arbor: UMI Research Press. ISBN 0-8357-1512-4 [Described as a “prominent study” by Haimo (1990,[page needed]).]

Schoenberg, Arnold. 1964. Preliminary Exercises in Counterpoint. Edited with a foreword by Leonard Stein. New York, St. Martin’s Press. Reprinted, Los Angeles: Belmont Music Publishers 2003.

Schoenberg, Arnold. 1979. Die Grundlagen der musikalischen Komposition. Ins Deutsche übertragen von Rudolf Kolisch; hrsg. von Rudolf Stephan. Vienna: Universal Edition (German translation of Fundamentals of Musical Composition).

Shawn, Allen. 2002. Arnold Schoenberg’s Journey. New York: Farrar Straus and Giroux. ISBN 0-374-10590-1.

Weiss, Adolph. 1932. “The Lyceum of Schonberg”, Modern Music 9, no. 3 (March-April): 99-107.

Recordings by Schoenberg

recordings at archive.org

Video and audio as part of musicology studies

This list is incomplete; you can help by expanding it.

links

. Arnold Schoenberg Center in Vienna

. . Belmont Music – The Works of Arnold Schoenberg

. . . List of Links (compiled by Schoenberg’s grandson Randol)

. . . . Arnold Schoenberg at Pytheas Center for Contemporary Music

. . . . . Free scores by Arnold Schoenberg in the International Music Score Library Project

. . . . . . (French) A biography of Arnold Schoenberg, from IRCAM’s website.

. . . . . . . Excerpts from sound archives of Schoenberg’s works.

. . . . . . . . The Test Pressings of Schoenberg Conducting Pierrot lunaire: Sprechstimme Reconsidered

ouça Schoenberg em mp3

Recording Phantasy, Op. 47 – Helen Kim, violin; Adam Bowles, piano Luna Nova New Music Ensemble

. . Recording Chamber Symphony, Op. 9 (1906) Webern transcription (1922–23) Luna Nova New Music Ensemble

videos

Video explaining the 12-note, atonal musical system

. . Schoenberg – Three Piano Pieces, No. 1 (com partitura)

. . . Schönberg, Suite op 25, Präludium

06/08/2010

Andrea Gabrieli

da Wikipedia em português

Andrea Gabrieli (1532/1533? – 30 de agosto de 1585) foi um compositor e organista italiano da alta Renascença. Tio do bem mais famoso Giovanni Gabrieli, foi o primeiro membro renomado da escola veneziana de compositores, e foi extremamente influente na propagação do estilo veneziano na Itália e na Alemanha. Próximo ao ano de 1550, foi ativo nos domínios de Verona e, de 1564 até sua morte, trabalhou na Basílica de São Marcos em Veneza.

Deixou numerosas composições de música sacra (motetos, salmos, missas, um “Glória” a 16 vozes e um outro) e profana (quase 250 madrigais). Dentre suas composições instrumentais mencionamos as tocatas para órgão, as canções, os ricercari e a música de conjunto. Dentre seus alunos estão seu sobrinho Giovanni Gabrieli e Hans Leo Hassler.

Expressão Musical

Uma expressão muito virtuosa foi o que tornou as suas tocatas para órgão importantíssimas para a música do século XVI e gerou, assim, uma importante transformação. De fato, estas tocatas, com caráter de improvisação e ricas de passagens virtuosísticas, em grande escala, introduzem uma nova atitude em relação à música instrumental.

Principais Composições:

Duas composições corais a oito e a doze vozes, escritas para o Rei da Polônia.

Uma coletânea de madrigais a três, quatro e seis vozes (cerca de 250).

Canções sacras (1565), para órgão.

Tocatas.

Ricercari.

4 coros para ‘ o Édipo Rei de Sófocles.

110 motetos de quatro a doze vozes.

7 salmos davídicos a seis vozes. 4 missas a seis vozes. As greghesche, composições cantadas em um dialeto misto entre veneziano, dálmata e grego.

Bibliografia

D. Arnold, Giovanni Gabrieli, Oxford, Oxford University Press, 1974.

E. Selfridge-Field, La musica strumentale a Venezia da Gabrieli a Vivaldi, Torino, ERI, 1980.

Andrea Gabrieli e il suo tempo. Atti del convegno internazionale. Venezia, 16-18 settembre 1985, a cura di F. Degrada, Firenze, Olschki, 1987.

mais informações

Wikipedia em inglês

Wikipedia em espanhol

Wikipedia em italiano

Older Posts »